No esforço das montadoras, sorteio de retro, desconto em peças, fotos
Enviado por
Nairo Alméri – sex, 12.06.2015 | às 16h34
Um ambiente que
mescla carteados de pôquer e truco, nos quais o jogador pode blefar amparado
pela legalidade. Até mentir. É isso que se pode dizer, na média, para aquilo
que se ouviu (em conversas individuais), até o meio da tarde da quinta-feira
(ontem), de dirigentes das entidades empresarias e executivos-chefes do front
das decisões da produção, marketing e vendas das indústrias representadas nas
feiras (ocupando médios, grandes e, até mesmo, luxuosos estandes – o conforto
na recepção ao cliente é também fator de decisão) e congressos internacionais da
construção e mineração da M&T Expo 2015, realizados pela Associação
Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).
Os eventos (9ª
Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Construção e 7ª Feira e
Congresso Internacionais de Equipamentos para Mineração) encerram amanhã, no
São Paulo Expo, cinco dias de ambientes pródigos para todos os paladinos. Na inauguração,
pessimismo unânime à espera do conteúdo do “pacote das concessões” (de R$ 198,4
bilhões em investimentos - no papel). Até o meio da semana, as empresas ainda
digeriam análises pessimistas dos economistas e consultores (o pacote começaria
a sair do papel em 2018, ano eleitoral, mesmo assim apenas para 30% do valor –
R$ 69,2 bilhões). E, a caminho do final, mesmo com os negócios firmes saindo de
simples consulta, as cartas ainda eram postas com extrema cautela.
Nesta última
etapa, o jogo para quem buscava informação era outro, e para muita cautela: da
paciência. E quem dava (e omitia) as cartas eram os executivos. E nada atestavam
seus efusivos sorrisos, apertos de mãos, abraços e sugestões de “tome mais um”
(whisky, cerveja, refrigerante, suco, água ou cafezinho) dirigidos a representantes
de potenciais compradores de máquinas e equipamentos.
Bloqueio conjuntural
Fica,
portanto, sem efeito, também, a projeção soprada da
possibilidade de negócios fechados e iniciados da ordem de R$ 1 bilhão nesta M&T Expo. Mesmo assim, isso seria pouco
mais de 50% do projetado para a feira internacional Agrishow, palco das vendas de
tratores, colheitadeiras e equipamentos para o agronegócio (setor que bomba no
PIB)-, no mês passado. Esta, em Ribeirão Preto (SP), terminou a sua 22ª edição com
prognóstico de queda, sobre o evento e 2014, com queda de 30% nas possibilidades
de negócios. O agribusiness dá
respostas anuais. Na construção e mineração, os ciclos são mais longos.
Sem novidades
A única nuvem
com possibilidade de certeza, então, nesse evento: os dirigentes da Sobratema,
entidades apoiadoras (51 do país, e, 20 internacionais – fonte: “Guia Oficial”)
e expositores podem (PODEM) ter jogado fora a fantasia dos ufanismos do Governo.
Mas ainda ficam devendo uma demonstração consistente. Contudo, esse ensaio não
trouxe novidades e trilhou no previsível, no obvio. Ver post “Atras
da agrishow, a M&T Expo – Fim das publicidades para trilhões de R$ dos PACs”
– 16.05.2015.
Nem Finame ‘alongado’
O
vice-presidente da New Holland Construction para America Latina, Nicola D’Arpino,
em meio ao enorme burburinho no gigantesco estande que a empresa do Grupo Fiat
montou na M&T Expo 2015, desviou sempre de uma resposta ao pedido de
informação para vendas firmadas. “Vamos, sim, vender. Mas não faço previsões”,
desconversou. De forma machadiana (com um ponto final), encarou a insistência
por informação e afastou pra longe qualquer euforia imediata com o pacote dos R$
198,4 bilhões com uma revelação: “Olhe: nem eu (o Banco CNH Industrial – braço de
apoio aos clientes da Case New Holland) dando a taxa Finame (linha incentivada
de longo prazo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES)
na parte não financiada do equipamento e carência (prazo para começar a pagar),
o cliente está tomando a decisão!”.
Financia até
o sinal
A New
Holland buscou, no banco relacionado, formas para facilitar as vendas da marca.
