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sexta-feira, 15 de março de 2013

A ONG Brasil


15.3.2013

Enviado por Nairo Alméri – sex, 15.03.2013 | 14h31 - Modificado 18.3.2013 | às 14h15 

No primeiro dia de seu pontificado, de Chefe de Estado do Vaticano, o papa Francisco alertou para o risco da transformação da igreja católica em uma "ONG piedosa". O que diria ele se ficasse por um dia sentado na mesa da Presidência do Brasil, no Planalto, onde tem dez ONGs atrás de cada porta?!.. Depois de consertar o Vaticano, bem que ele podia enviar uma cópia da bula para o Brasil, principalmente para o Planalto, Congresso e Judiciário.

300 mil
No Brasil, seriam mais de 400 mil ONGs e assemelhadas. As que mais mamam nas tetas públicas (da União, Estados e Municípios) têm elos com partidos políticos, ligação parentes dos políticos e sindicatos de trabalhadores, notadamente os vinculados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço direito da militância ideológica do Partido dos Trabalhadores (PT), no poder há 10 anos consecutivos. Em 2005, pelos dados oficiais, existiam no Brasil 338 mil entidades sem fins lucrativos, o equivalente a 5,6% do total de entidade públicas e privadas (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA; “A complexa relação entre Estado e ONGs”).

Nas eleições
Em 2010 (ano das eleições presidenciais, para governadores, senadores e deputados federais e estaduais), a União (Tesouro Nacional – dinheiro dos impostos em poder do Governo federal) entregou R$ 4,106 bilhões (valor de março de 2011) às entidades privadas sem fins lucrativos (EPSLs). A soma foi 86,6% superior à verba de 1999. A Associação Brasileira das Organizações não Governamentais (Abong) mostra crescimento na dependência das ONGs em relação aos recursos públicos: em 2003 (primeiro ano do Governo do PT), 16,7% das 200 mil ONGs associadas tinham entre 41% e 100% dos orçamentos bancados por “recursos federais”. Em 2007, o universo das dependentes naquela variável tinha crescido para 37,4%.

Religião
Em 2010, pelas  estatísticas da Abong, o cenário no Brasil era o seguinte:  290,7 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (Fasfil), com predominância para as  seguintes áreas: religião (28,5%), associações patronais e profissionais (15,5%) e desenvolvimento e defesa de direitos (14,6%).

quarta-feira, 13 de março de 2013

Motivos de Dilma

Enviado por Nairo Alméri - quar, 13.2.2013 | às 13h02 - modificado às 13h05
13.3.2013

A briga interna no Partido dos Trabalhadores (PT), com uma corrente insistindo pela candadatura do ex-presidente Lula, em 2014, contrariando o projeto pessoal de sua afilhada e presidente, Dilma Rousseff, que quer disputar a reeleição, é a sequência natural do resultado das eleições para prefeito em São Paulo. A fervura deu uma amenizada com as festas de final de ano, férias e Carnaval. E se Lula começar a viajar pelo país, conforme prometera, vai complicar mais ainda a vida de Dilma. Isso justifica, então, a campanha aberta por Dilma no day after a festa dos petistas paulistas para os 33 anos de fundação PT, mês passado, em São Paulo. O cenário foi tratado aqui, por outro ângulo, em 28/10/2012 (ver abaixo).


