Envido por Nairo Alméri, quar, 10.06.2015 | às 14h12h
Mesmo com a leitura de que o pacote das concessões,
anunciado ontem pelo Governo Dilma Rousseff (PT), ficou na praia de um mexidão
do conjunto de medidas baixado em 2012 e não concretizadas, os executivos de
grandes marcas multinacionais de montadoras de máquinas e equipamentos para
construção e mineração – incluindo de grande porte e tecnologia digital de
última geração – optaram por surfar em ambiente de otimismo. Foi assim nas
conferências com a imprensa, na manhã desta quarta-feira, segundo dia da
M&T Expo 2015, no centro São Paulo Expo. Os executivos não pareciam
abalados pelas análises de consultores e economistas, a maioria apontando para
um mesmo ponto: apenas 35% do valor total do pacote, de R$ 198 bilhões, sairiam
das gavetas do Governo de forma efetiva somente na segunda metade de 2018 (coincidindo
com as eleições para governadores e a Presidência da República). Ou seja, vai
estourar o prazo mínimo de espera, de 18 meses, tido como “razoável” pelas
indústrias de transformação, em geral, para a retomada da economia, após três
semestres de estagnação.
OTIMISMO PADRÃO
“Está no DNA (da New Holland) lançar novos produtos. A
nacionalização de alguns novos produtos”, declarou o vice-presidente da New
Holland Construction para América Latina, Nicola D’Arpino. O executivo italiano
da marca do Grupo Fiat, comanda apresentação
de novas máquinas e lançamentos de tecnologias agregadas à operação e
também de apoio nas ações de vendas –
óculos binoculares transparentes, que proporcionam a chamada “realidade
aumentada (RA)” - na M&T Expo 2015 - 9ª Feira e Congresso Internacionais de
Equipamentos para Construção e 7ª Feira
e Congresso Internacionais de Equipamentos para Mineração, que irá até o dia
13. Em nota da assessoria da New Holland, o grupo interpreta a visão do
executivo, que mira, também, para o convencional foco otimista. “Para o executivo,
o ano de 2015 está sendo desafiador, massa empresa sege em seu processo de
crescimento de forma estruturada, no planejamento de médio e longo prazos, com
investimentos em tecnologia e inovação
em seus equipamentos”.
GINO CUCCHIARI
Na coletiva de imprensa, Nicola D’Arpino tinha ao seu lado o
maior conhecedor do mercado de máquinas para construção no Brasil e países
vizinhos, o diretor Comercial, Gino Cucchiari. Vido da Itália no final década
de 1950 e funcionário número 2 da primeira unidade fabril da Fiat SpA no
Brasil, e que, após compras, incorporações e fusões de marcas (a mais conhecida
anterior era Fiat Allis), virou a atual New Holland Construction, Gino, que historiou a presença da marca no Brasil, é uma
lenda viva da marca entre os revendedores inclusive de concorrentes.
2 ANOS DE TESTES
Nicola desmistificou que “lançamentos” de novas máquinas, às
vezes, não passam da colocação de uma poltrona nova para o motorista ou de
componente de cor diferente. Numa exemplificação simples, o vice da New Holland
relata que, na Europa, um trator trabalha em média oito horas por dia, enquanto
que, no Brasil, até 24 horas. E mais: em função da temporada de neve, nos
Estados Unidos e Europa, um trator opera até 800 horas por ano, contra 3 mil
horas, no Brasil. Produtos lançados em 2015, completou, foram “iniciados
(engenharia de projeto)” há três ou quatro anos. “Um teste d equipamento leva
dois anos”. O gerente de Marketing de Produto, Marcos Rocha, observa que, às
vezes, são “mais de 1 mil horas” de engenharia. “O investimento em inovação, que faz parte do
DNA da nossa marca, e a produção local são duas frentes que mantemos como
prioridade no nosso planejamento estratégico para os próximos anos”, assegura
Nicola, no texto da assessoria, que, certamente, estava finalizado antes de o
Planalto soltar o pacote das concessões.
DEERE FESTEJA RESULTADO
Outro gigante das máquinas para construção, mineração e
também agrícolas, John Deere, com matriz nos EUA, também colocou diante dos
jornalistas executivos que não discordaram que as fichas das expectativas de
vendas melhores para projetos dos setores representados pela M&T Expor 2015
estavam depositadas no pacote do Planalto. Nesse marca também não discute o
marketing político do Governo e a pouca expectativa de que não será diferente
dos cinco anteriores dos governos do PT – desde 2003.
“Este (2015) é o quinto melhor ano da John Deere (Brasil) em
toda a sua história”, declarou o líder da Divisão e Construção e Florestal,
Roberto Marques. A queda estimada hoje pela empresa, disse, será de 20%. A
marca produz no Brasil, em unidades do Rio Grande do Sul e São Paulo, entre 80%
e 85% das máquinas e equipamentos que o mercado brasileiro compra em seus
nichos de atuação.
FORA DA POLÍTICA
O executivo da John Deere optou por não dar resposta
política à forma (política) como foi apresentada a questão para o sentimento de
frustração dos analistas e economistas diante das expectativas para o pacote
das concessões. “Qual a estratégia real do Brasil? Nossa estratégia não se
baseia nisso (que o pacote só teria um terço viável e para ser iniciado em 2018
e que, portanto, o Governo federal não faria compras de frotas mecanizadas para
distribuir em 2016 às prefeituras, como sempre faz em anos de eleições
municipais). Construção é diferente (das análises): acredita no Brasil. Passa
pela agricultura. Não vamos nos deixar levar por questões pontuais”, sustentou
Roberto Marques, para mesma questão, que contemplava a se a marca, a exemplo do
banco HSBC, não colocaria em pauta uma saída do Brasil, diante da falta de
políticas de longo prazo dos governos que se sucedem.
MAS COBRA PLANEJAMENTO
“Agora é preciso ter planejamento de longo prazo. O Brasil
tem futuro brilhante, mas para quem sabe esperar”, concluiu o líder da divisão de
Construção e Florestal da John Deere. A empresa apresenta na M&T Expo 2015
cinco lançamentos em três categorias de máquinas para construção. Em 2014, a
empresa concluiu a instalação de duas novas fabricas, em Indaiatuba (SP), no
total de US$ 180 milhões. Uma unidade é joint venture com a Hitachi, que
aportou US$ 56 milhões.
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