sexta-feira, 24 de abril de 2020

'Premier' Braga Netto e as 'Reginas'



‘Premier’ Braga Netto e as “Reginas Duarte” do capitão
Enviado por Nairo Alméri - sex 24/04/2020 | às 2h16 - modificado 24/04/2020

O presidente Jair Bolsonaro tirou do Ministério da Saúde uma ameaça política em dose dupla. O médico e ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (médico e ex-deputado federal) conduzia a pasta com popularidade crescente. E disparou no ápice das medidas de contenção à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), acima dos 70%. Era quase o dobro do chefe do Planalto.

O índice sinalizou a Bolsonaro o tamanho da ameaça política do DEM, partido de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, aos seus pés. O, então ministro, encarnava um potencial puxador de votos para adversários em 2022, nas eleições presidenciais.

Ministro hidroxicloroquina

Bolsonaro criou a bandeira da Covida-19 pela hidroxicloroquina. Além desse confronto com ministro, foi para rua desacatar a recomendação do de pleno isolamento social. Mandetta foi demitido. O chefe do Planalto fez novo ministério o médico Nelson Teich. Este aceita o receituário do presidente, para medicação ampla da hidroxicloroquina. 

Sem poder

Mas Teich ficou sem poder sobre 60% das operações do Ministério. Bolsonaro entregou essa fatia ao secretário-executivo. Na sala deste posto, o 2º da pasta, está o general Eduardo Pazuello.

Carona no brilho de Sérgio Moro

Bem antes de Mandetta, porém, corria em raia própria o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro - ex-juiz federal da Lava Jato. Moro, contudo, tinha brilho próprio desde quatro anos da eleição de Bolsonaro. Foi por isso que, o então candidato, buscou aproximação ao ainda magistrado. Era uma arma para arrebatar votos antipetistas. Moro pôs o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (fundador do PT) na cadeia, acusado e condenado por corrupção. 

Promessa do STF

Em primeiro momento, Bolsonaro amarrou o apoio de Moro à promessa de, na primeira vaga, colocá-lo sentado na bancada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa vaga será aberta em janeiro de 2021. A promessa assustava os ainda envolvidos e não julgados nas investigações de corrupção política pela Operação Lava Jato e outras frentes.

Retira e repõe

Como Moro continuava mais juiz (mantinha investigações) que político, o presidente quis fazer um teste. Retirou a promessa feita a Moro, alegando que era hora de o Supremo ter um “evangélico”. O tiro saiu pela culatra. Não rendeu nem entre evangélicos. A promessa foi reposta.

Juiz que não virou político

Porém, Moro, a juízo de Bolsonaro, não retribuiu ao gesto, foi ingrato, ao deixar a Polícia Federal investigar as fake news. Elas, explicam adversários, chegariam no vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente.

 Vingança explícita

Então, esse clima entornou na quinta (23/04): Bolsonaro encurralando Moro. Pressionou por sua saída, via ameaça de intervenção pessoal na PF. Quer entregar do comando da instituição a amigos de sua família. Traduzindo: às indicações dos filhos.

Pouca chance

É improvável que o atual ministro da Justiça sobreviva toda esta estação.

Paulo Guedes na fila

A fúria de Bolsonaro contra os ministros com voo próprio, porém, não termina em Mandetta e Moro. Está na fila outro ‘superministro’, o da Economia, Paulo Guedes.

Casa Civil coordena oficialmente grupo para propor ações de governo 
Véspera da demissão, o ainda ministro
 da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, 
ao lado general Braga Netto. Agiu
como censor do colega.
 - Foto: RedeBrasilAtual/Internet 

General Braga Netto

Guedes, um neoliberal (da geração ‘Chicago Boys’), defende menor escala do dinheiro público nas frentes de recuperação da economia pós-Covid-19. Quer mais capital privado. Contudo, os generais do Planalto querem ações “nacionalistas”. Portanto, o mesmo quatro estrelas da trombada final em Mandetta, o general Walter Braga Neto, ministro-chefe da Casa Civil, quer Guedes fora do barco. Bolsonaro é ex-capitão do Exército.

Guedes não apoia 'Plano Marshall'

Nesta semana, Braga Netto investiu contra o chefe da Economia. Cooptou dois ministros submissos - da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O militar lançou um “Pró-Brasil”, logo apelidado de ‘Plano Marshall Brasileiro’ do Braga. Programa com previsão de gastos públicos da ordem de US$ 55 bilhões.

General comanda

Equipe de Guedes não participou da montagem nem foi ao lançamento, uma coletiva do general. Braga Netto coordenará.

Salim Mattar reage contra

Mas, teve reação contrária. Braga Netto tentou aliviar, dizendo se tratar apenas de um conjunto de ideias. Mas, no Ministério da Economia, o secretário especial de Desestatização, Desenvolvimento e Mercados, Salim Mattar (empresário José Salim Mattar Júnior- fundador e dono do Grupo Localiza), sem apego ao cargo, criticou em mesmo dia. Reagiu primeiro que o general. Afirmou que o tal ‘Plano Marshall’ era coisa do Planalto. E que não há fonte de recursos para tal. 

Recluso

Guedes anda mudo desde a ascensão meteórica de Mandetta, nas primeiras ações contra a pandemia. O titular da Economia fez os anúncios de macro do bilhões para “plano emergencial” e, em seguida, saiu de cena.

Ministros do bem

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, astronauta Marcos Cesar Pontes, sem orçamento, ainda não retornou à órbita da Terra. Ele é tenente-coronel da Aeronáutica. Na Casa Civil, Braga Neto sucedeu ao trapalhão Onyx Lorenzoni, despachado para o Ministério da Cidadania. Este é para o presidente bem mais uma dívida (peso vivo) de campanha que ministro de fato. A dupla não preocupa.


Por onde anda Regina Duarte?

Feita esta varredura, Bolsonaro dará ordem unida em um Ministério de ‘Reginas Duarte’. Por falar nisso, por onde anda a Secretaria Nacional de Cultura, Regina Duarte (atriz licenciada da TV Globo)? 

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