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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Antônio Ermírio

16/01/2013
Os últimos contatos públicos do empresário Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, foram em seus artigos semanais no jornal “Folha de S.Paulo”, em 2008. Durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, ele figurou como maior fortuna do país e um dos mais importantes empresários da América Latina. Além de dirigir aquele que foi o maior grupo privado 100% brasileiro, teve presença na política na transição para a redemocratização do Brasil (apoiou a candidatura de Tancredo Neves, em 1984, na eleição indireta para presidente da República, e, foi candidato derrotado ao Governo de São Paulo, em 1986, pelo PTB.). Em 4 de junho próximo, Antônio Ermírio completará 85 anos de idade.
Olhar para o Japão
Defensor ardoroso das soluções para os problemas do país pela via do ensino, ao participar do programa de entrevista “Roda Vida”, da TV Cultura, de São Paulo, em julho de 1990, Antônio Ermírio cunhou deixou no ar a frase: "O Japão não tem uma única matéria-prima. A matéria-prima do Japão é a inteligência. Ele realmente fez uma revolução educacional. É o que falta no Brasil. É valorizar o cérebro humano, não é? O brasileiro não presta atenção nisso".

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Copa 2014, portos e ‘Seu Tóti’

15/01/2013
Ferrovias, portos, aeroportos, rodovias, transportes urbanos e saneamento. Esse enorme leque e seus conjuntos de seus problemas e soluções necessárias urgentes serão servidos por empresários e vistos por autoridades Executivo e Congresso, e vice-versa, no InfraBrasil Expo & Summit, da Associação Brasileira de Infraestrutura – InfraBrasil, no WTC Convention Center, em São Paulo, dias 28 e 29. O segundo painel da plenária de abertura colocará o bode na sala do maior de todos os projetos patrocinados pelo Governo para a realização da Copa do Mundo, em 2014: “Alternativa para utilização dos estádios no pós-copa do mundo 2014: viabilidade financeira, casos de sucesso e projetos”.
Mas, claro, as preocupações não emanam apenas dos estádios. Pelo lado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é sabido, desde meados de 2012, que há um exagero na construção de novos hotéis. Como têm financiamentos de longo prazo, o banco colocou em campo um time de consultores para analisar a situação em capitais onde não há tradição de elevada taxa de ocupação na hotelaria. Há um ano, foi noticiado, pelo "O Estado de S.Paulo", que poderia ocorrer excedente de 5 mil leitos nas capitais da Copa. E durante os jogos – junho de 2014.

‘Pibinho’ contra
Fora dos setores diretamente afins com a Copa, a área portuária deverá criar discussões acirradas no InfraBrasil. O principal motivo, claro, é o PAC da Logística, que simplesmente teorizou uma espécie de nova abertura dos portos no Brasil: agora empresas estranhas aos serviços poderão investir em portos. Quando promoveu essa abertura, no início do mês passado, o Governo Dilma lançou a expectativa da atração de R$ 54,2 bilhões da iniciativa privada (mas, claro, podendo contar com o caixa do BNDES) até 2017. Desse bolão, contava que 57,19% (R$ 31 bilhões) fossem aplicados no triênio 2013-15. Mas o ‘Pibinho’ (crescimento do Produto Interno Bruto, o PIB) de 2012, de menos de 1%, fez murchar a tesão esperada no empresariado. É contra essa ducha de água fria que o Planalto marchará.

‘Seu Tóti’
O Planalto não precisará de muito esforço. É fava contada fazer, em2013, um “pibão” em cima da base de 2012. Com todo respeito, o ‘Seu Tóti’ (Aristóteles Ribeiro), o dono da única venda no Córrego do Feijão (arraial de Brumadinho, em Minas, onde a Vale tem mineração e 10 km a caminho do museu de arte contemporânea e jardim botânico Inhotim) dará novo vareio no Governo. Com oito décadas e meia de existência, seguro nos gastos e investimentos, ele está sempre revisando a vida. Assim fez “pibão” no ano passado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, poderia buscar um pouco de prática de gestão com esse anônimo empresário da roça, que ainda vende fiado (financia capital de giro para alimentação entre famílias de baixa renda) e a juro zero. A inadimplência em suas cadernetas de anotação é perto de zero. No Córrego do Feijão, a função social do armazém do ‘Seu Tóti’ é maior que tudo aquilo anunciado pela CEF e Banco do Brasil nos horários das novelas – os mais caros nas grades nas emissoras. A meninada do arraial estuda no grupo municipal e, na maioria, dorme e sai de casa alimentada com a venda fiada do armazém.

