É preciso prevenir contra uma nova Bento Rodrigues
Enviado por
Nairo Alméri – quar, 01.08.2018 | às 12h45
Para hoje (quarta-feira,
01/08/2018), às 16h, está convocada uma reunião no arraial Córrego do Feijão, município
de Brumadinho. Foi convocada pela MIB – Mineração Ibirité Ltda (Grupo Aterpa,
dona da empreiteira Construtora Aterpa; executa contratos do Governo Federal no
Norte do país, como a Ferrovia Norte-Sul e te concessões em portos, como áreas
no Porto Itaqui, Maranhão). No Córrego do Feijão, estão instaladas a Vale, com
a Mina Córrego do Feijão, e a MIB. Exploram minério de ferro.
Métodos
Há mais
tempo, a Vale promoveu reunião (“audiência pública”) dentro da Câmara de
Vereadores de Brumadinho, para presentar suas barragens (Menezes, I, II e III) de rejeitos no
Córrego do Feião. Lotou a Câmara com empregados uniformizados. Ao mesmo tempo,
circulou a conversa de que, se a barragem em questão não fosse aprovada, a
empresa fecharia as atividades e desempregaria algumas dezenas. Imaginem o
terror que esse diálogo promoveu para cima de pessoas pouco esclarecidas do arraial, com o país, na época, de 13 milhões de desempregados? Quem ousasse questionar
questões ambientes, compromissos etc. ouvia a pergunta ameaçadora (de
representantes da empresa e defendida por seus empregados; e aprovadas por
políticos do município): você vai dar emprego a essas pessoas?
Logo depois, ...
Ou seja,
pouco importa a discussão dos impactos na fauna e flora; a exaustão das minas
etc. Pouco depois, em junho de 2017, no arraial Tejuco, em área próxima da mina
da Vale, houve rompimento da barragem de rejeito da mineradora Tejucana.
Mesmo ritual
Voltando à
audiência de logo mais. As tratativas da MIB com a comunidade seguem a multinacional
Vale e apresentam mesmas reações nas pessoas: filhos e mulheres dos empregados importam-se
exclusivamente com o emprego do momento, sem a menor luz para o futuro com a
fauna, flora, água... Não se perguntam como será quando chegar ao ponto de
exaustão da mineração.
Alienação patrocinada
Essa
alienação, aliás, é marca de sucesso nas direções (dos executivos de comando e suas
sub-hierarquias, até o mais humilde funcionário de Portaria) de todas
mineradoras no Brasil. Parece até que os acionistas pagam bonificação em cima
disso!
“Poço para
criar peixe”
As
atividades da MIB estão a menos de 500 metros, a montante, da área urbana do
arraial Córrego do Feijão. O córrego que dá nome ao arraial (nasce no alto da
serra que forma o conjunto do Pico Três
Irmãos), passa dentro da área explorada pela MIB e está em processo acelerado de
assoreamento - perda de mais de 50% da vazão de antes da empresa chegar, há
coisa de cinco anos. A reunião foi comunicada para o “centro cultural”, construído
pela Vale. Em voz corrente no arraial (com o pedido para não serem envolvidas),
as pessoas comentam que, para tranquilizar a população quanto à segurança da represa
de rejeito, funcionários da MIB fazem o seguinte paralelo: a represa é “segura”,
como se fosse um “poço para criar peixe”.
Ops?!... E Fundão?
Vejam o “poço”
Barragem Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), mineradora controlada da Vale e
BHP Billiton: apesar de toda engenharia das duas maiores mineradoras do mundo –
Vale e BHP Billiton -, a barragem rompeu-se, na tarde de 5 de novembro de 2015,
com o rejeito (55 milhões de m3, 70 milhões de m3 , ...) passando sobre outra
barragem, a Santarém. Destruiu por inteiro
(tirou do mapa) o Distrito Bento Rodrigues, causou a morte de 19 (dezenove)
pessoas, e traçou um vale de catástrofe sobre vidas, flora e fauna, até a foz
do Rio do Doce, no Espírito Santo, no mar – também afetado. Foi a maior
catástrofe na história da mineração do país. Apesar dos bilhões de dólares em
faturamento e patrimônio líquido da BHP e Vale, até hoje não houve uma solução para
as pessoas atingidas diretamente, indenizações não foram pagas etc.
Ministério Público
Perguntar
não ofende: o Ministério Público de Minas Gerais conhece os riscos das barragens de rejeitos em Brumadinho, Itabirito, Itatiaiuçu,
Nova Lima, Rio Acima, Ouro Preto, Mariana (aqui, não!...), Santa Bárbara, Barão
de Cocais, Congonhas, São Gonçalo Rio Abaixo, Itabira. Guanhães, Conceição do
Mato Dentro, ... ?
Em Kiruna (modificado em 25/01/2021)
A propósito,
sugiro o post “Isso só poderia acontecer em um país do Terceiro Mundo”, de 27/07/2018, do
executivo MILTON REGO, presidente da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL):
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