Em press release distribuído pelo Grupo Fiat, o Banco CNHI detalha os juros no
Finame PSI – programa de Sustentação do Investimento: para empresa com
faturamento anual de até R$ 90 milhões, taxa de 7% ao ano e, no máximo, financiamento
de até 70% do bem; acima, juros de 9,5% aa. e, até, 50% do valor. “No Banco CNH
Industrial, o cliente pode financiar em até 60 meses e ainda conta com 24 meses
de carência”, garante o banco. Acrescenta, de acordo com a nota, que facilita o
valor da “entrada”, financiando 20% a 40% do valor total do equipamento via
linhas CDC (crédito diretor ao consumidor), cobrando juros de 8% aa. e prazos
de 12 a 48 meses.
John Deere
nada diz
Ainda entre
as grandes marcas, na John Deere, na assessoria prevalecia o silêncio para o tema vendas ou negócios iniciados. “É uma postura da Deere”, resumiu o
assessor consultado. Um comportamento proporcional ao tamanho colossal no espaço físico, ao ruído e à atenção despertada por suas máquinas (uma
era da parceira Hitachi).
Caterpillar
otimista
Na Caterpillar,
ou simplesmente CAT, a fonte consultada (não nominada, pois o jornalista não se
identificou – outras fontes não serão citadas pela mesma razão) previu que
seriam vendidas entre 15 e 20 máquinas. Duas horas depois, a fonte corrigiu o
prognóstico: “Agora acredito que (as vendas) chegarão a um mês de produção”. Algumas
das máquinas e equipamentos expostos pelas grandes montadoras custam R$ 1,5
milhão – pagamento à vista.
Ternos na
Wirtgen
No estande
do Wirtgen Group (marcas Wirtgen, Vögele, Hamm, Kleemann e Ciber), com várias
unidades fabris no Brasil, a postura do time era mais aberta. Os técnicos e
vendedores se comportavam dentro de seus termos (todos iguais – estavam assim
uniformizados) com mais desenvoltura. Eram mais autônomos. No final do segundo
dia da feira, as marcas contabilizavam 39 unidades vendidas. “Até o fechamento
(amanhã), acredito que serão 100 a 110”, previu um funcionário. Ali, também, os
preços são elásticos, de R$ 150 mil a R$ 1,5 milhão (preço provável de
referência para uma nova usina de asfalto da Ciber).
Terex bem
consultada
A multinacional
Terex, que tem operações com a Volvo internacional, contabilizava, até pouco
mais do meio da tarde de quinta-feira, 10 consultas para uma grua lançada na
feira (100% nacional), montada na carroceria de um pick-up, direcionada para reparos
em redes energia elétrica e de telecomunicação. Ao seu lado, um estático
guindaste sobre rodas para 200 toneladas e custo de R$ 1,5 milhão, permanecia
sem interessados.
Sorteio de
uma retro CAT
A bem da
verdade, as empresas procuraram formas diversas para encarar algo do tipo “se
vira nos 30 (segundos)” – disputa de um programa de televisão na qual o
competidor tem 30 segundos para cumprir seu desafio. A norte-americana Caterpillar,
via seu concessionário, foi a mais ousada. Distribuiu um folheto anunciando o “super sorteio”
de uma retroescavadeira Cat 416E. Claro, o concorrente terá que adquirir um bem:
receberá 1 cupom para cada R$ 50 mil em compras. No dia 22 de setembro, na revendedora
Sotreq, em Jaguaré (SP), será realizado o sorteio.
Desconto nas
peças da NH
A New
Holland levou para o estande um lindo esportivo Maserati, na cor amarela - a
oficial mundial para máquinas e equipamentos de construção. O esportivo virou a
vedete e ilustrou muitas fotos dos visitantes. Além disso, a marca promoveu
desfiles de modelos para sua grife. Isso, claro, ajudou a encher sés espaço.
Mas, para o cliente, o atrativo ofertado era: 10% de desconto em “peças genuínas”
(menos pneus, material rodante, baterias e lubrificantes) na compra de “qualquer
máquina” da marca “durante a feira”.
Komatsu põe
na capa
No estande
da gigante Komatsu, do Japão, líder com seus caminhões fora de estrada em
minerações – a Codelco, no Chile, opera modelo com capacidade para 380
toneladas – nada fluía também para as vendas. A asiática oferecia como
mimo aos visitantes a chance de uma foto em “capas” das revistas IstoÉ, Exame,
Caras e da M&T Expo.