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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Freio de US$ 15 bilhões

28/10/2012
A enorme queda nos lucros, de 57%, no último trimestre, para R$ 3,3 bilhões, frente igual período de 2011, impõe a Vale S/A revisão de projetos. Poderá cortar US$ 15 bilhões. O BNDES, financiador e parte no bloco do controle da mineradora (dono de ações golden share – com direito a vetos), funciona como amortecedor político junto ao PT, para segurar no cargo o atual presidente, Murilo Ferreira. Na quinta-feira, ele figurou na agenda da presidente Dilma.

China levou
No banco, a unanimidade é que as perdas na Vale refletem erros nas operações externas, notadamente na África. A mineradora leva poeira da China. Pior: em países de língua portuguesa.

Mais de US$ 1 bi
No projeto da mina de carvão em Moatize, no centro de Moçambique, a Vale desembolsou mais de US$ 1 bilhão para cerca de 400 empresas prestadoras de serviços.

Paga caro
Privatizada em 1997 (antiga Cia. Vale do Rio Doce - CVRD), a Vale embarcou 1 milhão de toneladas de carvão, entre agosto de 2011 e maio deste ano. No confronto com o US$ 1 bilhão em serviços, o volume de carvão embarcado mostra que a mineradora paga caro em solo africano.

Debêntures de hospital
Acionistas da Rennó & Kallas Participação, Administração e Serviços de Saúde S/A, que teve razão social mudada para Hospital Maria Thereza Rennó S/A, de Santa Rita do Sapucaí (MG), fazem AGE amanhã. Na pauta: emissão de debêntures conversíveis em ações e de bônus de subscrição.

Fim da Santo Antônio
Fracassada a recuperação judicial, concedida pela 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo, os acionistas da Cia. Agrícola Santo Antônio, de Januária (MG), aprovaram a dissolução e liquidação da empresa. A empresa atuava na pecuária de gado da raça canchin.

Intervenção do BC
A controladora majoritária da Santo Antônio é também Massa Falida, a Atrium Participações Consultora e Administração Ltda e está em liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central, em 4 de março de 2011. O BC identificou 13 empresas coligadas, controladas e associadas, incluindo uma DTVM, factoring, de hotelaria e turismo e uma importadora.

Fonte: Nairo Alméri, coluna “Negócios S.A”, jornal Hoje em Dia, Belo Horizonte

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Encruzilhada em alto mar

As encomendas de navios da Petrobras Transporte S/A -Transpetro, controlada da Petrobras para logística, viraram saco de pancada. O principal motivo está na forma desordenada como o Governo Lula, nos dois últimos anos, geriu a política naval.
Via Programa de Modernização e Expansão de Frota (Promef), a estatal chegou anunciar encomendas acima de 40 embarcações dos mais variados tipos. A ordem era espalhar pedidos por quase meia dezena de estaleiros, entre novos, velhos e reativados. Alguns eram verdadeiros cascos furados. O novíssimo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, estado de Lula, chegou a ter suspensas 16 encomendas, no total de R$ 5,3 bilhões.
A avalanche da carteira naval pela Transpetro seguia dois vieses oficiais: dar mídia ao programa exploração da Petrobras em campos na área do pré-sal, a 7 mil metros no fundo mar. O outro, em terra firme (onshore), assegurar votos nas campanhas para o Partido dos Trabalhadores.
Agora, bate um vento de proa na sala da presidência da Transpetro. O mercado não é ofertante de oficiais de Marinha Mercante e demais quadros para tantos navios. De uma só tacada, a estatal corre contra a maré para formar, ao menos, 300.

Parceiro antigo
Ganha uma rodada de pizza de angu do Gomes aquele que adivinhar de onde surge uma voluntária proposta de solução. Isso mesmo. Da China. A exemplo da construção da Cia. Siderúrgica do Atlântico (SCA), em Santa Cruz, no Rio, quando quis aportar no Brasil  600 e tantos engenheiros, o governo do país asiático tem um regimento completo, desde oficiais de náutica até taifeiros, para cantar o ‘Cisne Branco’ no espelho d’água do Palácio do Planalto.

