Numa apresentação que, na proporção direta do total dos
investimentos, de US$ 1,280 bilhão, até 2017, inundou de otimismo a plateia presente
ontem na Fiemg, a diretoria executiva mineradora Ferrous Resources do Brasil
abriu nova temporada de projetos de longo prazo no Quadrilátero Ferrífero de
Minas Gerais. O objeto do evento foi o Projeto Viga 15 Mtpa, na lavra que receberá, em complemento, um moderno complexo de mineração de ferro (mina, concentração e embarque
ferroviário) nos municípios de Congonhas e Jeceaba, no Alto Paraopeba.
O cronograma de compras da Ferrous começa pela engenharia de
detalhamento. A planta expandida de Viga saíra da capacidade nominal atual, de
3,5 milhões t/ano, para 15 milhões t/ano de minério na virada 2016/17. O
produto seguirá para o mercado concentrado com teor de 65% de Fe. Atualmente, em
três (outras duas em Brumadinho) das quatro minas que explora na mesma região
econômica, a companhia tem capacidade instalada para produção de 5 milhões
t/ano.
Financiamento
No projeto Viga, os acionistas da Ferrous serão convocados para
aportes de capital da ordem de US$ 500 milhões. A fatia maior, US$ 700 milhões,
dos investimentos será contratada, incluindo linhas do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Reestruturado
Em função da folga no modal ferroviário de carga em dois –
MRS e FCA - dos três ramais existentes em Minas, a Ferrous pôs na gaveta dois
projetos: mineroduto (400 km) e o Porto de Presidente Kennedy (ES) Se fossem
mantidos, o esforço de caixa seria de US$ 5 bilhões – quase quatro vezes superior.
O minério será escoado pelo Porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro. Uma provável
planta siderúrgica, em Juiz de Fora (MG), cogitada há três anos, não foi sequer
relembrada - justificam o projeto anunciado do Grupo EBX, em São João da Barra
(RJ), que nem foi para o papel, e siderúrgica CSA, inaugurada pela Vale e a ThyssenKrupp,
em Sepetiba, no Rio, em 2010, para 5 milhões t/ano de aço, que micou. A
exploração da reserva que a multinacional detém no Sul da Bahia (cogitada em 1,1
bilhão de toneladas de reserva, com teor abaixo de 30% de Fe), também não foi
mencionada.
20 anos
Os diretores presidente da Ferrous, Jayme Nicolato Corrêa, de
Implantação, Lênin Porto Mendes, e Ambiental, Cristiano Parreiras, deram
colorido ao jeito da estação do ano recém-chegada. Os fornecedores terão a
possibilidade de uma convivência mínima de “duas décadas” – palavras do
presidente. O prazo, porém, poderá ser dilatado, se constatada a viabilidade econômica
de um crescimento de 540 milhões de toneladas para 750 milhões de toneladas na
extração líquida de minério.
Caminhões para 190 t
Para retirar da mina de Viga a produção anual projetada, a
Ferrous contratará a entrega de 12 caminhões fora de estrada com capacidade
para 190 toneladas de carga. Nas compras – 140 pacotes, de acordo com Lênin, um
veterano saído da Vale –, a indústria nacional ficará de fora dos “equipamentos
de grande porte” e moinhos, que serão importados – as compras no exterior
poderão superar US$ 300 milhões. O diretor Ambiental colocou a mineradora no
calendário de três frentes principais nas relações com as comunidades
diretamente envolvidas: educação, turismo (economia forte de Congonhas) e
cultura, e, produção agropecuária (destaque para a bacia leiteira, de Jeceaba).
Era passivo ambiental
“Chegamos onde poucos acreditavam, lá no início, em 2007 e
2008”. O comentário partiu do advogado Adriano Bernardes, um dos primeiros
diretores executivos da sociedade que deu origem à Ferrous. A ele coube
reativar a antiga mina Esperança, da Emesa, em Brumadinho, que era mais
conhecida pelo tamanho de seu passivo ambiental – um dos maiores do setor
mineral na região metropolitana de Belo Horizonte. A mina é limítrofe ao Museu
Inhotim e às margens do rio Paraopeba. Desde 2007, para atingir a capacidade
nominal de hoje, a mineradora assegura ter investido US$ 44 milhões.
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