Enviado por Nairo Alméri – ter, 24.9.2013
| às 9h34
Elaborado a partir de pesquisas encomendadas à ERM Brasil, o
Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) lançou ontem o estudo “Gestão para a
sustentabilidade na mineração – 20 anos de história”. Como está no título, o
documento, de 168 páginas de texto, abriga conteúdo de práticas adotadas no
setor mineral nas duas últimas décadas e lança análises com propostas para se
“alcançar o padrão de crescimento almejado pela sociedade brasileira, hoje e no
futuro”, encerra o prefácio assinado pelo diretor-presidente do Instituto, José
Fernando Coura.
Dividido em quatro grandes capítulos – Sustentabilidade,
Mineração e Desenvolvimento Sustentável, Práticas de Sustentabilidade da Mineração
e Contextos Após a Conferência – Rio+20 e Perspectivas), o estudo adotou tem um
viés diferente da modalidade que abrange grandes períodos: as comparações que
ilustram “a evolução de práticas de gestão” para as questões de cunho ambiental,
econômico, social e de governança pega épocas mais recente, 1990-95 e 2012.
Só 1,3% no GEE
O item que trata das “Mudanças Climáticas”, parte do
primeiro capítulo, retira das cotas das empresas de mineração a pecha de agressora
significativa no Brasil via emissão de gases efeito estufa (GEE). “As emissões
brasileiras decorrem, majoritariamente, de mudança de uso da terra
(desmatamento), seguido de emissões do setor agropecuário e de queima de combustíveis
em processos industriais e transportes”. No Brasil, em 2008 (Ibram), as
emissões de CO2 atingiram ao redor de 1,6 bilhão de toneladas. Desse volume, a
mineração foi responsável por 1,3%. “De acordo com inventário feito pelo Ibram
(2008), mais de 90% das emissões do setor são relativas ao uso de combustíveis
fóssil”.
Alta empregabilidade
A empregabilidade na mineração ainda é intensiva. Essa
interpretação se extrai da parte “Mercado e Efeitos Econômicos do Setor”, na
parte dedicada ao capítulo 2. No exercício fiscal de 2011, eram 175 mil
trabalhadores ocupados nas empresas de mineração. Na cadeia, somavam 2,2
milhões. Empregando dados do Ministério das Minas e Energia (MME – Plano Nacional
de Mineração 2030), de 2008, o coeficiente de empregabilidade indireta do
segmento é de 1:13, ou seja, cada emprego direto gera outros 13 (Confederação
Nacional da Indústria -CNI, 2012). No ano passado, a o PIB mineral brasileiro
foi de US$ 51 bilhões, elevação de 500% em dez anos, de acordo com o Instituto.
O GRI
não pegou
Um aspecto positivo do estudo do Ibram é a presença de
algumas (poucas, ainda) análises críticas. Cabe destacar, conforme relata a publicação,
que ainda não pegaram práticas, surgidas na década passada, como as diretrizes
da Global Reporting Initiative (GRI). “Apesar do aumento de relatórios
de sustentabilidade baseados na GRI, de empresas de mineração com atuação no
Brasil, o que indica progressão de suas práticas de monitoramento de desempenho
por indicadores de sustentabilidade, a integração e articulação de gestão tem
se demonstrado um desafio importante para as empresas. Isto se dá,
principalmente, porque foram poucas as empresas que adaptaram seus sistemas de
gestão existentes para que estes fornecessem os dados para os indicadores de
monitoramento prescritos pela GRI. Desta forma a integração e articulação da
gestão tem se demonstrado um desafio importante para as empresas”. Inserida
Gestão Ambiental, do terceiro capítulo, a crítica justifica, em tese, a citação
em destaque de apenas quatro mineradoras: Vale, Alcoa, Samarco (50% Vale) e
Mineração Rio do Norte (Vale/Alcoa).
E o futuro?
No último capítulo, de apenas três páginas, o Ibram sugere
uma retrospectiva na mineração tendo como referência a Eco-92 (Conferência
Ambiental da ONU, no Rio, em 1992). Afirma que houve “aprendizado”, mas que deve
se preparar para mudanças que virão das relações econômicas. “A questão que se
coloca agora é sobre o futuro: qual é o papel da mineração na agenda de
desenvolvimento do país? O setor está diante de uma janela de oportunidade: ser
protagonista no equacionamento de questões ambientais e sociais ampliando sua
capacidade de demonstrar à sociedade sua efetiva contribuição”.
Presenças
O lançamento do estudo “Gestão para a sustentabilidade na
mineração – 20 anos de história” foi parte da programação de abertura do 15º
Congresso Brasileiro de Mineração e Feira Internacional de Mineração
(Exposibram), em Belo Horizonte, que dura até quinta-feira. Realizado no
estande do Ibram, o evento teve presença autoridades do Governo e executivos do
setor. Além do seu diretor de Assuntos Ambientais, Rinaldo César Mancin (um dos
organizadores da publicação), estiveram o secretário Nacional de Geologia,
Mineração e Transformação Mineral do MME, Carlos Nogueira da Costa Júnior, o presidente
da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, Manoel Barreto da Rocha Neto, o diretor
de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, Roberto Ventura Santos, e o engenheiro
de Minas e consultor José Mendo Mizael de Souza (ex-secretário-executivo e
ex-presidente do Ibram).
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