OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS (OU INTERVENÇÃO) FEDERAL NO ARRAIAL
Enviado por Nairo Alméri – dom, 27.1.2019 |às 17h578
CÓRREGO DO FEIJÃO, BRUMADINHO (MG) – De forma efetiva e para
desempenhar alguma função de frente nas operações e investigações do rompimento
das duas barragens de rejeito de minério de ferro da Vale, chegaram hoje agentes
da Polícia Federal (DVI) e do Exército. Essas forças federais se unirão aos
militares da Aeronáutica, que ontem chegaram com equipamentos digitais para
comunicação por sistemas de satélite.
A presença do Exército e da PF coincide com medidas assumidas
bem cedo pelo comando local do Corpo de Bombeiros: proibição geral de entrada de
pessoas na mina, incluindo os da Vale em qualquer grau de gestão. Na madrugada
de hoje, por volta das 5h30, a população local foi acordada por alertas de sirene
e mensagens em megafone. As pessoas foram acordadas com ordem urgente de busca
de “rota de fuga”. Traduzindo: ir para pontos altos. É que a Barragem de B6, ou
de Barragem de Água, desde o acidente com a 6 e a 4, é monitorada com viés de
rompimento.
Os alertas atingiram níveis 1 e 2. O nível 3 é para estado de rompimento. Naquele momento, continuavam proibidas de retornar às casas os moradores das áreas atingidas, a chamada “zona quente” (fora dela, “zona morna” – mais alta, e fora da geografia afetada tragédia). Foi terrível acordar com aquele alerta, no meio de silêncio. Um pouco desesperador avisar vizinhos que não ouviam. Mais, ainda auxiliar pessoas com dificuldade – entrei na casa de um idoso e que tem pouca audição (por sorte, há dez dias, fiz uma cópia da chave do cadeado do portão dele), que entendia daquela situação inusitada: sendo acordado, ainda escuro, e com ordem de sair de casa.
ENTENDA O RISCO NA BARRAGEM B6
Às 8h30, quando o pessoal da Vale ainda não estava impedido de acesso, a convicção de todos envolvidos era de que o “risco de rompimento” superava qualquer nível de segurança para aquela construção. Foi após a constatação de uma segunda “mexida” na represa, também tratada por “Barragem de Água”. Menos de meia hora após, quando oficiais do Corpo de Bombeiros já tinham determinada a proibição de acesso do pessoal da Vale, que até deslocava algumas máquinas na mina, aquele “risco” aumentara. Jargão que deu a dimensão do perigo: o sismógrafo (não tenho a certeza se era esse equipamento) registou um aumento substancial no “nível de água do maciço”. Não se sabe, ainda, o porquê de a Defesa Civil não ter adotado “Nível 3”, ou seja, ordenado o terceiro alerta. Na Vale, que já não tinha mais “comando” da situação, não havia dúvida quanto ao “indicativo forte” de acidente: rompimento.
Às 15h, os helicópteros retomaram os sobrevoos de resgate dos
corpos, foi quando o nível de risco baixou de 2 para 1. Mas, o dia, de menos de
meio expediente, certamente, seria, talvez, com o resgate de número de vítimas
em relação à ontem, mesmo com as autoridades tendo identificado o local onde
está um ônibus com cerca de 20 corpos.
LIXO, FAUNA E BICHOS PEÇONHENTOS
Os moradores continuam a receber café da manhã, lances antes
do almoço e à tarde/noite. Também recebem água potável, medicamentos e outros
artigos para suas necessidades. Os desalojados, nos diversos locais do município,
foram alojados em Brumadinho.
Mas, a partir de hoje, o arraial precisará de um serviço
especial de coleta de lixo. Na situação atual, os caminhões da limpeza terão de
fazer percurso de até 80 km. A área do aterro sanitário está afetada – fica a
acerca de 5 km daqui, e 10 km de Brumadinho. O acesso por, está também
interrompido. Mas tem o lixo orgânico, principalmente animais mortos, na área
do rastro da tragédia.
Há também o deslocamento de animai silvestres. O que deverá
preocupar mais é a presença, na área urbana (casas) dos peçonhentos: cobras, escorpiões
e aranhas. Dentro do arraial tem um Posto de Saúde. Mas ainda não se sabe se
foi emitido alerta da Vigilância Sanitária nesse aspecto, aqui e em outras
localidades. Seria função da Comunicação Social da Vale, Prefeitura, Governo do
Estado e Federal (com a presença absoluta das forças da União).
Assim, aqui, os fatos para jornais, rádios, TVs e redes
sociais ocorrem contrariando, talvez, as vontades da mineradora. E essa a
impressão que jornalistas do exterior – tem uma equipe de TV da Ucrânia – levarão.
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