Todas grandes mineradoras do país começam a afinar o discurso
para a 15ª Exposição Internacional de Mineração (Exposibram) e o Congresso
Brasileiro de Mineração, do Ibram, de 23 a 26 de setembro, em Belo Horizonte.
Mas em, pelo menos, um ponto não há convergência com a Vale (grupo multisetorial):
fazer palanque para o Governo. No setor de bauxita, onde as empresas são bem mais
intensivas no consumo de energia elétrica e também geradoras – participam de
consórcios que investiram na construção de hidrelétrica -, a postura é bem mais
clara.
Discurso direto
As mineradoras de bauxita são, na maioria, verticalizadas:
extraem, beneficiam e produzem alumina e o alumínio, ou seja, têm a área de
metalurgia. É um segmento que teve forte influência do Grupo Votorantim (foi o
maior grupo privado brasileiro até o final da década de 1980), da família do
empresário paulista Antônio Ermírio de Moraes. Ele liderou o patronato
brasileiro por muitos anos, mesmo não tendo presidido a Fiesp. Antônio Ermírio
nunca teve papas na língua, sempre expressou seu pensamento sem se preocupar
com a reação de governos.
Vazio
Mas a nova geração (está na terceira) da família fundadora que
hoje comanda a Votorantim não tem discurso político. E ficou ainda mais apagada
com a profissionalização das empresas. Mas nem tudo se perdeu dos ensinamentos
de Antônio Ermírio – por motivos de saudade, afastado da direção das empresas. O atual ciclo da produção de bens minerais e metais básicos para
a indústria (commodities de baixo valor agregado na balança comercial – trazem poucas
divisas) e os preços do mercado pressionam esses setores para uma revisão nas
relações com o Governo.
Edison Lobão
É esse, no momento, um dos esboços identificados para os
discursos das sessões não técnicas do congresso do Ibram, mês que vem. O
ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, foi alertado e, se confirmou, ainda
não está seguro do comparecimento.
De carona
Depois da revolta das catracas, aquelas passeatas de junho
contrárias aos aumentos nas passagens nos sistemas de transporte público
coletivo, parece que o pessoal dos carrões guardados em garagens climatizadas
perderam o medo para dizer “não” ao Governo – aos ministros e à presidente
Dilma Rousseff. É esperar para ver!
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