DOMINGO, 28 DE OUTUBRO DE 2012


Lula vira 'pedra no caminho' de Dilma


Em 2008, empresários da Federação das Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) pensaram em lançar Roger Agnelli, então poderoso executivo, por força do cargo de  presidente da Vale S/A, candidato ao Governo do Rio de Janeiro, em 2010. Lula, ainda presidente, satanizou a vida de Agnelli, porque queria reeleger Sérgio Cabral (PMDB).  
líder petista pressionou com discursos nacionalistas contra a multinacional brasileira. Acusava a ex-estatal federal de gerar mais empregos no exterior que no país. E usou do poder do cargo esculhambar com o executivo nos corredores do Bradesco, que é líder na holding, a Valepar, do bloco de controle do capital social da mineradora. 
O ainda presidente da Vale percebeu que seria descartado logo, após quase dez anos de "bons serviços" - assumiu a empresa com lucro anual de R$ 8 bilhões e entregou nos R$ 30 bilhões. Saiu no dia 20 de maio de 2011. 
Resumindo a ópera: Lula queria Agnelli fora da Vale não por problemas na administração que realizava, pois dava bons dividendos à União, que continua acionista. A questão era a enorme proximidade do executivo com o atual senador Aécio Neves (PSDB), na época governador de Minas. 
Aécio, em 2010, fez o seu vice, Antonio Anastasia (PSDB), seu sucessor. Com Anastasia, em Minas, e, se vingasse a candidatura Agnelli, no Rio de Janeiro, e fosse vitoriosa, isso melhoraria o  páreo para Aécio, virtual pré-candidato tucano na corrida presidencial em 2014. Lula foi alertado para isso, pois pensava firme em eleger Dilma Rousseff e retornar ao final do primeiro mandato dela. 
O PT, então, evitou um problema enorme ao manobrar com sucesso, em 2010, contra os projetos da Vale, pois segurou o poder da máquina administrativa - o PMDB é partido da 'base aliada'. Agora, por ironia, cria um imbróglio com o sucesso do ex-ministro (de Lula) Fernando Haddad, na corrida pela prefeitura de São Paulo (cidade mais rica da América Latina). Este foi praticamente carregado nas costas pelo ex-presidente, que vê sua estrela brilhar. Acontece que Dilma caiu no gosto da militância do PT e alargou margens nos partidos da 'base aliada', ao impor marca própria no Planalto, afastando quase todos os ministros herdados e a sombra do padrinho Lula,  embora não deixe de consultá-lo para decisões populares importantes (que pode ser uma estratégia).
No final da apuração, ontem, dos votos dos paulistanos, o PT passou a ter dois virtuais candidatos em 2014: Dilma e o ex-presidente Lula. Seja quem for, a maior empreitada, agora do partido, será reaproximar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, o mais paparicado por Aécio nestas eleições. Aliás, os dois foram aliados e vitoriosos, em primeiro turno, na corrida para a  prefeitura de Belo Horizonte, com a reeleição de Marcio Lacerda (PSB).


Sonho tucano

O PSB, que registrou crescimento expressivo em número de prefeituras, na capital mineira rompeu com o PT, do qual é aliado nacional (em 2008, a tríplice aliança PT-PSDB-PSB puxou um carrocel de partidos e elegeu Márcio Lacerda). O governador de Pernambuco, com o partido melhor na foto do cenário político, não aceita, por enquanto, pose de vice para as chapas que irão às urnas em 2014 disputar a cadeira do Planalto em 2014. Ter Campos como vice é o sonho de consumo de Aécio. 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Exército e o pré-sal


11.3.2013
Enviado por Nairo Alméri – seg, 11.3.2012 | às 14h22

O Centro de Estudos Estratégicos do Exército (CEEx - do Estado-Maior do Exército, o EME) comemora, em 2013, seu 10º aniversário. O CEEx/EME turbinou ações que estavam, até então, na esfera no Centro de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado Estado-Maior do Exército (CEE/ECEME). Criado em 2000, a principal missão do CEE/ECEME é "estudar problemas de segurança internacional e nacional, em seus aspectos políticos, militares, econômicos, culturais e tecnológicos". A atuação do CEE/ECEME sobre estudos acadêmicos e pesquisas em unidades do Exército é ampla e, em 2007, assumiu a Seção de Pós-graduação da Escola, com a missão de "alinhar a pesquisa acadêmica feita por todos os alunos dos diversos cursos com a pesquisa aplicada pelo Exército".

Tímido em P,D&I
A filosofia do CEE/ECEME, de atuação acadêmica sem barreiras com instituições nacionais de pesquisas, está bem clara em seus, digamos, estatutos. Falta, porém, maior desenvoltura interna e na linha de frente para pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica (P,D&I) com o setor produtivo nacional. Em outubro passado, o "Ciclo de Ciência, Tecnologia e Inovação" para alunos do 1º Ano do Curso de Altos Estudos Militares (CAEM), foi apenas um briefing de quatro sessões. A alta academia do EME fica ausente, por exemplo, das conferências da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em Empresas de Inovação (Anpei), que terá sua XIII Conferência Anual, em junho, em Vitória (ES). Neste ano, o tema escolhido pela Anpei é “Inovação Competitiva e Aberta: Transformando o Brasil”.

