Enviado por Nairo Alméri - ter, 28.5.2013 | às 13h30
Grande parte dos congressos, conferências e assemelhados no
Brasil ficam por conta das festas, passeios e jantares. Isso ocorre também na
área da ciência, da engenharia de precisão etc.
De 3 a 5 de junho, a Associação Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), realizará a XIII Conferência,
em Vitória. Conforme está no site institucional, a entidade tem 246 associados
(157 empresas, 80 entidades orientadas a P&D no setor produtivo e 9 pessoas
físicas). As empresas são das áreas de serviços tecnológicos (19%), químico
(13%), máquinas e equipamentos (12%), eletro-eletrônico (7%), autopeças (7%),
energia (7%), alimentos (6%), biotecnologia (5%), papel e celulose (4%),
petroquímico (2%), siderurgia (2%), mineração (2%), construção civil (2%) e
outros (12%). No total, 73,5% têm capital no Brasil e 26,5% no exterior. Elas
estão concentradas no Sudeste (73%) e Sul (23%).
Inversão de valores
A Anpei é representativa. Mas ainda para em detalhes, como o
de insistir na presença de ministro de Estado (e só convidar o da Ciência,
Tecnologia e Inovação), quando deveria ser uma atitude inversa: o Estado correr
atrás e estender tapetes vermelhos para empresas inovadores.
Furnas
Mas muita coisa é festa nas conferências da Anpei, o que contribui
para atrasos no país. Na programação da XIII Conferência figura entre os 32
cases de inovação a serem apresentados está um estudo por Furnas Centrais
Elétricas (Furnas), uma estatal controlada pela Eletrobras, para o
desenvolvimento de “bateria estacionária de lítio-ion como alternativa nas
telecomunicações do setor elétrico brasileiro”. Essa apresentação está ficando
amarelada: figurou no 27º Congresso Brasileiro de Manutenção, da Abraman
(Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos), no Rio, em setembro
de 2012. Bateria de lítio é um programa que se arrasta nas estruturas de Furnas
desde 2005. A Eletrobras é patrocinadora do evento.
Coreia avançou
E resta saber se a estatal não está perdendo tempo e recursos
com uma tecnologia que poderá nascer obsoleta. Uma questão séria nessas
baterias é o tempo de duração da recarga. Na Coreia do Sul, conforme noticiou o
Uol (Leia) um mês
antes da apresentação de Furnas, em 2012, o Instituto Nacional
Ulsan de Ciência e Tecnologia, desenvolveu baterias de íons de lítio carbonizadas
que podem ser recarregadas de 30 a 120 vezes mais rápido que a convencional.
Presença compulsória
Resumo da ópera: enquanto conferências e
congressos científicos, no Brasil, forem espaços para patrocinadores, corre-se
o risco de aplaudir carroças tecnológicas. O ideal seria o Estado promover
muitas conferências e congressos tecnológicos pelo país e só dar pedestal para
estudos em P&D que de fato respondessem às urgências do país para sair da
rabeira tecnológica que se encontra para a média ponderada de todas as áreas. Ministros
deveriam ser obrigados a comparecer em congressos tecnológicos.
Roda vida
No final da XIII Conferência, como em
todas as anteriores, a Anpei divulgará a “Carta de Vitória”. Será mais uma e,
como as demais, não deverá apresentar, na XIV, balanço concreto de feitos. E
virão novas conferências, festas e cartas ...
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