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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Mandioca e Embraer


14/02/2013
Alguns países do mundo estão, culturalmente, bem identificados ao consumo de determinados alimentos locais e/ou comercialização internacional. Assim, o bacalhau está associado à Noruega, o cachorro quente e o bacon aos Estados Unidos e a pizza à Itália (mas o Brasil é o maior consumidor mundial). Mas na prática comercial, um desequilíbrio (maior) nas relações entre as nações e com reflexos internos, de acordo com estudos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), teria origem em desastres a partir de cinco itens básicos, na seguinte ordem para o grau de relevância: arroz, trigo, açúcar, milho e carne suína (é mais consumida na China).
Todas as variações de preços desses itens influenciam (pressionam ou aliviam) o custo da cesta básica medida pelo o IBGE (Governo), que serve para lapidar a inflação oficial sobre o consumidor: o IPCA.
Na semana que antecedeu ao Carnaval, o noticiário “despirocou” (Dorothea Werneck – quando chefiou uma das Câmaras setoriais do Ministério da Indústria e Comércio, década de 1990) diante de uma variação anual de até 130% nos preços da mandioca, e, de 9,47%, em janeiro. Esta teria sido pivô do maior descontrole de preços na cesta básica, em janeiro, e, na ponta, pela variação do IPCA, desde 2005: 08,6%, no mês, e, 6,15%, no acumulado dos últimos 12 meses (desde fevereiro/2012). O maior devaneio da mídia foi interpretar que ‘o Planalto está (estaria) aborrecido’ com a tal da inflação na mandioca. O respeitável professor Mário Henrique Simonsen, quando foi ministro da Fazenda no Governo Geisel (1974-1979), retirou a “inflação do chuchu” dos cálculos – e pagou caro na mídia chapa branca. Fez o mesmo com outros penduricalhos amados por jornais, revistas, rádios e televisões quando assunto era custos no mercado. Por fim, o professor Simonsen retirou muitas farsas do baú do idolatrado “milagre brasileiro”, quando ocupava a mesma pasta Delfim Netto (1967-73). E deixou muitas viúvas na imprensa.
Não cabe perder tempo com a inflação da mandioca. E muito menos com um imaginário “aborrecimento” (não houve nota oficial nesse tom) dentro do Governo, usado para ancorar noticiário (ou a falta dele). Enquanto isso, a imprensa, no geral, barra um Brasil bem mais interessante (inteligente), aquele finaliza sequenciamentos de genomas em diversos centros de pesquisas, que desenvolve novos materiais com domínio de nanotecnologia, que põe no mercado global aeronaves bem mais competitivas (a Embraer) entre outros feitos maravilhosos, que deveriam ser bem noticiados em salas de aulas como referenciais para adolescentes e jovens. O jornalismo, no Brasil, ainda é excessivamente oficial e precisa, urgentemente, de outro Simonsen para desmascarar muitos feitos de 1994 (Plano Real) e pautas queridinhas. 
Se a mídia não se reciclar geral, mais cedo será descartada na utilidade para mudanças e crescimento do país.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Qualidade brasileira

07/02/2013 - Atualizado em 09/02/20113, às 11:39

O pão francês – o popular ‘pãozinho’ -, o mais consumido na dieta do brasileiro, só é lembrado pela mídia nas temporadas de lobbies dos triticultores ou pressão de donos de moinhos (onde o trigo vira farinha) e das fábricas de alimentos derivados do trigo. O Brasil tem um consumo aparente médio anual histórico de 11 milhões de toneladas e depende entre 50% e 60% da oferta internacional – varia conforme as oscilações climáticas, postura política de nossos agricultores e das relações comerciais do país. Fora disso, ganha manchete quando alguma entidade dita de defesa do consumidor decide ir para televisão (que aceita o assunto como uma bomba) pesar o francês, que, por regulamentação ou adoção popular, deve conter o mínimo de 50 gramas de massa. Só que, espertamente, os empresários de padarias conseguiram matar essa pauta: o pãozinho foi para o quilo!
Mas fora esse fato recorrente (e quebra-galho dos pauteiros das redações), um aspecto ainda não foi manchete: o real prazo de validade para consumo humano do produto. No dia 5 (terça-feira), um consumidor comprou o produto em uma padaria da Zona Sul de Belo Horizonte. Na ficha eletrônica extraída do caixa e afixada à embalagem, as informações de datas de fabricação e de validade, respectivamente, eram: 05/02/13 e 06/02/13. No dia seguinte, em outra padaria, distante 5,5 quarteirões as datas, na mesma ordem, expelidas pelo computador do caixa eram uma só: 06/02/13. E há casos de a data de validade sair da máquina registradora por mais de dois dias.

