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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Política de consumo é erro


Enviado por Nairo Alméri - quin, 06.6.2013 | às 18h42

“É ilusão acharmos que poderemos crescer com excesso de consumo”. A frase é do diretor de Mário Humberto Marques, vice-presidente da Sobratema - Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração,  e diretor do Grupo Equipamentos e Suprimentos da Construtora Andrade Gutierrez, ao apontar o equívoco do Governo, de promover uma política quase exclusivamente com foco na geração do consumo, via facilidades de crédito. Os dados oficiais apontam para o ingresso de 30 milhões de brasileiros na escala de consumo permanente.

O executivo da Andrade Gutierrez adverte que países vizinhos ao Brasil apresentam crescimentos no Produto Interno Bruto (PIB) bem acima. E advertiu para não se tornar inútil o tempo que país empenhou: “Nós perdemos 15 anos para arrumar a economia brasileira”.

Na construção de toda a América Latina e Caribe, o setor representado pela Sobratema (limitado ao Brasil) concentra 70% das máquinas da Linha Amarela (tratores, pás, retroescavadeiras e outros) para construção e mineração. Mas, num contrassenso, os investimentos do país em infraestrutura em geral estão em 2% do PIB. “Isso é ridículo”, classifica Mário Marques, diante de índices bem superiores em outros países, de 5% a 6%. Na China, 30%.

Carga Tributária
O diretor da Andrade Gutierrez aponta a carga tributária, juntamente com a educação e a burocracia, como o grande problema que o Brasil precisa resolver com urgência. Esses fatores, frisou, “oneram o produto e, junto com o câmbio praticado, tiram a competitividade do país”.

Confaz
O primeiro passo para se criar clima de discussão séria de reforma tributária, sugere Humberto Marques, seria o estabelecimento de um “pacto” federativo, uma vez que o ICMS é o maior imposto, seguido pelo PIS/Cofins. E que nada se resolve pelo caminho do Conselho Fazendário Nacional de Política Fazendária (Confaz) porque os interesses dos Estados são conflitantes, entre si e com a União.

Mudar cultura
O passo seguinte, sugere o diretor da Andrade Gutierrez, seria uma mudança de cultura tributária, tirando o peso do “processo produtivo” e transferindo para o consumo. Ainda do lado do Governo, a outra mudança, seria deter o fim do atual status quo na administração das receitas tributárias, no qual mais de 90% dos gastos do orçamento são definidos previamente, sobrando apenas 7% para investimentos.

Perda de tempo
“Você até compreende que estados menos desenvolvidos queiram dar mais incentivos fiscais (para atrair investimentos). Mas isso é um jogo de resultado zero. Quando um Estado dá um grande incentivo, ele não terá um balanço positivo de longo prazo. O Brasil precisaria ser repensado, discutir um grande pacto. Do jeito que estamos, com os partidos discutindo (a reforma tributária) sem interesse, não vamos resolver nada”, prevê o executivo.
Aço importado
Humberto Marques diz ter conhecimento de empresas de transformação de produtos siderúrgicos que estão importando chapas (planos) de aços da Alemanha. Estas com preços inferiores aos dos aços produzidos no Brasil. “Isso é uma distorção. O emaranhado tributário envolve muitos interesses dos estados, União e partidos políticos. Nós precisaríamos ter uma completa mudança”, enfatizou o executivo, em coletiva na Construction Expo 2013 - Feira Internacional de Edificações e Obras de Infraestrutura, aberta dia 5 e que será encerrada amanhã, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
Nairo Alméri viajou a convite da Sobratema

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