sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

VALE - MAIS UM VAZIO SE APROXIMA


(Da conta Facebook, 31.01.2019)
Enviado por Nairo Almeri - sex, 01/02/2019 | às 8h30

VALE - MAIS UM VAZIO SE APROXIMA

CÓRREGO DO FEIJÃO, Brumadinho (MG) - No sétimo dia, as operações de resgate e ações paralelas já começam a virar um cotidiano. As pessoas do local vão se acostumando com centenas (centenas) de desconhecidos. Agora na transição de conhecidos para vizinhos.
Mas como será, quando se forem ? E quando a imprensa se retirar e também não tiver mais as sequências dos “vivos” das televisões? E voltar o silêncio, que se forem os roncos das turbinas dos helicópteros, que, nestes dias, enchem todos os vales do Córrego do Feijão, do amanhecer ao anoitecer? E não houver mais o congestionamento de tantos carros, maior sensação de que o arraial não está sozinho?
Nesse dia final, todos retornarão para a dependência umbilical da VALE. Mas será que a mineradora aparecerá? Ou mandará terceirizados confortar quem perdeu filhos, pais, irmãos, amigos?
Hoje, a dolorosa estatística do final do dia (110 corpos resgatados [71 identificados] e 237 desaparecidos) fazia as pessoas pensarem de forma mais concreta que, logo, haverá um segundo vazio nos seus lares. A queda do número de “desaparecidos“ eleva o de mortos. É a lógica nesta catástrofe.
Na missa de sétimo dia, celebrada na pracinha do arraial, a tragédia provocada pelo rompimento de duas barragens da Mina do Córrego do Feijão, da VALE S/A, dia 25, foi citada na homilia como um “crime”. O sacerdote apelou para que os moradores não abandonem a “luta” contra as mineradores.

Além das barragens da Vale, existe a MIB - Mineração Ibirité, pertencente ao Grupo. Aterpa. Está tem três barragens a montante da comunidade, sendo uma distante 500 a 600 metros da comunidade. As atividades da MIB assorearam o ribeirão Córrego do Feijão A suspensão das atividades não retiram do caminho o risco em potencial que suas barragens representam. Isso nunca foi novidade para as autoridades públicas de Brumadinho, Governo de Minas e Governo Federal.

BUSCAS - Hoje, quebrando a rotina, nem tenente, nem capitão, nem major é bem tenente-coronel dos Corpo de Bombeiros falou das operações com os jornalistas. Essa era a rotina, com até três entrevistas diárias, que foi quebrada aqui no Córrego do Feijão. Na tarde esta quinta-feira choveu, mas foi pouco. O que seguirá na rotina serão as buscas: por volta das 4h, uma equipe dos bombeiro faz preparação e indicação de novas identificações do terreno na “zona quente”; às 5h, em Belo Horizonte, os pilotos chegam no hangar e decolam para a “base” da Igreja Nossa Senhora das Dores; às 6h, as equipes de terra começam a trabalhar; e, a partir daí as missões aéreas são retomadas dentro das demandas da área da catástrofe.

MÁQUINAs PESADAS - Como não teve coletiva, o jeito é buscar informações em canto de conversa com os militares e agentes. Hoje, as máquinas fizeram movimentação, criando espécies de talude dês de apoio, em áreas onde estão foram parar escombros das edificações, 300 metros abaixo de onde ficava a Portaria. Amanhã, assegurou-me um bombeiro, poderão iniciar as escavações em buscas de corpos.

SUBSTITUIÇÃO - Em função da chuva, logo após às 17h (não teve a intensidade da que ocorreu onte), as operações foram encerradas mais cedo. Ainda havia luz  e, por volta das 18h, foram iniciados, simultaneamente, dois eventos. Em frente à igrejinha, troca de equipes com alguns militares saindo do Córrego do Feijão e outros chegando - incluindo os de outros estados. Na pracinha, a missa, que durou uma hora e meia.

Fotos no link:
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