Sem caixa para 13º; água em Três Marias abaixo dos 8%
Enviado por Nairo Alméri – qua, 17.6.2015 | às 18h23
Pelo que sabe de superficial da súmula de conteúdo do
balanço das contas do 1º quadrimestre levado pela administração do Governo de
Minas Gerais à Assembleia Estadual, com superávit de R$ 823,9 milhões, está
içada a bandeira amarela para a regularidade no calendário do software que
imprime os contracheques dos servidores estaduais. Transportado o dia 30 de
abril, final daquele balanço, para 30 de novembro, a situação seria essa: recursos
do Tesouro do Estado cobririam menos de 50% da folha do 13º Salário dos
servidores de Minas.
Pressão no caixa
O fluxo na arrecadação pela Secretaria de Receita Estadual de
Minas do 1º quadrimestre, conforme documento do Executivo, teve sustentação nos
aportes do IPVA (impostos sobre os veículos). Mas, a partir do 2º semestre – 1º
de julho -, esse imposto perde força. Então, mantida a atmosfera mista (de
quase 24 meses) de desaceleração e recessão econômicas, de um lado, e, da crise
política, de outro, o fluxo dos tributos não garantirá a liquidação simultânea
das folhas de novembro e dezembro e das parcelas do abono do Natal.
Empresariado apertado
Em administrações anteriores, o governo mineiro negociou com
as duas principais federações patronais – Fiemg e Fecomércio – antecipações nos
recolhimentos do ICMS por parte dos principais contribuintes (o correto seria
tratá-los por impostados). Mas, no ambiente econômico atual, indústria e
comércio vivem a mesma pindaíba (quedas nas encomendas e vendas,
respectivamente) do Palácio da Liberdade. Ou seja, o empresariado está sem
sobras em caixa para o luxo de adiantamentos de impostos futuros.
Privilégio de poucos
Em valores de janeiro
passado, a soma dos contracheques da folha do 13º Salário dos servidores não
ficaria por menos de R$ 2 bilhões. No início de 2014, o Governo de Minas tinha
541,8 mil servidores ativos, inativos e pensionistas no Executivo, Legislativo,
Tribunais, Ministério Público e “maioria das empresas vinculadas ao Estado” –
ou “mais de 540 mil servidores” (“Folha
de pagamento de Minas será referência para Rôndonia”). Nesse mar de contracheques,
estão a salvo os dos servidores dos poderes Legislativo e Judiciário, um
privilégio em lei, que determina transferências mensais automáticas dos recursos.
Isso independe de estado de penúria ou não do caixa do Estado.
Três Marias, menos 8%
O Governo de Minas Gerais embala outro imbróglio, também de
curtíssimo prazo: o reservatório da UHE Três Marias com volume de água abaixo dos
8% dentro de 90 dias. A situação alarmante, em Três Marias e outras
hidrelétricas pelo Sudeste e Nordeste (e no planeta, em geral), é consequência
das mudanças climáticas, diretamente vinculada às agressões ambientais
promovidas pelo homem como ocupações urbanas e rurais desordenadas e escalada
nas emissões dos gases de efeito estufa - GEE. Há uma década, ao menos, Minas
Gerais convive (e não reage) com efeitos danosos desse coletivo de descuido
ambiental.
Sobradinho, menos 10%
Por ser um reservatório regulatório e o mais a montante no
Rio São Francisco, o indicador para Três Marias adverte para o efeito cascata na
jusante. O mais alarmante - previsto há
algum tempo e tornado público de forma mais consistente em 21 e 22 de maio (XXVI
Plenária ordinária do CBHSF), em Petrolina (PE) - é para o lago da represa de Sobradinho,
em Casa Nova (BA). Na segunda-feira (16), estava com 17,5%. Ficará abaixo dos
10%, em setembro.
Sair da pauta do blá-blá-blá
De momento, não há alternativa ao governador de Minas
Gerais, Fernando Pimentel (PT) para liquidar as duas questões (partes de um
rosário de 60 contas – o das rezas para Nossa Senhora). Mas pode lançar um
movimento de “distensão” com opositores políticos e abrir uma cruzada política
suprapartidária. Convocar os senadores de Minas, principalmente seus
antecessores no Palácio – Antonio Anastasia e Aécio Neves, ambos do PSDB. Pensar
grande (pensar Brasil), levando o peso do Estado na economia, o de terceiro PIB
e, ainda, o 1º na extração de bens minerais. Primeiro passo, buscar bases
sólidas para práticas imediatas (não imediatistas) de políticas emergenciais
preventivas nas variáveis econômica e ambiental. Pois, sem iniciativas inteligentes,
Minas Gerais manterá todo seu potencial na proa de sempre: de excelente player nacional em agendas
do blá-blá-blá!!!...
É federal
É claro que o cenário, no geral, não é uma particularidade mineira. Está presente em todas as 27 unidades da federação, até mesmo onde o excesso de água antecipou a calamidade.
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