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terça-feira, 6 de novembro de 2012

O que mais a Vale venderá?

06/11/2012
A Vale Manganèse France SAS, na França, e a Vale Manganese Norway AS, na Noruega, vendidas semana passada por US$ 160 milhões, nunca foram uma ‘brastemp’ para a Vale S/A. Suas operações de ferro-ligas de manganês eram bem mais um sacrifício político. Custaria bem menos produzir no Brasil, com baixo valor da energia, e exportar para a Europa. Um contrato razoável para aquelas plantas vigorou em 2004, com a Corus (mesma siderúrgica que quis comprar a CSN; depois os papéis foram invertidos), para 45 mil t de ferro-ligas.
Em setembro de 2008, a unidade da França (Rio Doce Manganèse Europe - RDME) sofreu um vazamento no forno elétrico e foi paralisada até o primeiro semestre de 2009. Isso ocorreu no ápice da crise internacional financeira surgida nos Estados Unidos. De lá para cá, muitas operações produtivas na Europa faliram, em função da crise, que permaneceu e virou a atual recessão no continente.
Agora, a Vale passa as usinas para a Glencore International Plc, da Suíça, uma gigante como trading de commodities, pertencente a investidores da Stock Exchange of Hong Kong (Bolsa de Valores de Hong Kong). Conforme comunicado da mineradora, a Glencore representará seus interesses fora do Brasil. A Vale não disse, porém, que a compradora tem interesses em seu capital social. E, por coincidência, o negócio foi anunciado após a revelação de perdas de resultado da brasileira de 57% no último trimestre em comparação ao mesmo período de 2011.

No Brasil
A Glencore é dona de um terço (34%) das ações da mineradora Xstrata, outra grande no setor. As duas têm negócios firmes no Brasil: Glencore no agronegócio, e Xstrata em mineração. A mineradora tem direitos em reservas de não ferrosos em mesma província mineral onde a Vale possui ativos, na região Norte. Desde setembro, a suíça tentava, com maior esforço, assumir a Xstrata. Suas ofertas subiram dos US$ 36 bilhões para US$ 41 bilhões, no início de outubro. O negócio está fechado, dependendo, no momento, do crivo das autoridades financeiras da União Europeia.

Sigilo
Anote isso: a maior fusão entre bancos brasileiros, Itaú e Unibanco, que formou o maior conglomerado financeiro do Hemisfério Sul (patrimônio líquido de R$ 51,7 bilhões – valor histórico), só teve o fato relevante publicado em 4 de novembro de 2008, após “15 meses” de “negociações mantidas sob sigilo”.

Fonte: Nairo Alméri, coluna “Negócios S.A”, jornal Hoje em Dia, Belo Horizonte
 

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