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domingo, 14 de junho de 2015

Fernando Brant

Enviado por Nairo Alméri - dom, 14.6.2015 | às 23h14
Da conta no Facebook, 13.06.2015
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Vi o Brant compondo o mundo
Na manhã deste sábado, fui ao velório das despedidas ao compositor, músico, cantor e poeta Fernando Brant. O Palácio das Artes, palco de tantas alegrias levadas por ele, estava em silêncio, abrigando abraços e lágrimas dos familiares, amigos e admiradores. Interpretou bem Fernando Pimentel, o governador, quando nos cumprimentamos: "Um dia triste! Dizem que os bons morrem primeiro (que Deus chama)". Repeti pro Paulo as palavras ouvidas da autoridade dirigidas à memória do irmão. "Pimentel gostava muito do Fernando", respondeu. Não convivi com Fernando Brant. Poucas vezes, talvez três, troquei palavras com ele. A primeira, proporcionada pelo Chico Bessa, superintendente da Rádio Alvorada FM, quando fui comentarista lá na primeira vez (1990-98). Toda sexta-feira, Bessa reunia (ainda reúne) um grupo de amigos para fechar a semana com um bom papo, em algum boteco da Zona Sul, de Belo Horizonte. Ao primeiro chamado das respectivas mulheres, todos pegam rumo do endereço. Em uma dessas rodas, no Cantinho Verde, bar do Fraguinha (também jornalista e irmão de Hélio Fraga), na Rua Caraça, quase com a do Ouro, o compositor estava lá. Sentei-me ao lado e caí na real: que privilégio, cara! Em gratidão ao momento, assumi o compromisso de só ouvir, nada perguntar, nem me intrometer. Fernando Brant subtraía todos os ruídos (sons) e cores dos movimentos ao redor. Os seus olhos cobriam os quadrantes do apertado, mas aconchegante, boteco da Serra. No pedaço, o dono era um faz tudo: recepcionista caloroso, garçom de pouca estrada, cozinheiro pro gasto, caixa e até corajoso animador do ambiente, se esforçando em piadas mal interpretadas. Alojado como um comum, "um do povo" (como gosta Maurício Lara), Fernando Brant mais sorria, que conversava. Era atencioso com todos. Mas estava ali feito uma sentinela, silenciosa, vigiando (certamente, compondo) o mundo. Os seus irmãos - Roberto e Ana; depois, o Paulo - conheci bem antes. Saio do Palácio das Artes, com a cerimônia ainda em curso, e sigo para um sebo, na Rua dos Guajajaras. Procuro e encontro dois Malba Tahan - "Céu de Allah", 1960; e, o segundo volume de "A sombra do arco-iris", 1963. Este último, começa repleto de quadras. A primeira, de autoria de Roberto Júnior (!), reproduzo:
Da vida pelos caminhos,
nas estradas pedregais,
não vi rosas sem espinhos,
mas vi espinhos sem rosas...
Satisfeito, deixo R$ 29. Na saída, me voltam às palavras do governador ao compositor. Mas, então (com desculpas a todos os cristãos do planeta), que sacana esse tal Deus: vai levar daqui justamente os bons!...



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