Enviado por Nairo Alméri – dom, 27.1.2019 | às17h53 - modificado em 19/01/2024
CORREGO DO FEIJÃO, BRUMADINHO (MG) – O terceiro dia da tragédia segue rotina: barulho das turbinas dos helicópteros, sol quente, muitos veículos de mesmas corporações, única venda fechada. Só não é mesma coisa a esperança dos familiares dos “desaparecidos”, que, aos poucos, adquire sentido de mortos. O Córrego ainda não recebeu confirmação de nenhum residente entre os mortos, mas já começa a entregar as esperanças de que alguém seja encontrado com vida.
Dos 270 (15h) listados como “desaparecidos”, 12 são do
Córrego do Feijão, dois funcionários diretos da Vale, cinco de empresas terceirizadas,
uma advogada (comprou uma propriedade que pertenceu à Vale, a menos de 100
metros de onde ficava a Portaria principal da Mina Córrego do Feijão) e cinco
da Pousada Nova Estância, que ficou totalmente soterrada pela lama de minério
de ferro que desceu a serra após o
rompimento das barragens, na sexta-feira (25). Mortes confirmadas, até agora, é
próximo de 40.
O pequeno cemitério local (Morada Eterna), à beira do campo
de futebol, onde foi improvisada, digamos, a base aérea para o Corpo de
Bombeiros e a Defesa Civil, tem pouco espaço. Seria impossível acolher número
maior de corpos num sepultamento coletivo. Por cautela, talvez, a Vale (que não
tem uma Assessoria de Imprensa funcionando ao lado da tragédia, optando por ficar
a 12 km, em Brumadinho) ainda não fala em velório e sepultamento. Será momento
de muita tristeza, pois as pessoas são muito próximas – 2 mil habitantes no
arraial.
IMPRENSA SEM APOIO NO LOCAL
O atendimento da Vale aos profissionais de imprensa virou uma
maratona: na tangente do epicentro da tragédia, não tem representante
(jornalista) da Comunicação Social; as entrevistas ocorrem em Brumadinho (12 km)
e os números e estatísticas, em Belo Horizonte (43 km). Mas a “atualização” das
listas de “desaparecidos” é em Brumadinho. Fica parecendo os telejornais da
Globo News: quem dá notícias de Caracas ao Panamá é um correspondente em Buenos
Aires. Ou seja, o longe vira o mais perto dos fatos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário