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sábado, 16 de novembro de 2013

Cegueira do PT

Enviado por Nairo Alméri – sáb, 16.11.2013 | às 11h57
Se os mentores políticos do “mensalão”, José Dirceu (demitido do poderoso cargo de ministro-chefe, o ‘chefão’, da Casa Civil de Lula e, em seguida, cassado pela Câmara dos Deputados) – e José Genoino (deposto do cargo de presidente Nacional do PT), se intitulam “presos políticos”, também o são o ex-publicitário mineiro Marcos Valério (SMP&B e DNA), a ex-banqueira Kátia Rabello (dona do extinto Banco Rural) e todos os demais (políticos ou não). E, de quebra, serão todos os demais condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470, pois, de acordo com aquela Corte, agiram na mesma plataforma do crime: a do roubo de dinheiro público!
O PT ainda não se deu conta de que precisa assumir seus erros e tentar reescrever a sua história, assumindo todas as suas “maracutaias” (referência de Lula às ilicitudes que o PT apontava no Governo de Fernando Henrique, do PSDB). Contabilizar como filhos seus todas as ilicitudes (corrupção, desvio de verba, superfaturamentos, licitações fajutadas etc.) da administração federal nascidas de 1º de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva sentou praça no Palácio do Planalto, até o mais recente escândalo (propina), noticiado nesta semana, que bateu na antessala do ministro (desde Lula) da Fazenda, Guido Mantega. Os investigados pela Polícia Federal, agora, são o chefe de gabinete de Mantega, economista Marcelo Estrela Fiche, e seu adjunto, Humberto Alencar (também chefe da Assessoria Técnica e Administrativa). Neste caso, seriam meras acusações políticas?!... E serão, também, ‘presos políticos’, se condenados e trancafiados?!...
Mesmo colecionando uma enciclopédia de fatos de corrupção nestes quase 13 anos de Governo (de poder, aquilo que perseguiu por quatro eleições presidenciais seguidas, até vencer em 2002, com Lula), o PT prefere se olhar no espelho com a fantasia de inocente.
Mas seria mais coerente com a nobreza que externava no passado, nas portas das fábricas, lá na década de 1980, na criação, se o partido colocasse seus dirigentes (apenas os íntegros) em período sabático, para repensar o futuro. Mas não. O PT está cegado por duas obsessões imediatistas: contra-atacar, apenas contra-atacar, as edições de “Veja”, “IstoÉ” e “Época” e a de reeleger a presidente Dilma Rousseff, em 2014, a qualquer preço. Não será novidade alguma, então, se o partido partir para porrada eleitoral, comissionando os black blocs (vândalos mascarados) para o posto da antiga e temida tropa de choque da militância petista, comandada dentro da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
As vozes dos intelectuais desembarcados do Poder e do PT (praticamente), ainda no primeiro Governo Lula, deveriam ter mais ouvidos que os discursos magoados de porta de cadeia deste final de semana. Mas não. O partido, em definitivo, não admite refletir. A prioridade é estender tapetes vermelhos e tratar como nobres antigos cardeais zebrados, como fez o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao proibir a Polícia Federal de algemar seus colegas petistas.
O PT peca, mais uma vez, ao ceder à estratégia vesga de Lula, de transformar condenados em ‘heróis’. Acredita ele que, com os zés do PT na cadeia e, do lado de fora, discursos inflamados, o partido puxará pontos estruturantes do ibope para Dilma. No passo seguinte, o STF os liberta (é bem provável), e faz-se, então, desfile em carro aberto pela Avenida Paulista. Dilma, por sua vez, encomenda o modelito para a segunda posse.
Pobre povo. Vai à urna obrigado por lei (mesmo com a Constituição garantindo a liberdade de expressão), para não pagar multa, continuar no bolsa família, ser cotista racial no acesso à universidade, prestar concurso público ou ter passaporte para conhecer Miami!...

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