Anvisa e ministérios 
Isso se repete aos quatro cantos do país. E, por isso mesmo, poderá ser visto como algo inexpressivo, dirão muitos consumidores. Alguns até seguem ‘receitas’ mostradas em programas matinais na televisão: pão velho guardado no freezer e aquecido na frigideira, na hora do consumo, é uma beleza! Mas não. Não é bem assim. Se prevalecer a tese da receita desses programas de entretenimento, fica sem sentido a obrigatoriedade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de três a quatro ministérios (Saúde, Agricultura, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Justiça), para que as padarias apresentem a validade do consumo.

Chega na CNI
As datas de validades no pãozinho ao livre arbítrio de empresários de padarias e a passividade diária da população expressam a falta de cultura para um consumo saudável. E, o mais grave: um exemplo clássico do, também popular, ‘estou nem aí’, da parte das padarias (muitas dentro de grandes redes de hipermercados – algumas globais) e também das suas entidades de classe (sindicatos ligados às federações estaduais. Estas, à Confederação Nacional da Indústria, a CNI).

Abip
Com a palvra diversas entidades da cadeia do trigo, da farinha e do pão: Abitrigo, Abip, Abima e da indústria de panificação em geral.

Tintas das montadoras
O pãozinho não é um fato isolado na indústria brasileira de alimentação. E esse setor não está sozinho nas anomalias. Quando foi ministro da Indústria e Comércio (Governo João Figueiredo – 1979-85), o engenheiro João Camilo Penna reclamava da falta de qualidade nos singelos cartões de visita usados nos diversos escalões da sociedade. Faltava padronização no tamanho. E isso refletia nos negócios de fabricantes de porta-cartões. E hoje, entre as montadoras de veículos, uma tonalidade específica da cor verde, por exemplo, aplicada nas latarias (e registrada em documentos) não coincide na classe e definições previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). E segue o baile entre fabricantes de geladeiras, tecidos, papéis, etc.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Esqueletos da Ferteco

05/02/2013
No início da década passada, a Vale S/A comprou minas e instalações de beneficiamentos de minério de ferro Ferteco Mineração em Brumadinho e Congonhas/Ouro Preto, em Minas Gerais. A Ferteco era uma controlada do grupo siderúrgico ThyssenKrupp, da Alemanha. Na época da negociação, era voz corrente no setor de mineração que algumas áreas teriam ficado de fora – a Vale não levara. E estas seriam coincidentes entre as constantes em domínios da Companhia de Fomento Mineral (CFM), adquirida pela Nacional Minério S/A (Namisa), controlada da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). Em 2007, a Namisa pagou US$ 440 milhões pela CFM. Na época da aquisição dos ativos da Ferteco (US$ 566 milhões, em abril de 2001), o noticiado foi que a Vale teria acionado o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Mas, o caso teria sido esquecido com os acertos finais da parceria da ex-estatal com a ThyssenKrupp para a construção (a partir de 2004) da Companhia Siderúrgica Atlântico (CSA – inaugurada em 2010), no Rio de Janeiro. Agora, com o desinteresse da Vale na CSA, sem alardes, a mineradora estaria agitando a poeira antiga. É esperar, pois o caso poderá aparecer na Reunião do Conselho de Administração da Vale, antes da AGO (assembleia geral ordinária), em abril.

Casa de Pedra
Os negócios na mineração ainda apresentam muitos interesses “cruzados”, como foi na privatização da própria Vale – antiga Cia. Vale do Rio Doce, CVRD -, em 1997. Na região da mina de Casa de Pedra, pertencente à CSN, em Congonhas, os arredores dos domínios da Namisa, bem antes da compra da CFM, ainda guardam muitas contestações.  E chegam na Ferrous Resource.

Custa uma Belo Horizonte
Os gastos de R$ 8,5 bilhões provocados pelos 81 senadores e os 513 deputados federais, em 2013, representarão para os contribuintes (empresas e pessoas físicas) a destinação equivalente ao orçamento (proposta aprovada  na Câmara de Vereadores) de Belo Horizonte (2.395.783 – estimativa IBGE/2012), em 2012,de R$ 8,6 bilhões (R$ 9,9 bilhões, em 2013).