Além do pré-sal
Mas o Comando Exército pretende energizar a passagem do 10º Aniversário do CEEx/EME. Uma fonte do blog e ligada à instituição da Praia Vermelha, no Rio, diz que deverá ficar conhecido um amplo estudo para metas em "defesa nacional". E mais: avançaria nas questões econômicas do “mar azul” – além dentro e fora da plataforma continental.

Livro
Virou leitura obrigatória de cabeceira entre os formandos da  ECEME o livro "Defesa nacional para o Século XXI: política internacional, estratégica e tecnologia". A obra, organizado pelos pesquisadores Edison Benedito da Silva Filho e Rodrigo Fracalossi de Moraes e oficialmente apresentada na academia no começo de novembro passado, foi lançada (no mesmo mês) pelo Ipea. Para baixar na integra: www.ipea.gov.br

sexta-feira, 8 de março de 2013

Custo Brasil


Por Nairo Alméri – qui, 8-3.2013 | às 14h16
80.03.2013
A Arezzo Indústria e Comércio S.A., importante griffe nacional de calçados, cintos e acessórios femininos, com fabricação e varejo (tem franquias nos dois setores) e ações do capital social listadas na Bolsa de Valores, apresentou no balanço patrimonial de 2012 receita bruta consolidada de R$ 1,070 bilhão. O resultado foi um crescimento nominal (sem descontar a inflação) de 28,1%. Os gastos com salários, benefícios e FGTS cresceram 27,4% sobre 2011, mas ficou estável o comprometimento da receita bruta na sua liquidação, em 8,58% (8,63%, em 2011). O total da carga tributária direta para as três esferas arrecadadoras (União, Estados e Municípios) sobre a receita variou de 12,20%, em 2011, para 13,35%. Os custos com insumos adquiridos de terceiros continuaram elevados: 65,3% da receita, mas ligeiramente abaixo de 2011, de 66,8%. O lucro líquido da companhia fechou 2012 em R$ 96,8 milhões, 5,7% de crescimento. A Arezzo tem sede em Belo Horizonte e opera empresas controladas no país e exterior.

Randon
Enviado por Nairo Alméri – qui, 8-3.2013 | às 14h16

O Grupo Randon, de Caxias do Sul (RS), não pretende colocar em linha de montagem vagões ferroviários para o transporte de passageiros. Continuará apenas no nicho de cargas. E a pergunta é: por que não interessaria, neste momento, a Randon, que construirá, a partir de 2014, uma nova fábrica (modular) de vagões ferroviários, o negócio de equipamentos para passageiros? O questionamento faz sentido diante do fato que o setor de infraestrutura para o transporte ferroviário de passageiros, incluindo os vagões, receberá aportes acima de U$ 40 bilhões nos próximos seis anos. Do valor (base de dados do Governo federal, ANTF e Abifer), entre U$ 15 bilhões a U$ 20 bilhões no projeto do trem de alta velocidade (TAV) na ligação São Paulo-Campinas-Rio. Outros U$ 10 bilhões irão para os trens metropolitanos da capital paulista. O restante será pulverizado pelas demais regiões metropolitanas, incluindo grandes centros fora das capitais. Depois, viria outro grande projeto de TAV, o do ramal Belo Horizonte-São Paulo-Curitiba, com extensão superior ao trecho São Paulo-Campinas-Rio.

Accelerate Brazil
O desinteresse por vagões de passageiros foi declarado pelo diretor corporativo de Implementos e Veículos da Randon, Noberto José Fabris, na apresentação de resultados dia 28. A nova fábrica de vagões, em Araraquara (SP), custará R$ 200 milhões.  Como nada é definitivo, é aguardar a configuração dos novos rumos que o setor de ferroviário de passageiros terá a partir dos debates em 17 dos 21 eventos para a ferrovia brasileira que restam este ano. Em maio, no Rio, serão dois de abrangência geral: Rail and Metro: Latin America, de 7 a 9, e Accelerate  Brazil – Expo-Fórum Infraestrutura e Investimentos, 7 e 8. 

Um planeta desconhecido
Enviado por Nairo Alméri – qui, 8-3.2013 | às 14h16

Ao menos 70% das espécies da Terra são desconhecidas
25/02/2013
Por Karina Toledo

Agência FAPESP – Embora o conhecimento sobre a biodiversidade do planeta ainda esteja muito fragmentado, estima-se que já tenham sido descritos aproximadamente 1,75 milhão de espécies diferentes de seres vivos – incluindo microrganismos, plantas e animais. O número pode impressionar os mais desavisados, mas representa, nas hipóteses mais otimistas, apenas 30% das formas de vida existentes na Terra.

