terça-feira, 9 de junho de 2015

Sobratema aposta no "pacote"

Enviado por Nairo Alméri - ter, 09.6.2015 | às 12h58

Como recomenda a bula das boas relações com o Governo, o empresariado estufa sempre o peito de otimismo nas horas que antecedem aos "pacotes" econômicos - hoje foi de R$ 198 bilhões em concessões públicas. Mesmo quando a experiência passada exibe um rosário de frustrações. Foi assim, nesta manhã, no ambiente da coletiva de imprensa que antecedeu à abertura da feira e congresso da Associação Brasileira de Tecnologia para a Construção e Mineração (Sobratema), a M&T Expo 2015, em São Paulo. "Nossa expectativa é que a gente vai retomar (o crescimento) de forma paulatina ... Mas será melhor que 2014... Já chegamos no fundo do poço", declarou o presidente da Sobratema, ao final de uma apresentação de gráficos comparativos que retratavam o sentimento empresariado do setor de locação de máquinas para construção e mineração e indicadores para alguns resultados globais.
A pesquisa, exibida pelo consultor econômico da Sobratema, Brian Nicholson, aponta que o empresariado da construção avaliou em 92% que o volume de negócios no primeiro semestre deste ano foram piores (33%) e muito piores (59%) que igual período de 2014. Eles apontaram como principal "problema" os atrasos nas obras (79%). Num horizonte mais longo, desde 2012, os empresários apontaram como problemas principais os atrasos nas obras (40%), falta de mão de obra especializada (40%) e de crédito (10%). Neste ano, apontaram como principais causas para os atrasos a liberação de verbas (70%), os licenciamentos ambientais (18%) e a licitações (12%). Em novembro, os revendedores de equipamentos para a construção ("linha amarela") ouvidos pela Sobratema, previam que os negócios para 2015, em comparação com 2014, apresentariam queda de 12,2%; passou para -32,6%, em fevereiro; e, -35,9%, em maio.
E como quem renova votos antigos, o presidente da Sobratema colocou em mesma cesta todos os ovos das expectativas do empresariado do segmento nas medidas que o Palácio do Planalto anunciara em seguida: "É um pacote que a gente acredita que vem com posicionamento diferente do passado (dos mesmos governos do PT)", assinalou Afonso Mamede. Mas, como sempre fizeram os empresários em outras ocasiões em que o Governo interferiu com medidas de "impacto" político contra o sobre o descontrole da economia, o dirigente deu ênfase à colocação de 3 mil a 4 mil km de rodovias nos editais de concessões.
Na sessão de perguntas, ao responder sobre em quem confiar no Governo, o dirigente foi enfático: "Estamos chegando no fundo do poço, porque o modelo político se esgotou".

PUNIÇÃO NA LAVA JATO
Os dirigentes da Sobratema não fugiram ao tema da corrupção dos escândalos políticos envolvendo políticos da "base aliada" do Governo - PT, PMDB, PP, PDT etc. - e as grandes empreiteiras do país, com os desvios de bilhões de reais nos contratos da empresas do Grupo Petrobras, principalmente, revelados nas investigações da Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal e Polícia Federal do Paraná. As investigações, que apontam desvios que podem superar R$ 15 bilhões, e resultado em prisões de donos, acionistas controladores e controladores das empreiteiras e também de ex-diretores de empresas do Grupo Petrobras.

400 MIL DEMITIDOS
"É uma fase que as empresas que estão sendo envolvidas estão sendo julgadas. O pior (e não desejável) é as pessoas condenarem o setor inteiro", ponderou Afonso Mamede, Ele defendeu "punição aos culpados" e se disse certo de que "o mercado" já está fazendo seu juízo para a questão. Eurimilson Daniel, um dos vices da Sobratema presente à coletiva, destacou que a construção (dados da Fiesp) já demitiu 400 mil no país, por conta da atual recessão econômica e dos impactos das paralisações e crises que nas empresas que resultaram das revelações da Lava Jato. Ele também defendeu, de forma aberta, punição aos culpados apontados nas investigações do escândalo.

CONFIANÇA NO GOVERNO
Perguntando em que figura do Governo, se na presidente ou nos ministro da fazenda, Joaquim levy, e do Desenvolvimento Econômico, Armando Monteiro, a direção da Sobratema creditava a confiança anunciada, de que, agora, com o pacote das concessões, o país não assistirá reprises de outras seis tentativas (com enorme peso político) de medidas de impacto, o presidente da Sobratema tangenciou. "Não se trata de confiar em A, B, C. O Governo está trabalhando, o Congresso está trabalhando", disse. Juntou a isso as manifestações de ruas, que seriam, também, uma demonstração de que "(o país) está mudando".

CHINA
Os dirigentes da Sobratema também concordam que a falta de poupança externa do país é um agravante na retomada do crescimento, pois o deixa por conta dos investidores externos. Mas não enxergam riscos na recente enxurrada de empréstimos do Governo da China, que irá financiar projetos básicos na infraestrutura. "A China não vai negociar com o Governo. vai negociar com os empresários (investidores)", ponderou. E não acredita que o país ficará refém. Mário Humberto Marques, também vice da Sobratema, lembrou que o capital da China já está presente em projetos de linhas de transmissão (setor elétrico) e que não criou problemas à concorrência no país. Acrescentou que não vê ameças na presença do capital abundante da China, desde que "faça (concorrência) com ética". 

A M&T EXPO
A M&T Expo 2015 – 9ª Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Construção e 7ª Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Mineração, aberta hoje seguirá até o dia 13, com mais de 400 expositores do Brasil e exterior e a expectativa de receber 54 mil visitantes. Site da feira: http://www.mtexpo.com.br.


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