Nordeste manda
Nos quase 30 anos da Nova República, a partir de 1985, apenas um senador do Sul-Sudeste brasileiro (Minas, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) presidiu o Senado: Nelson Carneiro, do Rio de Janeiro, 1989-1991. Há 22 anos. Desde 1985, predomina o comando de senadores do Nordeste (8 vezes), seguidos pelos do Norte (Amapá ,3;  Pará, 1; e, Acre 1) e do Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, 2).



Alteração da sistemática de apuração: nova regra para contribuição previdenciária das empresas

Eviado por nairoalmeri, ter, 05/02/2013 - hora: 17:20 

Por Leila Henriques Araújo
Consultora Fiscal-Tributária e Sócia da Pactum Consultoria Empresarial

Com o objetivo de incentivar aquecimento da economia nacional o governo brasileiro anunciou em 2012 a desoneração da folha de pagamento, medida que trouxe nova regra para apuração da contribuição previdenciária para setores de prestação de serviços, hotelaria, transportes e indústria e que, a partir de abril de 2013, também se aplicará aos setores da construção civil e do comércio varejista.
Essa nova regra traz a alteração da sistemática de apuração da contribuição previdenciária para as empresas cujas atividades foram enquadradas, que passará ser calculada mediante a aplicação de percentuais que variam de 1% e 2% sobre a receita bruta das vendas de mercadorias ou de serviços, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
A nova contribuição tem caráter impositivo para os contribuintes que exercem as atividades enquadradas e deverá ser apurada e paga de forma centralizada pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica.
A alteração no cálculo da contribuição previdenciária requer uma análise pormenorizada das atividades da empresa, pois além da alteração da base de cálculo da contribuição, que deixou de ser o total da folha de pagamento e passou a ser a receita bruta, há uma série de condições e procedimentos a serem observados, que vão desde a forma de recolhimento e a identificação da base cálculo até as informações que deverão constar nas declarações acessórias.
As empresas cujas atividades estejam enquadradas na nova sistemática de apuração da contribuição previdenciária deverão realizar o recolhimento por meio do Documento de Arrecadação de Receitas Federais – DARF, além de estarem obrigadas a prestar informações ao fisco, relativas às operações da empresa que justificam a alteração na apuração da contribuição, por meio das diversas obrigações acessórias, dentre as quais, a GFIP, EFD-Contribuições, DCTF e DIPJ.
No caso de empresas que também aufiram receitas oriundas de atividades não enquadradas na nova sistemática, será devida, além da contribuição sobre a receita bruta, a contribuição previdenciária normal de 20% sobre a folha de pagamento, com recolhimento via Guia da Previdência Social-GPS, observada a proporção das receitas não enquadradas, permanecendo obrigadas às antigas informações acessórias.
Embora as obrigações citadas sejam de conhecimento dos profissionais das áreas contábil, fiscal e pessoal da empresa, o lançamento referente à nova contribuição previdenciária é uma novidade que demanda atenção e a atualização quanto às orientações e normas correlatas, a fim de se evitar prejuízos e penalidades pela omissão ou incorreção de informações.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Economia e ética brasileiras


04/02/2013
A economia do Brasil inova pouco e não é competitiva. Em função disso, com frequência o tema da necessidade de políticas permanentes em P,D&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica) e da falta de competitividade em produtos de bens de capital e de consumo nacionais ganham as páginas dos jornais. Isso retrata uma reprovação da sociedade.
Na semana passada, foi eleito novo presidente do Senado. No discurso de posse, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), clamou por “ética”. Hoje, dia de eleição para presidente da Câmara dos Deputados, a candidata Rose de Freitas (PMDB-ES), relacionando o resultado da votação a uma possível continuidade do país “que não valoriza a ética”.
Tirem as conclusões!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Golpe com nome do Banco da África


01/02/2013
Recomeçou a temporada dos famosos golpes milionários de contas bancárias paradas e/ou perdidas em bancos da África. Agora, via e-mail, um tal “Mr Ben Kute” pede ajuda para movimentar US$ 8,8 milhões. A quantia estaria depositado no “Bank of Africa in Burkina (BOA)” e pertencia a um cliente que faleceu com toda a família em acidente de automóvel. Burkina faz divisa com o sul do Mali. O golpista diz que o dinheiro está no Departamento de Câmbio da agência do BOA, na capital daquele país – Uagadugu –, onde seria funcionário. Ele faz o convite de participação na transferência daquele valor para outro “banco seguro” – certamente com a promessa de uma recompensa, mas que (como em todos golpes semelhantes) implica, previamente, no fornecimento de dados bancários e até remessa de algum numerário para cobertura de taxas. A mensagem, com três anexos, chega pelo Yahoo com o seguinte título: “urgente response needed” (resposta urgente).

Impotência da ANP
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) não conseguiria, em menos de um ano, fiscalizar com rigor nem 30% dos postos de varejo de derivados de petróleo e álcool combustível existentes no país. Em agosto de 2012, de acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), estariam em operação 38,4 mil pontos públicos de varejo de combustíveis em todo o território nacional.

Em 2010
Entrevista publicada em 20/01/2010, em o “Estado de Minas”, o advogado Luiz Felipe Silva Freire, do escritório Silva Freire & Advogados, declarou sobre a falta de capacidade da ANP em fiscalizar de fato o segmento: “(...) é preciso ressaltar que há apenas 100 fiscais para fazer esse trabalho em todo o país que, somente em Minas, existem cerca de 3,8 mil postos (sic)”.

Promotoria
Um ano depois, em janeiro de 2011, o superintendente-adjunto de Fiscalização da ANP, Aurélio Amaral, declarou que agência teria “700 profissionais” em todo o país para fiscalizar os postos (incluiu pessoal das prefeituras das capitais e de laboratórios de universidades conveniadas). Em outubro de 2012, o Ministério Público Estadual de Alagoas, em declarações do promotor Max Martins, insistia que a ANP continuava com quadro “insuficiente” no país interior.
   
Estado de crise
A incapacidade operativa da ANP, para o universo sob sua responsabilidade, pode ser melhor avaliada nas palavras de um dos diretores, Florival Carvalho, durante ato do convênio com o Procon-PE, em agosto último: 400 campos de petróleo (e gás), todas refinarias e usinas de biodiesel existentes, cerca de 40 mil postos de derivados e 94 mil revendas “legalizadas” de gás de cozinha (GLP). Na mensagem “Institucional” do seu site, a Fecombustíveis informa que representa 40 mil revendedores de GLP em todo o país.

Mais fiscais
A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, relatou, em março passado, que agência tinha 700 funcionários (não detalhou áreas) permanentes, num quadro de 1.200. No mês passado, foi realizado concurso para o ingresso de mais 152 funcionários - 50% seriam para “fiscalização direta”, segundo a diretora-geral. O concurso teve 27.931 candidatos. Foram oferecidos salários de até R$ 11.374 mensais

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Nossos empregos para estrangeiros


31/01/2013
Para a necessidade de ser uma economia competitiva, o apresenta hoje um déficit anual de 50 mil técnicos qualificados somente no subsetor petrolífero-naval. Via Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), a Petrobras previa, no período 2010-2015, formar e qualificar 220 mil profissionais para as áreas petrolíferas, incluindo gás natural e naval afim com suas atividades. Na apresentação “Visão Geral da Petrobras”, neste mês, a companhia informou que suas necessidades de profissionais, espalhadas por  185 categorias, para a “implementação do portfólio de O&G” era de 201.369. No final de 2012, a Petrobras  informou ter qualificado 90 mil pessoas dentro do Prominp e gasto R$ 252 milhões - deverá investir mais R$ 300 milhões, até 2016.

Imposições
Mas o déficit brasileiro de mão de obra qualifica é geral. Isso favorece enormemente a entrada estrangeiros, principalmente via imposição dos players econômicos e tecnológicos: ou seja, trazidos por empresas multinacionais que já estão aqui, as que chegam para investir e/financiam projetos novos e de expansão. Esse conjunto de coisas, relacionado aos tratados de “país favorecido” (Brasil-Portugal e Brasil-Mercosul), escancara o Brasil à entrada de profissionais estrangeiros – sem uma cota, aquilo que o Governo impõe com mão de ferro no acesso às universidades públicas. É bem diferente da situação nos Estados Unidos, cujo Governo prepara a legalização da vida de milhões de imigrantes em situação irregular.

