Enviado por Nairo Alméri – 30.04.2017 – às 19h08
RIBEIRÃO PRETO (SP) – Desemprego e “indefinições” para
questões emergenciais de curto prazo para a economia e ausência de interlocutor
final no Governo para o setor do campo. Esse binômio foi muito explicitado na
fala dos representantes da cúpula do agronegócio durante a coletiva de imprensa,
na manhã de hoje que antecedeu a abertura da 24ª Agrishow 2017 – Feria
Internacional de Tecnologia Agrícola e Ação. Os organizadores convergiram em expectativas
de negócios a serem fechados e/ou iniciados para esta feira com crescimento de
5% em relação a 2016, quando somaram R$ 1,950 bilhão. A feira irá até o dia 5,
está com cerca de 800 expositores de máquinas e implementos e previsão de
receber 150 mil visitantes, incluindo estrangeiros – de 60 países.
O presidente da Agrishow e da Federação da Agricultura e
Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, ao comentar a receita
final proporcionada pela edição do ano passado, fez a relação do agronegócio do
país como um esteio para segurar a crise. “É um resultado forte, um energético,
para acordar a sociedade (para o fato de que) não podemos continuar com 14
milhões de desempregados”.
Ainda na linha da importância do agronegócio, como
ferramenta para soluções econômicas mais rápidas, o presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Calos Marchesan,
destacou que a agricultura (grãos - excluído o café) do país, ao longo de quatro
décadas, proporcionando ao país saldo de US$ 700 bilhões na balança comercial
dos últimos anos. Neste ano, com safra de
230 milhões de toneladas (novo recorde), o agronegócio poderá proporciona ao
produtor agrícola R$ 500 bilhões de renda.
“(A agricultura) deu um cavalo de pau na economia”, sintetizou o
dirigente da Abimaq. Os resultados do agronegócio, completou, são responsáveis
pela queda da inflação no país.
ESPETÁCULO
O presidente da Faesp compara os resultados do agronegócio a
“um espetáculo para que a gente faz para o mundo”. A Agrishow , segundo ele
responsável direta por essas transformações no agronegócio, é patrocinada pela
Faesp, Abimaq, Sociedade Rural Brasileira (SRB), Associação Brasileira do
Agronegócio (Abag) e Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).
RECUPERAÇÃO
Mas o setor de máquinas agrícolas não fará festas para o
crescimento de 5% previsto. O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos
Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão Bastos de Oliveira, explicou que as vendas
serão “recuperação (de negócios), pois a base, 2016, é muito pequena”.
EVOLUÇÃO
Fábio Meirelles, porém, aposta em resultados mais significativos
nos negócios. Ele não acredita no surgimento de problemas que “possam
atrapalhar essa evolução”.
RECONTRATAÇÃO
O setor de máquinas não estaria de um todo afetado pela
recessão e até manteve situação de pleno emprego em 2016. O presidente da
Abimaq disse que aquele segmento das indústrias foi o que menos desempregou em
2014 e 2015. E, em 2016, até fez contratação, sendo que no primeiro trimestre
de 2017 em comparação com igual período do ano passado, aumentou seu efetivo em
5,2%. “O fabricante de máquinas está acreditando (em soluções do Governo)”,
completou.
LOGÍSTICA
Os problemas de logística para escoamento das safras
perduram, principalmente para o Centro-Oeste. “Não são os recursos que estão
demorando as decisões. São as (demoras nas) decisões que estão demorando os
recursos”, disse o Marchesan, ao repetir a voz comum dos dirigentes do
agronegócio nas falta de soluções nesse item. Esse seria um dos fatores ao aumento
do chamado “custo Brasil”, de 25% a 30% no mercado concorrente internacional.
MINISTÉRIO INTERLOCUTOR
A falta, até então, de um só ministro de Estado interlocutor
para o setor do agronegócio com poder de decisão foi outra queixa. “A questão da
cana é grave, há muitos anos”, comentou o presidente da Abag, Luiz Carlos
Corrêa Carvalho, salientando que “piorou” de 2006 para cá, com a presença de
até quatro ministros para decidir na área da energia. Agora o assunto foi
entregue ao Ministério das Minas e Energia, o que poderá, segundo o dirigente,
representar uma solução e as respostas práticas serem mais rápidas.
Marchesan, Abag, Abimaq, Faesp, ANDA
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