João Goulart, vice de JK e Jânio, se submeteu às urnas
Enviado por
Nairo Alméri – qui, 02.08.2018 | às 22h21 - modificado 03.08.2018
O imbróglio
fisiológico (de ocasião), de parte dos políticos, e, de parte de jornalistas, o
festival de besteiras em espaços inúteis formam o mosaico para o retrato do
cargo de vice-presidente da República, nesta nossa República Federativa. O
candidato a vice (isso inclui mesmos cargos nos executivos das prefeituras e
governos estaduais) é um regra três em irrelevância. Vice é um politico 0800: come
quieto, à sombra do cabeça de chapa. A história recente é recheada de inúteis vices
da República, Estados e Municípios. Esses cargos são desnecessários nas relações
da vida pública com os cidadãos e só fazem aumentar as despesas para o Erário
Público.
Pode parecer
improvável ao eleitor mais novo e/ou desinteressado com a história política do
país, mas o Brasil foi evoluído em matéria de eleição de vice-presidente da
República. Isso quando candidatos à vice tinham que ter os próprios votos
depositados nas urnas. Ou seja, precisavam subir em palanques e convencer
parcela mínima do eleitorado.
Eleições 1955 –
Juscelino Kubitschek (PSD - coligado com PTB, PR, PTN, PST e PRT) teve 3.077.411
votos; João Goulart, vice (PTB), 5.591.409 votos - mais de 500 mil que o cabeça
de chapa, JK. Os dois assumiram em janeiro de 1956. Por força de Ação
Constitucional, o vice presidiu o Senado.
Eleições 1960 –
Jânio Quadros (UDN – coligado com PL, PTN e PDC) venceu para com 5.636.623
milhões de votos, derrotando o marechal Teixeira Lott (PSD, partido de JK), que
teve 3.846.825. O terceiro candidato, Adhemar de Barros (PSP), recebeu
2.195.709 votos. Coligados à sua chapa de Jânio disputaram a vaga de vice o
mineiro Milton Campos (UDN) e o gaúcho Fernando Ferrari (MTR – apoiado pelo PTN
e PDC). Mas o vice de Lott, João Goulart (PTB), se reelegeu com 4.547.010 votos,
uma frente 300 mil votos sobre o companheiro de Jânio.
Ou seja, diferente
de agora, as chapas não eram conjuntas. Na época de JK e Jânio, o vice tinha
que ser eleito. Quando virou ditadura e veio a primeira eleição livre para
Presidência da República, em 1989, o sujeito passou a concorrer como mero
carona. Em 1960, as urnas colocaram oponentes para dentro do Planalto. Mesmo
assim, o vice cumpria agendas de Estado, até no exterior. João Goulart chefiava
missão à China quando Jânio renunciou, em 25 de agosto de 1961 – tinha assumido
em 31 de janeiro daquele ano.
Então, beira
retrocesso e espaços inúteis toda essa mídia para vices. Ficarão quatro anos
torcendo pelo impeachment e/ou morte do presidente, casos de Itamar Franco e
Michel Temer, que assumiram as chefias com as destituições dos titulares. Só
assim os vices terão algo para fazer. E, aí, vem o imbróglio: farão o quê?
JK, Jânio
Quadros, Goulart, Lott, Ademar de Barros, Michel Temer, Itamar Franco, Ferrari,
Perfil NAIRO ALMÉRI
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