Exportação chinesa
A avalanche na invasão de estrangeiros no Brasil está no ápice. E será turbinada com a falta de solução no curto prazo para desemprego na Europa, além da firme determinação do Governo da China em “exportar”, cada vez mais, seus cidadãos – embutidos em pacotes econômicos e fora deles. O cenário precisa ser encarado com seriedade. Merece um gabinete de crise, formado por representantes sérios e qualificados do Governo, conselhos e sindicatos de profissionais.

Portugal, Espanha e China
Mesmo com o déficit, em 2012, o nível de desemprego no país se manteve elevado – em 4,6%, com 1,136 milhão de desocupados, pelos critérios questionáveis do IBGE. Ao mesmo tempo, o Governo do Brasil aumentou em 26% o visto temporário para profissional com vínculo empregatício no país: foram 73.022 os vistos, sendo 8.340 permanentes (fonte: Ministério do Trabalho). Os mais beneficiados vieram de Portugal (aumento de 81% em relação a 2011), da Espanha (+53%) e da China (+24%).

Falência de 6.700
Em 2012, de acordo com o “Portugal Diário”, 6.688 empresas faliram em Portugal, 40% a mais que em 2011. Como ressaltou o próprio noticiário, média de 20 empresas por dia. Uma seguradora (Cosec) detalhou que os setores mais afetados foram os da construção civil (material de construção), varejo, serviços e têxtil.

Reação (!)
É evidente que o Brasil não pode (não deve) se fechar à mão de obra internacional qualificada para áreas onde não tem como preencher no presente. Mas precisa, também, criar políticad que assegurem aos jovens de nossas escolas técnicas e universidades garantias de colocações ao serem formados. O que têm a dizer Governo (executivo), Legislativo (Senado e Câmara dos Deputados), Judiciário e milhares de instituições representativas das classes de trabalhadores espalhadas pelo país? 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Nossa babel ferroviária e a China


29/01/2013


Por conta do encerramento, hoje, do InfraBrasil Expo & Summit, reproduzo aquilo que comentei, em 18 de junho de 2005, na coluna "Negócios S/A" (no Hoje em Dia, que assinei de julho de 1997 até dezembro de 2012), sobre a ferrovia na China. Lembro, antes, que, em agosto de 2011, com o Plano Nacional de Logística e Infraestrutura 2025 (depois veio PAC da Logística – Programa de Investimentos em Logística, de R$ 133 bilhões, no segundo semestre de 2012), o Governo criou as seguintes metas: crescer para 50 mil km de linha (mais 66,6% sobre a base do estudo), mas colocando 10 mil km (custo de R$ 18 bilhões) até 2020. Porém, no PAC da Logística, apresentado em agosto passado, R$ 42,5 bilhões seriam para novos 5,7 mil km de malha, até 2018. Como vai ficando o dito por não dito, e o não dito por dito, o Governo, sem receios, passou borracha naquilo que deu publicidade, mas não fez, e colocou novas metas físicas dentro de novas metas: além dos 5,7 mil km, enfiou na cesta do PAC da Logística “outros” R$ 91 bilhões para “reforma e construção” de 10 mil km de ferrovias “ao longo dos próximos 25 anos” – ou seja, até 2037. Com base no estudo de agosto de 2011, os 57 fabricantes de partes, componentes e montagens de materiais e equipamentos ferroviários do país projetavam, para até 2025, a entrega de 40 mil vagões e 2.100 locomotivas. A frota de vagões era da ordem de 100 mil unidades. Hoje, as indústrias, com razão, enxergam boi na linha a todo instante, pois o país tem eleições a cada dois anos e muito palanque de promessas políticas!  