ITA seleciona professores
Enviado por Nairo Alméri – qui, 8-3.2013 | às 14h16

As inscrição vão até 4 de abril. Serão selecionados 13 professores. Lei mais: www.ita.br/concurso2013

quarta-feira, 6 de março de 2013

Há 40 anos, Fiat e Cenibra

Enviado por Nairo Alméri  -  quar, 6.3.2013 | às 15h33 

06.03.2013

Neste ano, duas importantes companhias de capital estrangeiro instaladas em Minas Gerais emplacarão 40 anos dos termos protocolares finais para suas existências. Em 14 de março de 2013, no Governo Rondon Pacheco, foi consignada com a Fiat S.p.A a decisão pela construção da Fiat Automóveis, em Betim. O chefe da casa italiana, Giovanni Agnelli, assinou o protocolo no Palácio da Liberdade, tendo o Governo de Minas como acionista – quase metade do capital. No mesmo ano, em 13 de setembro, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD – atual Vale S/A), sendo majoritária, celebrou acordo com a holding Japan Brazil Paper and Poulp Resources Development Co., Ltd  (JBP), para a construção da Celulose Nipo-Brasileira – Cenibra, em Belo Oriente. Há algum tempo, o Governo de Minas e a Vale saíram das sociedades, deixando 100% do capital com os antigos sócios.

As ‘bolivarianas’ do Mercosul

Enviado por Nairo Alméri  -  quar, 6.3.2013 | às 15h33 - modificado às 18h46
06.03.2013

No ano passado, puxando pelo cabresto Cristina Kirchner, da Argentina, a presidente Dilma Rousseff se intrometeu em assuntos internos constitucionais do Paraguai, que promovia o julgamento de retirada do mandato do presidente Fernando Lugo. A deposição seguiu o rito da Constituição paraguaia. O chanceler brasileiro, Antônio Patriota, desembarcou e Assunção, “levando uma forte mensagem da presidente Dilma Rousseff contra o que está se passando, algo inaceitável para o Brasil” (Agência Efe, 21.6.2012).
Lugo caiu. Dilma usou o episódio como uma deixa para suspender o Paraguai nas votações do bloco. O Congresso do Paraguai acusava a “revolução bolivariana” do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de desrespeito às liberdades democráticas. Por isso obstruía seu ingresso no Mercosul. Com Paraguai excluído das decisões, Dilma e Kirchner abriram caminho para a entrada triunfal (em Brasília) da Venezuela .
Agora, morre Chávez (anúncio oficial foi na tarde de ontem) e a Constituição venezuelana não será respeitada. A Presidência do país e as novas eleições, em 30 dias, deveriam ser comandadas pelo atual presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, uma vez que Chávez não tomou posse (estava doente, em Cuba) no começo de janeiro. Mas os comandantes militares se declararam pelo continuísmo do “chavismo” e entregaram todas as tarefas ao vice da Venezuela, Nicolás Maduro, que governou nestes dois meses do 4º mandato de Chávez. Maduro, apresentado por Chávez como seu “herdeiro” de sua “revolução”, será candidato. Cabello é “chavista” e não saiu em defesa da Constituição.
E então, senhoras presidentes Kirchner e Dilma? Além das lágrimas por Chávez, dirão (em solo venezuelano) que se trata de assunto interno do povo da Venezuela? No Paraguai também era um assunto interno, no qual foi respeitada a Constituição! 

terça-feira, 5 de março de 2013

Sonda IT


Enviado por Nairo Alméri - ter, 05.3.2013 | às 11h41

05.3.2013
A multinacional chilena Sonda IT, do segmento de soluções em tecnologia da informação (TI), contratou o executivo André Leite para comandar a área de negócios de SAP. O novo diretor respondia pelo setor de business intelligence, para o Brasil, na Softtek. A Sonda IT completará 40 anos de mercado em 2014, está no Brasil desde 1989, tem US$ 2 bilhões captados na Bolsa de Santiago (Chile) e se apresenta como “maior companhia latino-americana de soluções e serviços de IT


Trator coreano

Enviado por Nairo Alméri – ter, 5.03.2013 | às 11h41

Projeto do Grupo LS Mtron, o 13º maior grupo industrial e empresarial da Coreia do Sul (faturamento global de US$ 30 bilhões anuais), a pedra fundamental da futura fábrica de tratores da multinacional LS Tractor no país foi lançada dia 27, em Garuva (SC). O investimento anunciado é de US$ 30 milhões. Vai ofertar equipamentos com potência entre 25 CV e 100 CV. Essa faixa responderia por 70% das vendas de tratores no país. O presidente da LS Mtron, Jae Seol Shim, participou do evento.



Mãe (jornalista) de jornalista

Enviado por Nairo alméri – ter, 5.02.2013 | às 11h41

Por Sônia Araraipe - 06 de fevereiro de 2013




Poder, pão e inflação

Enviado por Nairo Alméri –  ter, 3.2013 | às 11h41

Olha a inflação aí gente: família gasta 27% do salário só com pão (seco)

INFLAÇÃO DOMADA ? POR QUEM ?

Por Nelson Tucci – São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

D. Dilma não deve saber quanto custa um pãozinho. É, refiro-me ao pão francês, que tem esse nome em São Paulo e na antiga Tabela da SUNAB , mas que é também conhecido como "cassetinho" pelos gaúchos e por “pão de trigo” entre os catarinas. Enfim...

sexta-feira, 1 de março de 2013

Randon pela Randon

Enviado por Nairo Alméri – 01.3.2013 | às 18h50 - alterado às 21h55

01.3.2013
Caxias do Sul (RS) – Após um tour matinal pelas dependências de uma das principais fábricas, a Fras-le S/A (autopeças – maior fornecedor de freios do país para a indústria automotiva, ferroviária e aviação e material de fricção em geral da América do Sul) e nas pistas do campo de provas (recebe veículos civis e militares de todas as montadoras instaladas no país), a caravana de jornalistas do Sul e Sudeste chega ao núcleo do principal complexo do Grupo Randon, Interlagos. Fomos convidados para a apresentação dos resultados do balanço patrimonial de 2012. Mas eles não eram mais novidade, pois desde a véspera, a quarta-feira (27), a Bolsa de Valores tornara público os valores consolidados da holding das onze empresas (inclui 17 fábricas de implementos rodoviários, autopeças, vagões, caminhões especiais e máquinas rodoviárias, das quais seis no exterior - Argentina, Estados Unidos, Argélia, Egito, Quênia e China), a Randon S/A – Implementos e Participações. Alguns veículos deram lapadas nos números macros. Nada a reparar, pois é a lei: companhia de capital aberto e com ações listadas em Bolsa deve comunicar seus fatos relevantes primeiro à BM&FBovespa.
Como nos dez anos anteriores, a diretoria estava lá, entre galpões e prédios administrativos, para as boas vindas aos jornalistas e posar para a foto do 11º Encontro com a Imprensa e Convidados.
Há algum tempo, o time de comando da Randon foi profissionalizado. Mescla executivos filhos de Raul Randon (fundador do Grupo Randon e presidente do Conselho de Administração) e profissionais de mercado. Nestes anos todos, se apresentam como um coral gregoriano bem ensaiado, no qual prevalecem os fundamentos das vozes ocupando seus tempos, do agudo para o grave: soprano, contralto, tenor e baixo. Tem voz para o recado aos investidores e alfinetadas nas políticas públicas e estruturais da economia; a que coloca um tom ligeiramente abaixo; e, as intermediárias, em maioria, para detalhamentos operacionais – financeiros e de produção. Não há muita novidade no rito. A as partes, diretoria e jornalistas, se conhecem um pouco.

Contramão do mercado
A leitura simples dos números da Randon, então, perdeu lugar. Desde o último dia de fevereiro, eles são figuras provocadoras de análises. É o caso do valor nominal (não deflacionado) dos investimentos (R$ 276,9 milhões), que a diretoria manteve e que ficaram 11,5% acima de 2011, enquanto as receitas bruta (R$ 5,350 bilhões) e líquida (R$ 3,501 bilhões) encolheram, respectivamente, 16,2% 15,7%. As perdas foram, principalmente, por conta das retrações dos negócios no país para caminhões (-40,5%) e semirreboques (-20%) e na contratação de frete com reflexo para veículos rebocados (-11,6%). Conjugadas com as indefinições nos juros das linhas de créditos do BNDES (principalmente para o PSI – Programa de Sustentação de Investimentos), elas pesaram em nichos importantes para a Randon, conforme notas encaminhadas à Bolsa e reafirmadas por seus diretores. Em 2012, a montagem de caminhões foi de 132.820 unidades, 540,5% inferior a 2011 (223.388).

