28/12/2012
Em rápida conversa, o economista Paulo Brant, diretor presidente da Celulose Nipo-Brasileira S/A (Cenibra) e ex-economista Chefe do BDMG, mostra um rosário de dados que colocam o Brasil como debutante em negócios da cadeia global da celulose. Apesar da minúscula extensão territorial, comparada com a do Brasil, o Japão, por exemplo, supera em muito os de nosso país em vários aspectos da cadeia. No país do Oriente, são ao redor de 10 milhões de hectares de florestas plantadas. No Brasil, 6,5 milhões ha (Anuário Estatístico da Abraf 2012 – base 2011), sendo 74,8% com eucalipto, e, 25,2%, pinus. As florestas representaram R$ 53,91 bilhões em VBP (valor bruto da produção).
A Finlândia, país coberto por neve, é melhor posicionado que o Brasil como fabricante de produtos florestais. E olha que o país da Europa utiliza florestas nativas (22,5 milhões ha – FAO, 2006) de pinus, distribuídas por pequenas propriedades agrícolas. “E o (primeiro) corte da árvore (naquele país) ocorre com 60 anos. Aqui (no Brasil), com seis anos”, observa Brant. Ele defende que o Governo dê incentivos às empresas que são produtoras de fato, como a indústria de celulose, que “são verdadeiras indústrias químicas”. Empresas de aparelhos celulares, beneficiadas com linhas de crédito e incentivos fiscais, seriam apenas “linhas de montagens (de peças de terceiros)”.
Valores
O Brasil possuía, em 2006, 478 milhões ha florestais totais. Naquele ano, de acordo com a própria FAO, o mercado mundial de produtos florestais foi de US$ 204 bilhões. O Brasil participou com US$ 5,653 bilhões – atrás do Canadá (US$ 28,471 bilhões), Alemanha (US$ 19,047 bilhões), Estados Unidos (US$ 18,481 bilhões), Suécia (US$ 14,375 bilhões), Finlândia (US$ 14,342 bilhões), Rússia (US$ 8,634 bilhões), China (US$ 8,293 bilhões), França (US$ 7,633 bilhões), Áustria (US$ 6,649 bilhões) e Indonésia (US$ 6,174 bilhões).
Contratação
O presidente da Cenibra aponta no cultivo intensivo do eucalipto, mesclado à preservação de áreas nativas, uma forma de correção de solos degradados (“uma ação ambiental efetiva”) e de fixação do agricultor e seus familiares no campo. No momento, a companhia, dona de 255,2 mil ha (50,5% cultivados, 40,4% “reserva natural” e 9% infraestrutura etc. – balanço patrimonial de 2011) executa programa de contratação direta de 3.500 dos 7 mil funcionários terceirizados que mantinha na área das florestas.
Perfil
A planta industrial de celulose de fibra curta branqueada da Cenibra fica em Timóteo (MG), no Vale do Rio Doce, e está em produção há 35 anos. Foi fundada em joint venture da antiga CVRD (Cia. Vale do Rio Doce, atual Vale S/A), ainda eststal, com a holding JBP – Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development, atualmente controladora de 100% do seu capital. A empresa produz 1,2 milhões t/ano celulose (nível mantido desde 2009), mais de 45% comercializadas no Japão e demais mercados da Ásia, e tem faturamento anual de R$ 1,238 bilhão (2011). Os números constam do balanço patrimonial de 2011.
Resultados do Brasil
Na semana passada, a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Abracelpa) deu conhecimento de dados preliminares da produção brasileira de celulose para os 11 primeiros meses, de 12,7 milhões t, e, para papel, 9,3 milhões t. Ficaram estáveis na comparação com o período de 2011, mas com ganhos de 9% na receita, de US$ 6,6 bilhões. Em 2011, o Brasil ocupou 21% do mercado global de celulose – foi o terceiro produto e o 1º fabricante comercializados (Abraf – Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas).