Se os mentores políticos do “mensalão”, José Dirceu
(demitido do poderoso cargo de ministro-chefe, o ‘chefão’, da Casa Civil de
Lula e, em seguida, cassado pela Câmara dos Deputados) – e José Genoino
(deposto do cargo de presidente Nacional do PT), se intitulam “presos
políticos”, também o são o ex-publicitário mineiro Marcos Valério (SMP&B e
DNA), a ex-banqueira Kátia Rabello (dona do extinto Banco Rural) e todos os
demais (políticos ou não). E, de quebra, serão todos os demais condenados pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470, pois, de acordo com aquela
Corte, agiram na mesma plataforma do crime: a do roubo de dinheiro público!
O PT ainda não se deu conta de que precisa assumir seus erros
e tentar reescrever a sua história, assumindo todas as suas “maracutaias”
(referência de Lula às ilicitudes que o PT apontava no Governo de Fernando
Henrique, do PSDB). Contabilizar como filhos seus todas as ilicitudes (corrupção,
desvio de verba, superfaturamentos, licitações fajutadas etc.) da administração
federal nascidas de 1º de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva
sentou praça no Palácio do Planalto, até o mais recente escândalo (propina),
noticiado nesta semana, que bateu na antessala do ministro (desde Lula) da
Fazenda, Guido Mantega. Os investigados pela Polícia Federal, agora, são o
chefe de gabinete de Mantega, economista Marcelo Estrela Fiche, e seu adjunto,
Humberto Alencar (também chefe da Assessoria Técnica e Administrativa). Neste
caso, seriam meras acusações políticas?!... E serão, também, ‘presos políticos’,
se condenados e trancafiados?!...
Mesmo colecionando uma enciclopédia de fatos de corrupção
nestes quase 13 anos de Governo (de poder, aquilo que perseguiu por quatro
eleições presidenciais seguidas, até vencer em 2002, com Lula), o PT prefere se
olhar no espelho com a fantasia de inocente.
Mas seria mais coerente com a nobreza que externava no
passado, nas portas das fábricas, lá na década de 1980, na criação, se o
partido colocasse seus dirigentes (apenas os íntegros) em período sabático,
para repensar o futuro. Mas não. O PT está cegado por duas obsessões imediatistas:
contra-atacar, apenas contra-atacar, as edições de “Veja”, “IstoÉ” e “Época” e a
de reeleger a presidente Dilma Rousseff, em 2014, a qualquer preço. Não será
novidade alguma, então, se o partido partir para porrada eleitoral, comissionando
os black blocs (vândalos mascarados) para o posto da antiga e temida tropa de
choque da militância petista, comandada dentro da Central Única dos
Trabalhadores (CUT).
As vozes dos intelectuais desembarcados do Poder e do PT (praticamente),
ainda no primeiro Governo Lula, deveriam ter mais ouvidos que os discursos magoados
de porta de cadeia deste final de semana. Mas não. O partido, em definitivo,
não admite refletir. A prioridade é estender tapetes vermelhos e tratar como nobres
antigos cardeais zebrados, como fez o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
ao proibir a Polícia Federal de algemar seus colegas petistas.
O PT peca, mais uma vez, ao ceder à estratégia vesga de
Lula, de transformar condenados em ‘heróis’. Acredita ele que, com os zés do PT
na cadeia e, do lado de fora, discursos inflamados, o partido puxará pontos
estruturantes do ibope para Dilma. No passo seguinte, o STF os liberta (é bem
provável), e faz-se, então, desfile em carro aberto pela Avenida Paulista. Dilma,
por sua vez, encomenda o modelito para a segunda posse.
Pobre povo. Vai à urna obrigado por lei (mesmo com a
Constituição garantindo a liberdade de expressão), para não pagar multa, continuar
no bolsa família, ser cotista racial no acesso à universidade, prestar concurso
público ou ter passaporte para conhecer Miami!...
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