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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Nossa babel ferroviária e a China


29/01/2013


Por conta do encerramento, hoje, do InfraBrasil Expo & Summit, reproduzo aquilo que comentei, em 18 de junho de 2005, na coluna "Negócios S/A" (no Hoje em Dia, que assinei de julho de 1997 até dezembro de 2012), sobre a ferrovia na China. Lembro, antes, que, em agosto de 2011, com o Plano Nacional de Logística e Infraestrutura 2025 (depois veio PAC da Logística – Programa de Investimentos em Logística, de R$ 133 bilhões, no segundo semestre de 2012), o Governo criou as seguintes metas: crescer para 50 mil km de linha (mais 66,6% sobre a base do estudo), mas colocando 10 mil km (custo de R$ 18 bilhões) até 2020. Porém, no PAC da Logística, apresentado em agosto passado, R$ 42,5 bilhões seriam para novos 5,7 mil km de malha, até 2018. Como vai ficando o dito por não dito, e o não dito por dito, o Governo, sem receios, passou borracha naquilo que deu publicidade, mas não fez, e colocou novas metas físicas dentro de novas metas: além dos 5,7 mil km, enfiou na cesta do PAC da Logística “outros” R$ 91 bilhões para “reforma e construção” de 10 mil km de ferrovias “ao longo dos próximos 25 anos” – ou seja, até 2037. Com base no estudo de agosto de 2011, os 57 fabricantes de partes, componentes e montagens de materiais e equipamentos ferroviários do país projetavam, para até 2025, a entrega de 40 mil vagões e 2.100 locomotivas. A frota de vagões era da ordem de 100 mil unidades. Hoje, as indústrias, com razão, enxergam boi na linha a todo instante, pois o país tem eleições a cada dois anos e muito palanque de promessas políticas!  

China abre US$ 200 bi em compras ferroviárias!
Não foi diferente. A China foi, claro, a vedete dos três dias das conferências da 8ª Conferência Internacional de Ferrovias de Transporte de Cargas Pesadas, encerrada ontem, no Riocentro, promovida pela International Hevy Haul Association (IHHA) - associação dos países de "carga pesada": acima de 27 toneladas por eixo ferroviário; mínimo de 8 mil toneladas por composição; e, produção anual acima de 40 milhões de toneladas de carga.
O Plano de Metas daquele país, com seus números bilionários, para até 2020, anestesiou o público de cerca de 300 pessoas presentes às 21 palestras (17 estrangeiras). Em 2004, a ferrovia da China transportou 2,49 bilhões de toneladas de cargas - mais que os Estados Unidos -, com uma taxa de crescimento de 13% em relação ao exercício anterior.
Por suas ferrovias, viajaram 1,1 bilhão de pessoas - onze vezes mais que pelas companhias aéreas (100 milhões).
A malha ferroviária do país, pelo Plano de Metas, terá, em quinze anos, um acréscimo de 25 mil quilômetros (km), passando dos atuais 74.400 mil para 100 mil quilômetros (o Brasil tem 28.500 km). No ano passado, o Ministério das Ferrovias (MOR) ampliou a malha em 2 mil km e manterá esse ritmo anual até 2010.
Com a expansão, em 2020, o transporte de passageiros da China crescerá para 4 bilhões por ano, e, de carga, para 4 bilhões de toneladas por ano.
Em 2004, o MOR investiu US$ 52 bilhões em linhas, locomotivas e melhorias. Desse valor, a conta com novos equipamentos fechou em US$ 18 bilhões. A compra de vagões chegou a 18 mil unidades - menos que os 27 mil, em 2003.
Neste ano, ficará acima de 36 mil vagões - passageiros e cargas. O MOR programou, para os próximos quinze anos, incorporação de mais 700 mil vagões de carga, o que significa saltar as encomendas anuais de 5 mil unidades para 35 mil. A atual frota de carga do país é de mais de 510 mil vagões.
Até 2020, a China investirá US$ 200 bilhões no setor ferroviário, informou o vice-presidente da Zhuzhou Rolling Stcok Works, Hu Hiping, fabricante de vagões - fornecedor para a CVRD. Na frota de locomotivas em uso, a China tem entre 11 mil e 12 mil. Até 2010, a meta é ter 50% delas transformadas para o sistema elétrico.
O Plano de Metas projeta, para os próximos quinze anos, a incorporação de 12 mil novas locomotivas, todas já com motor elétrico, disse David Tucker, vice-presidente mundial de Vendas da GE Transportation Systems (motores e ferrovia), que falou no Painel China.
No período 2005-10, a ferrovia chinesa avançará mais 10 mil quilômetros. O setor de transporte ferroviário de carga é visto como limitador para a economia do país: até 25 toneladas por eixo dos vagões e pontes e estruturas dos trilhos também com limitação de capacidade.

Per capita
A relação "equipamentos" nas linhas da China é de 100 mil pessoas para 38 vagões - nos EUA, 100 mil para 300. O país vive o dilema de ter que transportar mais cargas em menos vagões, porque opera linhas mistas.

Separação
Outra novidade será a separação das linhas de cargas e passageiros, permitindo que as composições deste último sistema desenvolvam velocidades de até 200 km/hora.