China abre US$ 200 bi em compras ferroviárias!
Não foi diferente. A China foi, claro, a vedete dos três dias das conferências da 8ª Conferência Internacional de Ferrovias de Transporte de Cargas Pesadas, encerrada ontem, no Riocentro, promovida pela International Hevy Haul Association (IHHA) - associação dos países de "carga pesada": acima de 27 toneladas por eixo ferroviário; mínimo de 8 mil toneladas por composição; e, produção anual acima de 40 milhões de toneladas de carga.
O Plano de Metas daquele país, com seus números bilionários, para até 2020, anestesiou o público de cerca de 300 pessoas presentes às 21 palestras (17 estrangeiras). Em 2004, a ferrovia da China transportou 2,49 bilhões de toneladas de cargas - mais que os Estados Unidos -, com uma taxa de crescimento de 13% em relação ao exercício anterior.
Por suas ferrovias, viajaram 1,1 bilhão de pessoas - onze vezes mais que pelas companhias aéreas (100 milhões).
A malha ferroviária do país, pelo Plano de Metas, terá, em quinze anos, um acréscimo de 25 mil quilômetros (km), passando dos atuais 74.400 mil para 100 mil quilômetros (o Brasil tem 28.500 km). No ano passado, o Ministério das Ferrovias (MOR) ampliou a malha em 2 mil km e manterá esse ritmo anual até 2010.
Com a expansão, em 2020, o transporte de passageiros da China crescerá para 4 bilhões por ano, e, de carga, para 4 bilhões de toneladas por ano.
Em 2004, o MOR investiu US$ 52 bilhões em linhas, locomotivas e melhorias. Desse valor, a conta com novos equipamentos fechou em US$ 18 bilhões. A compra de vagões chegou a 18 mil unidades - menos que os 27 mil, em 2003.
Neste ano, ficará acima de 36 mil vagões - passageiros e cargas. O MOR programou, para os próximos quinze anos, incorporação de mais 700 mil vagões de carga, o que significa saltar as encomendas anuais de 5 mil unidades para 35 mil. A atual frota de carga do país é de mais de 510 mil vagões.
Até 2020, a China investirá US$ 200 bilhões no setor ferroviário, informou o vice-presidente da Zhuzhou Rolling Stcok Works, Hu Hiping, fabricante de vagões - fornecedor para a CVRD. Na frota de locomotivas em uso, a China tem entre 11 mil e 12 mil. Até 2010, a meta é ter 50% delas transformadas para o sistema elétrico.
O Plano de Metas projeta, para os próximos quinze anos, a incorporação de 12 mil novas locomotivas, todas já com motor elétrico, disse David Tucker, vice-presidente mundial de Vendas da GE Transportation Systems (motores e ferrovia), que falou no Painel China.
No período 2005-10, a ferrovia chinesa avançará mais 10 mil quilômetros. O setor de transporte ferroviário de carga é visto como limitador para a economia do país: até 25 toneladas por eixo dos vagões e pontes e estruturas dos trilhos também com limitação de capacidade.

Per capita
A relação "equipamentos" nas linhas da China é de 100 mil pessoas para 38 vagões - nos EUA, 100 mil para 300. O país vive o dilema de ter que transportar mais cargas em menos vagões, porque opera linhas mistas.

Separação
Outra novidade será a separação das linhas de cargas e passageiros, permitindo que as composições deste último sistema desenvolvam velocidades de até 200 km/hora.

Faturamento - Em 2004, a GE teve um faturamento mundial, nas onze divisões, de US$ 152 bilhões, sendo US$ 72 bilhões em negócios (50%). Com a área de transportes (motores e ferrovia), a receita ficou acima de 10% - com US$ 17 bilhões.
Feira - A Brazil Rail - Feira Internacional de Ferrovia, um dos eventos dentro da conferência da IHHA, aberta dia 14 e encerrada ontem, reuniu 120 expositores dos setores de combustíveis, óleos lubrificantes, sinalização e manutenção, tecnologia de informação, consultorias e outros. De outros países, participaram 40 empresas.

Seminário - A IHHA faz reuniões a cada quatro anos em um dos países associados - EUA, Canadá, África do Sul, China, Índia, Austrália e Brasil. A 9ª Conferência, em 2009, será na China. Trabalhos - A feira e o seminário trouxeram ao Riocentro, de acordo com a Fagga Eventos, 6 mil pessoas - 1,5 mil de outros países. No seminário foram apresentados 98 trabalhos técnicos (16 do Brasil).

Maiores trechos ferroviários - Entre as maiores ferrovias do mundo estão, depois dos Estados Unidos, com 307.000 km, a Rússia (86.000 km), China (74.480 km), Alemanha (43.500 km), Argentina (38.197 km) e França (34.076 km).

O Brasil, de acordo com o diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, que citou o executivo Eliezer Batista - ex-ministro e ex-presidente (duas vezes) da CVRD como fonte, deveria ter, no mínimo, 52.000 Km.
Fonte: Hoje em Dia – MG – Coluna Nairo Alméri – 18/06/2005