quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Qualidade brasileira

07/02/2013 - Atualizado em 09/02/20113, às 11:39

O pão francês – o popular ‘pãozinho’ -, o mais consumido na dieta do brasileiro, só é lembrado pela mídia nas temporadas de lobbies dos triticultores ou pressão de donos de moinhos (onde o trigo vira farinha) e das fábricas de alimentos derivados do trigo. O Brasil tem um consumo aparente médio anual histórico de 11 milhões de toneladas e depende entre 50% e 60% da oferta internacional – varia conforme as oscilações climáticas, postura política de nossos agricultores e das relações comerciais do país. Fora disso, ganha manchete quando alguma entidade dita de defesa do consumidor decide ir para televisão (que aceita o assunto como uma bomba) pesar o francês, que, por regulamentação ou adoção popular, deve conter o mínimo de 50 gramas de massa. Só que, espertamente, os empresários de padarias conseguiram matar essa pauta: o pãozinho foi para o quilo!
Mas fora esse fato recorrente (e quebra-galho dos pauteiros das redações), um aspecto ainda não foi manchete: o real prazo de validade para consumo humano do produto. No dia 5 (terça-feira), um consumidor comprou o produto em uma padaria da Zona Sul de Belo Horizonte. Na ficha eletrônica extraída do caixa e afixada à embalagem, as informações de datas de fabricação e de validade, respectivamente, eram: 05/02/13 e 06/02/13. No dia seguinte, em outra padaria, distante 5,5 quarteirões as datas, na mesma ordem, expelidas pelo computador do caixa eram uma só: 06/02/13. E há casos de a data de validade sair da máquina registradora por mais de dois dias.

Anvisa e ministérios 
Isso se repete aos quatro cantos do país. E, por isso mesmo, poderá ser visto como algo inexpressivo, dirão muitos consumidores. Alguns até seguem ‘receitas’ mostradas em programas matinais na televisão: pão velho guardado no freezer e aquecido na frigideira, na hora do consumo, é uma beleza! Mas não. Não é bem assim. Se prevalecer a tese da receita desses programas de entretenimento, fica sem sentido a obrigatoriedade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de três a quatro ministérios (Saúde, Agricultura, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Justiça), para que as padarias apresentem a validade do consumo.

Chega na CNI
As datas de validades no pãozinho ao livre arbítrio de empresários de padarias e a passividade diária da população expressam a falta de cultura para um consumo saudável. E, o mais grave: um exemplo clássico do, também popular, ‘estou nem aí’, da parte das padarias (muitas dentro de grandes redes de hipermercados – algumas globais) e também das suas entidades de classe (sindicatos ligados às federações estaduais. Estas, à Confederação Nacional da Indústria, a CNI).

Abip
Com a palvra diversas entidades da cadeia do trigo, da farinha e do pão: Abitrigo, Abip, Abima e da indústria de panificação em geral.

Tintas das montadoras
O pãozinho não é um fato isolado na indústria brasileira de alimentação. E esse setor não está sozinho nas anomalias. Quando foi ministro da Indústria e Comércio (Governo João Figueiredo – 1979-85), o engenheiro João Camilo Penna reclamava da falta de qualidade nos singelos cartões de visita usados nos diversos escalões da sociedade. Faltava padronização no tamanho. E isso refletia nos negócios de fabricantes de porta-cartões. E hoje, entre as montadoras de veículos, uma tonalidade específica da cor verde, por exemplo, aplicada nas latarias (e registrada em documentos) não coincide na classe e definições previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). E segue o baile entre fabricantes de geladeiras, tecidos, papéis, etc.

Um comentário:

  1. Oi, Nairo! Aqui é a Neiva, da Neiva Mello Assessoria de Porto Alegre. Gostaríamos de saber qual é teu e-mail e telefone para contato, pois gostaríamos de te mandar releases. Tens como responderes para neiva@neivamello.com.br?
    Grande abraço!

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