Faturamento - Em 2004, a GE teve um faturamento mundial, nas onze divisões, de US$ 152 bilhões, sendo US$ 72 bilhões em negócios (50%). Com a área de transportes (motores e ferrovia), a receita ficou acima de 10% - com US$ 17 bilhões.
Feira - A Brazil Rail - Feira Internacional de Ferrovia, um dos eventos dentro da conferência da IHHA, aberta dia 14 e encerrada ontem, reuniu 120 expositores dos setores de combustíveis, óleos lubrificantes, sinalização e manutenção, tecnologia de informação, consultorias e outros. De outros países, participaram 40 empresas.

Seminário - A IHHA faz reuniões a cada quatro anos em um dos países associados - EUA, Canadá, África do Sul, China, Índia, Austrália e Brasil. A 9ª Conferência, em 2009, será na China. Trabalhos - A feira e o seminário trouxeram ao Riocentro, de acordo com a Fagga Eventos, 6 mil pessoas - 1,5 mil de outros países. No seminário foram apresentados 98 trabalhos técnicos (16 do Brasil).

Maiores trechos ferroviários - Entre as maiores ferrovias do mundo estão, depois dos Estados Unidos, com 307.000 km, a Rússia (86.000 km), China (74.480 km), Alemanha (43.500 km), Argentina (38.197 km) e França (34.076 km).

O Brasil, de acordo com o diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, que citou o executivo Eliezer Batista - ex-ministro e ex-presidente (duas vezes) da CVRD como fonte, deveria ter, no mínimo, 52.000 Km.
Fonte: Hoje em Dia – MG – Coluna Nairo Alméri – 18/06/2005

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Copa 2014, portos e ‘Seu Tóti’

15/01/2013
Ferrovias, portos, aeroportos, rodovias, transportes urbanos e saneamento. Esse enorme leque e seus conjuntos de seus problemas e soluções necessárias urgentes serão servidos por empresários e vistos por autoridades Executivo e Congresso, e vice-versa, no InfraBrasil Expo & Summit, da Associação Brasileira de Infraestrutura – InfraBrasil, no WTC Convention Center, em São Paulo, dias 28 e 29. O segundo painel da plenária de abertura colocará o bode na sala do maior de todos os projetos patrocinados pelo Governo para a realização da Copa do Mundo, em 2014: “Alternativa para utilização dos estádios no pós-copa do mundo 2014: viabilidade financeira, casos de sucesso e projetos”.
Mas, claro, as preocupações não emanam apenas dos estádios. Pelo lado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é sabido, desde meados de 2012, que há um exagero na construção de novos hotéis. Como têm financiamentos de longo prazo, o banco colocou em campo um time de consultores para analisar a situação em capitais onde não há tradição de elevada taxa de ocupação na hotelaria. Há um ano, foi noticiado, pelo "O Estado de S.Paulo", que poderia ocorrer excedente de 5 mil leitos nas capitais da Copa. E durante os jogos – junho de 2014.

‘Pibinho’ contra
Fora dos setores diretamente afins com a Copa, a área portuária deverá criar discussões acirradas no InfraBrasil. O principal motivo, claro, é o PAC da Logística, que simplesmente teorizou uma espécie de nova abertura dos portos no Brasil: agora empresas estranhas aos serviços poderão investir em portos. Quando promoveu essa abertura, no início do mês passado, o Governo Dilma lançou a expectativa da atração de R$ 54,2 bilhões da iniciativa privada (mas, claro, podendo contar com o caixa do BNDES) até 2017. Desse bolão, contava que 57,19% (R$ 31 bilhões) fossem aplicados no triênio 2013-15. Mas o ‘Pibinho’ (crescimento do Produto Interno Bruto, o PIB) de 2012, de menos de 1%, fez murchar a tesão esperada no empresariado. É contra essa ducha de água fria que o Planalto marchará.

‘Seu Tóti’
O Planalto não precisará de muito esforço. É fava contada fazer, em2013, um “pibão” em cima da base de 2012. Com todo respeito, o ‘Seu Tóti’ (Aristóteles Ribeiro), o dono da única venda no Córrego do Feijão (arraial de Brumadinho, em Minas, onde a Vale tem mineração e 10 km a caminho do museu de arte contemporânea e jardim botânico Inhotim) dará novo vareio no Governo. Com oito décadas e meia de existência, seguro nos gastos e investimentos, ele está sempre revisando a vida. Assim fez “pibão” no ano passado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, poderia buscar um pouco de prática de gestão com esse anônimo empresário da roça, que ainda vende fiado (financia capital de giro para alimentação entre famílias de baixa renda) e a juro zero. A inadimplência em suas cadernetas de anotação é perto de zero. No Córrego do Feijão, a função social do armazém do ‘Seu Tóti’ é maior que tudo aquilo anunciado pela CEF e Banco do Brasil nos horários das novelas – os mais caros nas grades nas emissoras. A meninada do arraial estuda no grupo municipal e, na maioria, dorme e sai de casa alimentada com a venda fiada do armazém.

ABTP e Antaq
O evento da InfraBrasil agendou,  na parte reservada ao setor portuário, palestras e debates com a participação de representantes da ABTP, Brasil Terminal Portuário, Libra Terminais, Logz Brasil, Instituto de Não Ferrosos (ICZ), Mestra, Porto Itapoã, Ecorodovias & Tecondi, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Companhia Docas de São Sebastião e Dnit/Antaq (Ministério Transportes).