Bilhões que não saem dos papéis (estudos)
Enviado por Nairo Alméri – qui, 31.07.2014 | às 21h51 - modificado em 04/11/2020
Os jornais se fartaram hoje com a notícia do recebimento,
pelo Governo, de “81 requerimentos de autorização” para elaboração de estudos
de novos ramais ferroviários no país. Alguns, chegam a quase 1 mil km, casos dos trechos das
ferrovia Sapezal (MT) a Miritituba (PA), 990 km.
Há também, os chamados trechos
econômicos de Minas Gerais, um ligaria Anápolis (GO) a Corinto (775 km), e, outro
Belo Horizonte a Guanambi (BA), 845 km.
As propostas devem ser publicadas pelo Ministério dos Transportes, de
forma oficial (no “Diário Oficial da União”), na próxima semana.
Mas, ficou de fora um que conhecido, pelo menos, desde junho
de 2005, de 450 km, como opção e ligação de duas regiões econômicas
significativas em Minas Gerais. Trata-se do trecho Serra do Tigre, ligação
Ibiá-Sete Lagoas. O projeto era da Vale S/A, via subsidiária integral Ferrovia
Centro-Atlântica (FCA). Os investimentos projetados em US$ 475 milhões levavam
em consideração potencial para salto econômico na região de influência da ordem
de US$ 6 bilhões, no período 2005-2010. Veja o que foi publicado na época. Leia aqui
o que publiquei na época.
Perda de tempo
Mas o país é catedrático em perdas de tempo. E de forma
dupla. Primeiro, pelos gastos com estudos não implementados. Segundo, quando
decide por mais uma retomada, abandona estudos anteriores e faz novos gastos. O
resultado disso está em perdas bilionárias em dólares por não ter executado
projetos que poderiam ser alavancadores.
Nas rodovias
Exemplo claro do afirmado acima está no item “Recuperação, Manutenção e Conservação da Malha
Rodoviária Existente”, página 17, do estudo “PNLT – Plano Nacional de Logística
e Transporte. Sumário Executivo – Nov 2009”, elaborado pelos Ministérios dos
Transportes e Defesa, com 88 páginas, rico em mapas, gráficos, pizzas etc.
Nem é lembrado mais e estava congestionado em bilhões de reais (no papel) em
investimentos: “Segundo estimativas do DNIT, tais programas demandam
recursos da ordem de R$ 2 bilhões/ano, pelo menos pelos dois próximos PPAs, o
que representa investimentos de mais R$ 16 bilhões, a serem agregados aos
investimentos de cerca de R$ 290,80 bilhões propostos para esse período
2008-2015”.
No PNLT
O novo traçado ferroviário apresentado pela Vale, em 2005,
aparece no “PNLT” de novembro de 2009 (página 54), classificado como
“retificação de traçado – 250 km”. O custo histórico era de R$ 1,361 bilhão.
Desafios
Marcada para os dias 20 e 21, em Brasília, e realizada pela Associação
Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e a Associação Nacional de
Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), a VI Brasil nos
Trilhos colocará em discussão a “Agenda 2020: desafios e oportunidades – cargas
e passageiros”.
Direito
A VI Brasil nos Trilhos dará também destaque para temas
jurídicos no setor ferroviário. Estarão na mesa representantes da Representantes
da Procuradoria-Geral Federal (PGF), do Ministério dos Transportes (MT), do
Tribunal de Contas da União (TCU), da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) e da estatal federal Valec.
Tecnológica
A novidade na programação da 20ª Semana de Tecnologia (STM),
de 9 a 12 de setembro, no Centro de Convenção Frei Caneca, em São Paulo, será a
premiação dos trabalhos vencedores do “Prêmio Tecnologia e Desenvolvimento
Metroferroviários”. O prêmio foi criado pela Associação dos Engenheiros e
Arquitetos de Metrô (AEAMESP), ANPTrilhos e a Companhia Brasileira de Trens
Urbanos (CBTU) e seu objetivo é estimular o desenvolvimento tecnológico na área
de transporte de passageiros sobre trilhos. São considerados quesitos como qualidade
técnica, ineditismo e aplicabilidade no setor metroferroviário.
Aprendiz da SuperVia
Os interessados têm até o dia 5 para concorrer a uma vaga no
programa Jovem Aprendiz da administradora ferroviária SuperVia. O programa
abriu 80 vagas para jovens entre 18 e 22 anos e tenham concluído ou cursando o
Ensino Médio. Os selecionados terão, além dos salários, vale-refeição, cesta
básica, vale-transporte, plano de saúde, seguro de vida, assistência
odontológica e previdência privada. Informações no site www.mudes.org.br, da Fundação Mudes.
Pibinho afeta
Em 2013, as cargas transportadas pelas ferrovias do país
registraram crescimento de 1,8% sobre o resultado de 2012, indo para 490
milhões de toneladas (ANTF), correspondendo a 25% de participação na logística do país. No início do ano, o setor projetava investimentos
da ordem de R$ 6 bilhões para o triênio 2014-2016, o que não é mais considerado
em função nos seguidos anúncios de quedas na economia - Produto Interno Bruto
(PIB) inferior a 1%. No ano passado, pelos cálculos da associação setorial, as empresas
aplicaram R$ 4,6 bilhões.