Enviado por Nairo
Alméri – sex, 22.11.2013 | às 6h27
O Partido dos Trabalhadores atropelou, de vez, nossa rota democracia
quando, na manhã de ontem, estacionou a van no complexo penitenciário da
Papuda, em Brasília, levando uma tropa de choque de senadores e deputados
federais do PT. A elite entre os estrelas vermelhas no Congresso quebrou normas
de segurança e regras do cumprimento das penas ao ordenar a abertura dos
portões, para estar com seus “companheiros” condenados no “mensalão”, em crimes
de corrupção e desvios de dinheiro público no primeiro Governo Lula (2003-2006).
Por 40 minutos, os parlamentares comunicaram ao ex-presidente do partido (e
deputado licenciado) José Genoino as regras do jogo: seria noticiada, on line, aos quatro cantos, a
precariedade de seu estado de saúde; o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardoso (deputado federal PT-SP), pressionaria o Supremo Tribunal Federal (STF);
ele seria conduzido para um hospital; e, não mais retornaria ao cárcere.
Em ato paralelo, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN, principal partido aliado do PT), consumaria outro golpe. Este manobraria
pelo adiamento da sessão de cassação do mandato de Genoino, empurrando para
depois de janeiro de 2014. Assim foi feito. Isso dará tempo para que uma junta
médica, de “médicos da Casa” (todos, há três décadas, conhecidos do deputado
presidiário) faça uma perícia com laudo decretando sua incapacidade para
exercer o mandato. É isso o que falta ao PT para “legalizar”, na Câmara, a
aposentadoria de Genoino, que, hoje, seria acima dos R$ 30 mil mensais. Se for
cassado, não terá como ser aposentado.
Esse será apenas mais um capítulo recente no leque dos episódios
dos desacatos dos políticos do PT a julgamentos da Suprema Corte – último
estágio que a sociedade tem para fazer valer os direitos garantidos na
Constituição. As leis do país são claras (menos para o PT) que político
condenado perde, de forma automática, o mandato eletivo, emprego no serviço
público etc. Aliás, com o exercício da ética, a lei seria mero adereço. É assim
que as instituições funcionam em países democráticos e regidos pelo império imparcial
da lei, como a Suécia, o Chile (invejável e próspero vizinho latino-americano,
que, para sorte do seu povo, não faz fronteira com o Brasil. Exceção para o
Peru e a Colômbia, no momento, em todos os nossos fronteiriços há retrocessos
em tudo).
Na Papuda, antes do desembarque da tropa de choque, o PT
impôs uma série de quebra de regras da instituição carcerária. Os familiares
dos ex-cardiais Genoino, José Dirceu (ex-ministro e ex-deputado) e Delúbio
Soares (ex-tesoureiro nacional do PT) tiveram privilégios nos procedimentos das
visitas. Outro fator igualmente grave é quando o Governo do PT pressiona para
que seu militante, acometido de doença cardíaca seja imediatamente levado a um
hospital de elite, o das Forças Armadas. É dever do Estado garantir a
assistência médica a todos cidadãos, sem excluir àqueles sob sua custódia. Mas qual
tem sido o expediente do Governo do PT para com as demais centenas de milhares
de presidiários doentes e sem médicos (nem mesmo os cubanos, importados sem
romper alguns grilhões aparafusados pela ditadura dos irmãos Castro – Raul e
Fidel) que apodrecem (alguns há décadas) nos cárceres deste país?
Se o Governo do PT não deixar sobreviver um gesto de
inteligência e fiapo de coragem para enfrentar os desmandos de seu fundador
mais expressivo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e corrigir rumos, é certo que o país, lamentavelmente,
amadurecerá mais para chafurdar na lama bolivariana que impera na Venezuela,
Bolívia e Equador, para onde Cristina Kirchner mergulha aceleradamente a
Argentina. O PT está afundando o país numa ditadura com fantasia de “democracia
relativa”, a que era defendida pelo general Ernesto Geisel (1974-79), penúltimo
ditador do regime imposto pelo golpe militar de 1964. Não haverá democracia
plena diante do fundamentalismo dos ex-dirigentes dos Sindicatos Metalúrgicos
do ABCD paulista, no qual apenas o PT faz o bem. Essa corrente não vê crime na
corrupção de seus militantes, nos “aloprados” (Lula) que forjam dossiês, levam
dólares na cueca e viram milionários nos superfaturamentos das obras do
Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, como as do escandaloso bilionário
projeto da transposição das águas do rio São Francisco.
Mas a culpa por este estado de coisas não é exclusiva do PT.
É também da sociedade, de dentro e de fora desse partido, que se acovarda
diante dos exageros que nasceram no day
after da ditadura militar, em 15 de março de 1985, dia da posse de José
Sarney no Planalto, hoje senador pelo PMDB-AP. Na sequência vieram os governos também
enlameados de Fernando Collor de Melo (senador PTB-AL – em exercício), Itamar Franco
(senador PPS-MG – falecido), Fernando Henrique (PSDB – sem mandato), Lula (PT -
sem mandato) e da presidente Dilma Rousseff (PT). Todos eles, incluindo a atual
inquilina do Planalto, têm culpa pelo estágio de desacatos, descréditos,
tungagem ao erário (em todos os níveis da administração pública) etc. que encobre
o país quadrante a quadrante. Assistimos (e aceitamos) um complô coletivo e
suprapartidário contra todas as instituições do Executivo, Legislativo e
Judiciário, que perderam a credibilidade.
Contudo, a culpa individual do PT supera a de todos os demais
partidos juntos. A agremiação dos trabalhadores pregou 20 anos de fidelidade à ética
e conclamou prisão plena aos corruptos. Mas rasgou suas bulas em 1º de janeiro
de 2003, quando Lula recebeu a faixa de presidente da República. O país foi
cúmplice do PT na bandeira que alimentou esperanças, e lhe entregou o voto de
confiança. Mas foi precocemente frustrado, o que ficou claro depois que o
ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), também “mensaleiro” e condenado pelo STF,
resolveu delatar com detalhes, em maio de 2005, um “esquema” (autos da Ação
Criminal 470) montado pelo então publicitário Marcos Valério (condenado e
preso) e o poderoso ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (era deputado
pelo PT-SP). Sem os detalhes, a roubalheira já tinha recebido lampejos em noticiários
da segunda quinzena de setembro de 2004, nas edições do antigo “Jornal do
Brasil” e “Veja”, sendo fontes o próprio Roberto Jefferson (então deputado) e
seus colegas Miro Teixeira e Roberto Freire.
O problema, aqui, seu Nairo, é só um: Genoino não poderia ser preso. Isso quem diz é o ministro Marco Aurélio, do próprio STF. Genoino foi condenado a prisão no regime semiaberto. Sendo assim, é inconcebível que tenha ficado preso, em regime fechado, por um só minuto. Mas, o Torquemada Joaquim, para satisfazer a sua incrível necessidade de vingança, usou de seu poder para malversar os fundos públicos fazendo com que a PF levasse todos os acusados presos por causa do Mensalão até Brasília. Isso custou, segundo nosso levantamento, ao menos 60 mil reais. Gasto inútil, pois, de acordo com a lei, todos eles têm direito a cumprir a pena em prisão no seu domicílio ou onde a família estiver mais perto.
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