ABTP e Antaq
O evento da InfraBrasil agendou,  na parte reservada ao setor portuário, palestras e debates com a participação de representantes da ABTP, Brasil Terminal Portuário, Libra Terminais, Logz Brasil, Instituto de Não Ferrosos (ICZ), Mestra, Porto Itapoã, Ecorodovias & Tecondi, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Companhia Docas de São Sebastião e Dnit/Antaq (Ministério Transportes).

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Odebrecht como bússola

11/01/2013
As maiores empreiteiras do país, isoladas ou em consórcios, estão de donas de boa fatia da economia nacional: hidrelétricas, cimenteiras, portos, rodovias, aeroportos e de projetos de construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014 - do ano que vem. Mesmo com as carteiras de contratos carregadas, elas dão sinais de insatisfação e de cautela. A Odebrecht, na quarta-feira, em Brasília, deu prova em público disso.
Satisfeita com as obras públicas ganhas nos oito anos de governo Lula, a empreiteira colocou seu para alavancar o início das obras do projeto de construção do Itaquerão. O estádio é do Corinthians, time da paixão do ex-presidente. Na brincadeira, a Odebrecht desembolsou dos acionistas R$ 500milhões.
 Foi o que garantiu o seu presidente, Marcelo Odebrecht, ao sair de reunião no Palácio do Planalto. Aos jornalistas apresentou a fatura e a queixa contra lentidão do BNDES na Aprovação de empréstimo de R$ 400 milhões. Mas, dentro do palácio, foi só festa para presidente Dilma. O empreiteiro informou à chefe do Governo investimentos de R$ 17 bilhões, em 2013. Somados aos R$ 13 bilhões, em 2012, serão R$ 30 bilhões em 24 meses.

Mendes Jr
Em Minas, as duas grandes do setor, a Mendes Júnior (liderou o ranking da construção pesada nas décadas de 1970 e 1980) e a Andrade Gutierrez optaram por uma gestão mais política nos negócios. A Mendes pretende sair dos atacados de menor porte e de muita exposição política, principalmente na capital de São Paulo. A opção dos Valle Mendes, agora na terceira geração, é capitalizar o Grupo Mendes Júnior para as novas oportunidades. Isso inclui o retorno ao mercado externo, mas com estratégia diferente de quando desembarcou com o primeiro projeto no Iraque, em 1974, para construção de rodovias – depois vieram ferrovias, irrigação etc. A empreiteira de Murilo Valle Mendes acabou saindo do país, por conta da guerra contra com o Kwait e a consequente invasão (primeira) pelos Estados Unidos, em  1990, deixando um patrimônio em máquinas estimado em mais de US$ 200 milhões (valor histórico).

Andrade Gutierrez
A Andrade Gutierrez, outra empresa mineira, por sua vez, vai redobrar a cautela. No Grupo, a ordem é também fazer caixa e avançar com estudos para as probalidades no day after do imbróglio que a estiagem aprontou para o Governo Dilma, impedindo a imediata redução nas tarifas, que seria para valer a partir do primeiro dia.

R$ 6 bilhões
Ouvido por este blog, um especialista em tarifas do setor público (dos serviços concessionados) prevê bons negócios no setor elétrico  para grupos que conseguirem alavancar de R$ 4,7 bilhões a R$ 6 bilhões. Mas os acionistas terão que estar preparados para uma redução ou até postergação de parte dos recebimentos dos lucros, juros sobre o capital e outros dividendos. Além disso, disso alguns conglomerados de empreiteiras deverão sacar parte das reservas de lucros na capitalização como forma de melhorar os balanços para o mercado de bancos, pensando na hipótese de recorrer à contratação de capital.

