Enviado por Nairo Alméri – ter,
26.3.2013 | às 12h45 - modificado às 14h33
Há alguns
anos atrás, era comum se ouvir nos discursos dos políticos, toda vez que
buscavam entendimento em aliança nacional, a frase: “passa por Minas”. Refletia
o peso político que o Estado tinha no Congresso e no cenário nacional. A frase
foi consolidada por uma das últimas raposas políticas (no sentido de como fazer
política) deste país, o então governador Tancredo Neves, quando articulava sua
candidatura à Presidência República. Foi o último pleito pelo voto indireto
(dentro do Colégio Eleitoral imposto pela ditadura militar), em 1983 e 1984. O
mineiro enfrentou o paulista Paulo Maluf, representante do sistema militar.
O misto da importância
política de Tancredo e a sede do país por democracia plena patrocinaram
fantástica romaria nacional de políticos e empresários (dos maiores grupos da
produção e de banqueiros – Mathias Machline, Antônio Ermírio de Moraes, Amador
Aguiar etc.) à capital mineira. Os portões do Palácio da Liberdade ficaram
estreitos para o cotidiano entra e sai. A mídia nacional foi obrigada fortalecer
suas sucursais locais.
Quase 30
anos depois, o neto de Tancredo, o ex-governador e senador Aécio Neves
(PSDB-MG), revê as lições do avô. Tenta aglutinar fatores para uma provável corrida
ao Palácio do Planalto. Enquanto Tancredo dava luz ao Palácio da Liberdade (abria
os portões para os refletores), Aécio negocia ao pé do ouvido. No momento, o
presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é a melhor
opção visível de Aécio para vice. Por coincidência, é a mesma desejada pela presidente
Dilma Rousseff, em sua corrida ir à reeleição, em 2014. Nas pesquisas, de
momento, o governador e neto de Miguel Arraes (um dos maiores políticos em
tempos de democracia do Nordeste e duas vezes governador do mesmo estado) é
fator de desequilíbrio.
A desejada composição
de Aécio com o chefe do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de
Pernambuco, “passa” pela Prefeitura de Belo Horizonte. Para ter Campos como vice,
Aécio terá, antes de tudo, de convencê-lo que a sua oferta é uma boa moeda de
troca: garantia da chapa do prefeito reeleito da capital mineira, Márcio
Lacerda (PSB), para o governo de Minas. Dilma oferta os cofres do Tesouro
Nacional como o arco-íris que transformará todo sertão do Nordeste numa Suécia
tropical brasileira.
Commodities de Aécio
Até 2008, Márcio
Lacerda era conhecido como ex-empresário bem-sucedido (serviços para operadoras
de telefonia fixa e de montagem de pequenas centrais telefônicas), ex-secretário-geral
de Ministério da Integração Nacional (primeiro Governo Lula) e ex-secretrário do
Desenvolvimento de Minas (segundo Governo Aécio). O prefeito foi invenção política
do senador do PSDB. A sua metamorfose deixou patente que a política terá, cada
vez mais, soluções de proveta. Assim como ele, o atual governador de Minas, Antônio
Anastasia, professor universitário de Direito e técnico em administração
pública (ex-secretário-geral no Ministério do Trabalho, no primeiro Governo
Fernando Henrique), é outra commodity política
OGM (de organismo geneticamente modificado) plantada por Aécio.
Colheita
O senador
mineiro terá que fazer boas colheitas por todas as estações que restam de 2013
e até a primavera-verão de 2014. E, como tem sido especulado, não se descarta nova
pavimentação por uma estrada bem conhecida, a que leva de volta à Praça da Liberdade.
O 21 de
abril
O jogo político sugere atenção às agendas do próximo dia 21 de abril, quando o
país rende homenagens aos heróis da Inconfidência Mineira. É também data do
anúncio da morte de Tancredo, em 1985. Se o céu do campo de pouso de São João
del-Rei ficar pequeno, muda a análise nacional.
Camilo Penna
De João
Camilo Penna (ex-presidente das elétricas Cemig e de Furnas, ex-secretário da
Fazenda de Minas e ex-ministro da Indústria e Comércio) para este blog: “A velhice
é uma boa característica. Pena que dure pouco”.
Corintianos órfãos de diplomacia
Enviado por Nairo Alméri –
ter, 27.3.2013 | às 14h33
Por
Cristina Moreno Casto, do blog kikacastro – 25.3.2013
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