Impactos do ERP
Mesmo prevendo que seria um exercício fiscal desfavorável (“2012 foi, sim, um ano de muitas dificuldades. O pior ano de resultados dos últimos dez ou onze anos” – Alexandre Randon, vice-presidente das empresas Randon), a Randon seguiu com investimentos que considerou imprescindíveis, como no sistema integrado de gerenciamento de produção e administração ERP, do SAP (R$ 100 milhões). A assimilação da nova linguagem foi também a causa perdas de receitas na Fras-le (líder na América do Sul em freios e materiais de fricção em geral) e na principal empresa do grupo, a Randon Implementos. Nesta última, houve oscilações em sua participação de mercado (caiu para 28,8%, no primeiro trimestre, e encerrou em 30,4% - abaixo da média histórica de 35%). Antes da implantação do ERP, principalmente no exterior, o grupo operava vários “sistemas diferentes”, comentou o presidente da Randon, Abramo Randon. Ele aponta essa uniformidade com um dos referenciais para prever resultados melhores que os de 2012.

80% de ocupação
O número um entre os executivos da Randon faz sua aposta em cima de negócios fechados neste trimestre, como a licitação vencida de entrega de 775 retroescavadeiras para o Governo, no nível de ocupação, de 80% da capacidade, das fábricas de implementos (reboques, semirreboques e carretas) e na operação em três turnos na Fras-le.

5ª maior do mundo
Além de líder no país (entre 150 fabricantes) e na América do Sul no mercado de implementos rodoviários, a Randon é o 5º maior do planeta, atrás de uma indústria da China, duas dos Estados Unidos e uma da Alemanha. As fábricas estão com capacidade de produção diária para 118 a 120 semirreboques/dia, 100 a 102 carretas e seis a sete vagões, informou o diretor corporativo para Implementos e Veículos, Norberto José Fabris. Até outubro de 2012, o grupo tinham colocado no mercado perto de 4 mil vagões de cargas.

Fatores favoráveis
“Vamos colher bons frutos”, diz otimista David Randon, para quem a queda de 84,2% no lucro líquido do ano passado, para R$ 42,6milhões – abaixo de 25% do resultado médio no período 2008-11, de R$ 169 milhões – é página virada. Somando com ele, o diretor corporativo de Relações com Investidores, Astor Schmitt, que despejou uma avalanche de críticas às posturas políticas do Governo, em 2012, aponta fatores positivos para 2013: definição, para até o final do ano, nas reduções no IPI para máquinas automotivas, e nos juros do BNDES no PSI (3% ao ano, neste semestre, e, 4%, no segundo). Por enquanto, Schmitt assegura que a Randon segue a previsão de “especialistas e Governo”, de crescimento de 3% do PIB (foi de 0,9% em 2012) neste exercício e de colheita recorde nas lavouras. “Nós estamos trabalhando com essa variável”, diz.

Safra e Argentina
O diretor de RI da Randon alia ainda os fatores favoráveis na agricultura da Argentina, onde “todas as restrições (para exportações de bens brasileiros) estão superadas”. Incluiu também a absorção do impacto negativo que foi a transição da tecnologia dos motores, de Euro III para Euro V, causou nas vendas de caminhões em 2012 (houve antecipação de compras em 2011, em função das incertezas na prorrogação de taxas baixas para o PSI, em 2012). A expectativa é a de que serão produzidos no país entre 170 mil e 175 mil caminhões (20% a 25% a mais) e 60 mil implementos rodoviários.

Reavaliação nos investimentos
Mas o otimismo coletivo transmitido pelos executivos da Randon (“Sempre procuramos pensar olhando para o futuro”, David), não supera uma característica imprimida ao longo de seis décadas por Raul Randon: política conservadora. E isso pesou na decisão da reavaliação no Plano Quinquenal de investimentos, anunciado, há mais tempo, para R$2,5 bilhões. “Lá na frente é que vamos planejar se será de cinco ou para 6 anos”, sinalizou o presidente.

Menos de 50%
De momento, o certo é, neste ano, a redução para menos de 50% do valor investido em 2012 - de R$ 276,9 milhões para R$ 130 milhões. Schmitt frisa que eles serão “essencialmente” no Brasil, pois no exterior foram concluídos.