Em abril
As danças que as empreiteiras preparam ficarão mais visíveis com a aproximação da segunda quinzena de abril, a estação das Assembleias Gerais Ordinárias (AGOs). É quando acionistas decidem os rumos das companhias.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

“Plano 2010” foi ignorado

09/01/2013
Os apuros do Governo Dilma Rousseff diante da hipótese de ter que adotar alguma medida restritiva – racionamento, contingenciamento etc. – no abastecimento de energia elétrica, é um convite para olharmos a falta de continuidade na administração pública federal. Está tudo registrado em decretos, portarias, normas, instruções normativas, publicações no “Diário Oficial da União” etc. que são jogados fora quando o governo muda de partido (às vezes, até de chefes de áreas).
No início do último governo da ditadura militar (1979-1985), do general João Baptista de Figueiredo, o então ministro das Minas e Energia, César Cals (engenheiro civil, coronel do Exército, político, ex-governador do Ceará, etc.), em toda entrevista com jornalistas da área de economia falava do “Plano 2010” para o setor elétrico. O plano estava sobre as mesas dos chefes da Eletrobras e do antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE – atual Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel).
Apesar do nome, o plano não era para ser executado até 2010. Era para bem antes: 1990. César Cals pregava o risco de faltar energia nos anos seguintes e alertava as indústrias para o perigo de déficits em geração e gargalos na transmissão. O programa previa que, até 1990, o Brasil deveria ter um conjunto de usinas hidrelétricas (UHEs) com capacidade instalada de geração para 100 milhões de quilowatts (100 mil megawatts). Seriam construídas ao redor de 300 (297) barragens para fins de geração de energia no país. Mas, em 2010, vinte anos depois, a participação das UHEs na matriz da energia elétrica era de 89,9 mil MW, para o total de 115,48 mil MW (fonte: MME/PDE 2008-2017).
A barreira que o plano defendido, desde 1981, por César Cals previa ultrapassar em 1990 só ocorrerá na virada 2014/2015 (MME/PDE 2008-2017).

Vai desaguar no CMN
A primeira posição política concreta do Governo (fora dos discursos ideológicos de governo, do ministro Edison Lobão, da Minas e Energia, e da presidente Dilma) para o problema elétrico deverá ocorrer apenas na reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN), dia 31.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Blindados obsoletos da Alemanha

08/01/2013
Não será por falta de um novo escândalo que os parlamentares do Congresso Nacional deixarão de criar outra Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mês que vem. É voz comum no Legislativo e Executivo que o Ministério da Defesa micou ao comprar 239 carros de combate reformados da Alemanha. Foram 239 unidades, sendo 220 da série Leopard 1A5, entregues em sete lotes – até outubro de 2011. O material bélico desembarcou no porto de Rio Grande (RS) e, em fevereiro do ano passado, foi “vistoriado” pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, um diplomata de carreira e Chanceler no Governo Lula - ou seja, não se trata de um oficial-general. O questionamento é o seguinte: se o país não poderia ter feito o mesmo gasto comprando um lote menor de blindados, porém, competitivos em sua missão por mais uma década.
A série repassada pela Alemanha será peça obsoleta nas linhas do mesmo fornecedor, a Krauss-Maffei Wegmann (KMW) a partir de 2015. A venda da esperta KMW custou ao país mais de R$ 200 milhões (€ 75 milhões, na cotação das 15h). Ou seja, somando os gastos nessas sucatas com a campanha do Exército na ocupação do complexo do Morro do Alemão, no Rio, outros R$ 333 milhões (€ 124,9 milhões), o Governo pagaria com sobras de caixa o desembolso de R$ 342,4 milhões ( 128,4 milhões) pelos 40 blindados Guarani, encomendados à Iveco (Grupo Fiat), de Sete Lagoas (MG).
A mesma KMW, conforme noticiou, em fins de dezembro, o jornal “Bild am Sonntag”, ofereceu 30 modernos utilitários Dingo 2 NBC (nuclear, biological and chemical) para o sistema defensivo da Arábia Saudita. A compra é de 100 milhões, coisa que os gastos com o Exército no Morro Alemão bancariam facilmente.
Sucatas de F-5
Movido por enorme paixão às sucatas de guerra, em meados de 2012, o Governo gastou US$ 55 milhões na compra de caças F-5 usados da Jordânia. Vai desembolsar outros milhões com a reforma, contratada à Embraer.   
Rodízio
Os prefeitos das capitais que serão sede dos jogos da Copa das Confederações receberão do Governo (Ministério das Cidades) pedido de avaliação para aplicação de rodízio na circulação de veículos, a exemplo do que fez São Paulo nos dias de semana.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Redação é a caixa preta

