segunda-feira, 11 de março de 2024

BNDES homenageia Maria da Conceição Tavares

Enviado por Nairo Alméri - seg 11/03/2024 | às 23h50
A PRÓPOSITO DE MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES
Brasília - A presidente Dilma Rousseff a professora Maria da Conceição Tavares, quando a economista recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia de 2011- Foto: Antônio Cruz /Agência Brasil

A renomada economista luso-brasileira MARIA DA CONCEIÇÃO DE ALMEIDA TAVARES (professora universitária e ex-política pelo PT-RJ), será homenageada amanhã (12/03) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A iniciativa é do diretor-presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (ex-deputado federal PT-SP)

ERA DIFÍCIL ACOMPANHAR - A economista Maria da Conceição (93 anos) fez sucesso no cenário político do país nos anos da década de 1980. Sua marca foram críticas diárias a (Antônio) Delfim Netto (fará 95 anos em maio), ministro do Planejamento no Governo Figueiredo (último ditador). Delfim tinha sido ministro da Fazenda de outros dois ditadores.

Salvo engano, Maria da Conceição e Delfim foram colegas, como professores, em alguma academia. Ela lecionou na UFRJ e segue titular na Unicamp.

Eu era da Sucursal do JB, em Belo Horizonte. A economista muito frequente à capital mineira, só perdia para os voos diários Santos Dumont-Pampulha. Como cobria Economia, sempre, compulsoriamente, era escalado para segui-la.

Em uma dessas feitas, Maria da Conceição, que já falava mais rápido que metralhadora vietcong e arrastava sotaque de fado atropelado, do Sul de Portugal, estava raivosa mais que o normal. E mais uma vez, para não variar, com o Delfim amargando na saliva da colega. Salvo engano, o fato gerador da nova contrariedade era a maxidesvalorização da moeda nacional frente ao dólar norte-americano.

Para meu azar, em mais uma sessão do destemperou diário dela, eu estava sozinho para a entrevista. Os demais colegas gravaram a palestra e caíram no cerrado…

Logo no início da entrevista, parei de escrever. Estávamos em pé e eu anotava em laudas, dobradas no sentido longitudinal. “Pois, tu não escreves (quase rolou um “gajo”)!”, protestou a economista, ouvida da Praça Sete à Avenida Vilarinho, em Venda Nova. Me desculpei, quase em zero decibéis, explicando que o cérebro e os dedos que seguravam a caneta entraram em parafuso (não usei essas palavras).

Mas, em ato contínuo, sem dar tempo para a artilharia dela posicionar o torpedo seguinte, tive a coragem de propor uma água e nos sentarmos. Eu já estava com dor de cabeça e a sensação segura de que uma ‘motoca de baiano’ (rompedor hidráulico de concreto e asfalto) perfurava meu crânio com aquela lança. Com uma cara mais furiosa que a de costume, me escaneou dos pés ao último fio de cabelo, e emendou: “Só se for muito rápido!…”. Ufa!

A solução dos outros colegas, para evitar a sessão despirocada das entrevistas com a economista, era gravar, ir embora e, na Redação, ouvir em rotação lenta!… E faziam isso praticamente sem perda de conteúdo para a entrevista. Motivo: a economista remoía mesmas raivas das palestras nas conversas com jornalistas. Não desviava porque queria sempre marretar seu propósito de momento.

Na segunda metade dos anos da décadas 1990, Maria da Conceição foi deputada federal pelo PT-RJ. Mas tem registro em fases importantes da economia do país, como participação na elaboração do Plano de Metas durante o governo de Juscelino Kubitschek. Delfim foi deputado federal (PPB-SP), 1987-2007.

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