Mico na CSA
A CSA, inaugurada em junho de 2010, com capacidade para 5 milhões de toneladas/ano de aço,  ‘micou’:  consumiu cerca de R$ 13 bilhões da Vale S/A e da ThyssenKrupp e convive, desde a construção, com a recessão mundial. Em 2011, a sobra mundial de aços superou 500 milhões de toneladas.

domingo, 28 de outubro de 2012

Lula vira 'pedra no caminho' de Dilma


Em 2008, empresários da Federação das Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) pensaram em lançar Roger Agnelli, então poderoso executivo, por força do cargo de  presidente da Vale S/A, candidato ao Governo do Rio de Janeiro, em 2010. Lula, ainda presidente, satanizou a vida de Agnelli, porque queria reeleger Sérgio Cabral (PMDB). 
líder petista pressionou com discursos nacionalistas contra a multinacional brasileira. Acusava a ex-estatal federal de gerar mais empregos no exterior que no país. E usou do poder do cargo esculhambar com o executivo nos corredores do Bradesco, que é líder na holding, a Valepar, do bloco de controle do capital social da mineradora. 
O ainda presidente da Vale percebeu que seria descartado logo, após quase dez anos de "bons serviços" - assumiu a empresa com lucro anual de R$ 8 bilhões e entregou nos R$ 30 bilhões. Saiu no dia 20 de maio de 2011. 
Resumindo a ópera: Lula queria Agnelli fora da Vale não por problemas na administração que realizava, pois dava bons dividendos à União, que continua acionista. A questão era a enorme proximidade do executivo com o atual senador Aécio Neves (PSDB), na época governador de Minas. 
Aécio, em 2010, fez o seu vice, Antonio Anastasia (PSDB), seu sucessor. Com Anastasia, em Minas, e, se vingasse a candidatura Agnelli, no Rio de Janeiro, e fosse vitoriosa, isso melhoraria o  páreo para Aécio, virtual pré-candidato tucano na corrida presidencial em 2014. Lula foi alertado para isso, pois pensava firme em eleger Dilma Rousseff e retornar ao final do primeiro mandato dela. 
O PT, então, evitou um problema enorme ao manobrar com sucesso, em 2010, contra os projetos da Vale, pois segurou o poder da máquina administrativa - o PMDB é partido da 'base aliada'. Agora, por ironia, cria um imbróglio com o sucesso do ex-ministro (de Lula) Fernando Haddad, na corrida pela prefeitura de São Paulo (cidade mais rica da América Latina). Este foi praticamente carregado nas costas pelo ex-presidente, que vê sua estrela brilhar. Acontece que Dilma caiu no gosto da militância do PT e alargou margens nos partidos da 'base aliada', ao impor marca própria no Planalto, afastando quase todos os ministros herdados e a sombra do padrinho Lula,  embora não deixe de consultá-lo para decisões populares importantes (que pode ser uma estratégia).
No final da apuração, ontem, dos votos dos paulistanos, o PT passou a ter dois virtuais candidatos em 2014: Dilma e o ex-presidente Lula. Seja quem for, a maior empreitada, agora do partido, será reaproximar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, o mais paparicado por Aécio nestas eleições. Aliás, os dois foram aliados e vitoriosos, em primeiro turno, na corrida para a  prefeitura de Belo Horizonte, com a reeleição de Marcio Lacerda (PSB).

Sonho tucano

O PSB, que registrou crescimento expressivo em número de prefeituras, na capital mineira rompeu com o PT, do qual é aliado nacional (em 2008, a tríplice aliança PT-PSDB-PSB puxou um carrocel de partidos e elegeu Márcio Lacerda). O governador de Pernambuco, com o partido melhor na foto do cenário político, não aceita, por enquanto, pose de vice para as chapas que irão às urnas em 2014 disputar a cadeira do Planalto em 2014. Ter Campos como vice é o sonho de consumo de Aécio.