Fábrica de Araraquara
O maior investimento em planta nova no país será a fábrica de vagões e reboques para cana-de-açúcar em Araraquara (SP). Anunciada, em maio de 2012, como um negócio de R$ 500 milhões, o valor foi refeito, nas palavras do presidente da Randon, para R$ 200 milhões. As obras devem ser tocadas a partir de 2014 e concluídas em cinco anos. Essa unidade elevará a atual capacidade instalada em vagões de cargas da Randon de 800 unidades/ano para 2 mil. Em 2012, a empresa “faturou” 862 vagões (913, em 2011). Araraquara absorverá também a linha de reboques para transporte de cana-de-açúcar nas usinas de álcool.

Fica em Caxias
O diretor de RI fez questão de assegura que o grupo manterá o nível de 80% de todas as atividades em Caxias do Sul. David diz não ter mais espaço físico para crescer no município. Então, quando a fábrica de Araraquara estiver concluída, a unidade vagões será transferida para lá, abrindo espaços na sede para o crescimento das outras áreas.

Dever pouco
Os executivos da área financeira da Randon não definiram origem dos recursos para o Plano Quinquenal – citaram facilidades com BNDES e Finep. Mas Schmitt deu a dica para aquilo que não deverá ocorrer: a opção do Grupo Randon sempre foi a de baixa alavancagem, ou seja, não contratar muito dinheiro no mercado de bancos.

Como está
O endividamento líquido (descontados o equivalente aos recursos em caixa e a receber) consolidado, em 31 de dezembro, era de R$ 760,4 milhões, ou seja, um múltiplo de 2,7 vezes o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações – ou geração operacional de caixa). É tido como baixo, mas ficou bem acima do 0,69, em 2012, e, bem mais que 0,13, em 2010. “Mas vamos baixar para menos de uma vez”, assegurou Schmitt. Isso significa olhar mais para um dos ensinamentos de Raul Randon: posição conservadora de sempre dever pouco na praça bancária.

 Oferta de dinheiro
O diretor Financeiro da Randon S/A (holding), Geraldo Santa Catharina, observa que a “dita estrutura de capital conservadora abre espaços” para facilitar os investimentos e manter uma “boa bancabilidade” (negociar com bancos privados). Lembrou que, no final de dezembro, a empresa fez uma colocação de R$ 300 milhões em debêntures simples (não conversíveis em ações em com resgate para sete anos), com recursos para alongamento da dívida. A valorização das ações preferenciais da companhia foi de 48,9%, em 2012, sete vezes acima do desempenho do Ibovespa (principal indicador da BM&FBovespa), de 7,3% e funciona como espelho para investidores e bancos de negócios. É visível que o grupo se cerca do cuidado para não deixar espaços às invisíveis “vozes do mercado”. Prefere a Randon pela Randon.

Volumes vendidos
No período 2008-12, o Grupo Randon investiu R$ 1,251 bilhão e o patrimônio líquido consolidado, incluindo as joint ventures, dobrou, de R$ 907 milhões para R$ 1,857 bilhão. Para este ano, as projeções macros do grupo são: receita bruta, R$ 6 bilhões (retorna ao nível de 2011 - R$ 6,385 bilhões); receita líquida, R$ 4,1 bilhões; exportações, US$ 300 milhões (US$ 264 milhões, em 2012, queda de 10,3%); receitas geradas no exterior, US$ 92 milhões (US$ 121,9 milhões, mais 12%); importações, US$ 120 milhões; e investimentos, R$ 130 milhões.

Mesmo nível de 2011
Por áreas principais, as receitas brutas da Randon com veículos e implementos diminuíram 11%, para R$ 1,849 bilhão (21.106 rebocados – menos 17,8%; 1.085 especiais – mais 30,3%; e, 862 vagões – menos 5,6%). Em autopeças, a receita, de R$ 1,572 bilhão, mostrou queda de 22% (vendidas 73.400 t de materiais de fricção – menos 6,7%; 745.347 freios – menos 33,5%; 81.816 sistemas de acoplamento – menos 28,9%; 319.973 sistemas de suspensão e rodagem; e, 21.629 t de fundidos – mais 30,9%).

Dispensas
A Randon, que opera também um consórcio e banco, encerrou 2012 com 11.166 funcionários, 9,8% a menos. No corte de 1.217, 40% trabalhavam na área de autopeças e, 18%, de veículos rebocados.