07/01/2013
O Governo do PT criou o regime de cotas para o acesso ao ensino público superior. Isso contraria o direito da igualdade entre os cidadãos defendido na Carta das Nações Unidas e na Constituição Federal do Brasil. O correto, o justo e o sério, seria criar e executar um projeto que, no mínimo, nivelasse os ensinos públicos fundamental e médio ao das melhores escolas privadas.
Mas agindo de forma política, jogando sempre para as eleições, só resta ao Governo (com apoio da Justiça), esconder a sujeira do ensino para debaixo do tapete: blindar as correções das redações que acompanham as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que garantem acesso em 101 instituições, via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com raras exceções, alunos do ensino público estão bem abaixo da média de conhecimento dos candidatos que concluíram o ensino Médio nas escolas particulares.
Então, para o Governo, blindar as redações do Enen é o mesmo que não entregar a caixa preta que esconde as mazelas do ensino público do país. Com um sistema cada vez mais xiita de cotas (bolsa de vantagens), no qual só faltam critérios religiosos, simpatia por clube de futebol e filiação partidária, o Palácio do Planalto decretou que o ensino superior nas universidades oficiais deva ter a qualidade daquilo que é aplicado nos níveis fundamental e médio nas salas das escolas públicas.
É lamentável, pois o país não é do PT (nem da base aliada). O país não merece essa commodity do retrocesso, enquanto outras nações avançam por via mais inteligente: compromisso com a qualidade na base do ensino.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Governo pune a produção

03/01/2013
As coletâneas de trabalhos produzidas nas academias e entidades de classe e corporativas brasileiras repetem pregações e promessas de décadas. E o país não implementa as soluções apresentadas e, como consequência, pouco avança. O país parece mesmo, a despeito da publicidade oficial, “deitado eternamente em berço esplêndido”. Algumas soluções propostas são tão básicas que, mesmo amarelando à espera da implementação, parecem ter saído de fóruns realizados nestes três primeiros dias de janeiro de 2013. Exemplo clássico está no texto da “Sessão Temática - Tributação e os desafios para a indústria”, no documento de trabalho “Recomendações e propostas” das conclusões do 3º Encontro Nacional da Indústria – 2008.
Do encontro, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), participaram ao redor de 1.000 líderes industriais. O evento simbolizou o encerramento de um ciclo de quatro meses de debates “sobre como fazer o Brasil crescer melhor” na visão de dirigentes de associações setoriais, sindicatos e das federações estaduais. Ao longo de 2007, aquelas lideranças edificaram mais de 500 propostas para “melhoria do ambiente de negócios e para o desenvolvimento do Brasil”.
O enredo exibido pela indústria para a questão da política tributária, discutida em 2007, continua atual. O documento abre assim:
Tributação e os desafios para a indústria
A má qualidade do sistema tributário e o elevado volume de recursos por ele recolhido contribuem decisivamente para o baixo potencial de crescimento da economia brasileira.
Os problemas do sistema são muitos. A estrutura tributária é composta por um grande número de impostos e contribuições. A legislação complexa e a incidência cumulativa distorcem os preços relativos e provocam alocação menos eficiente dos recursos produtivos. Finalmente, o sistema onera os investimentos produtivos e não permite a completa desoneração do sistema.
Os efeitos negativos do sistema tributário são potencializados em função do montante de recursos por ele recolhido. A tributação no Brasil é excessiva e crescente. A carga tributária aumentou mais de 10 pontos percentuais nos últimos 15 anos. Passou de 25% do PIB, em 1992, para 35%, em 2007.
Reverter esta situação exige alterações profundas que criem um sistema tributário de qualidade, atualizado e orientado para o crescimento e a competividade. Além disso, requer um efetivo controle do crescimento dos gastos públicos e um aumento da eficiência na aplicação dos recursos, de modo a proporcionar uma redução da carga tributária (...)”.
Cine Brasil(zinho)
Enquanto isso... Entre personagens do chamado núcleo político do ‘mensalão’, um investigado, processado e condenado à prisão pela Suprema Corte, voltará às mordomias de parlamentar no Congresso Nacional. Terá, novamente, a boa vida com o polpudo salário e mordomias oficiais (em dinheiro vivo e conforto) por conta dos cofres públicos (do povo e empresas que geram empregos).