Timidez para mudar relações com Governo
Enviado por Nairo Alméri – ter, 19.01.2016 | às 0h27 - modificado em 20.01.2016, às 8h27
Entidade que congrega empresas de revenda (dealer),
fabricantes, locadoras de máquinas pesadas para mineração e construção, as
maiores empreiteiras e importadores de equipamentos pesados, a Sobratema - Associação
Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, é uma fonte segura na
economia do país para se aferir a relação direta dos impactos dos contratos
oficiais para infraestrutura. Quando o Governo anuncia megaplanos e libera
(liberava) algum recurso, as empresas dos setores filiados à entidade alcançam
performance chinesa. Quando esses expedientes oficiais desaparecem, elas criam
cemitérios de máquinas por todo o país. Os PACs – Planos de Aceleração do
Crescimento - e seus derivativos levaram essas empresas do pesadelo ao paraíso.
Mas, também, nos últimos tempos, mostraram o caminho de volta. Até três anos
atrás, quem desejasse conhecer, em nanodetalhes, os trilhões de reais
(publicados nas páginas do Diário Oficial da União e boletins do BNDES, BB,
Caixa etc.) dos contratos dos PACs (concluídos, em andamento, assinados,
iniciados e anunciados por regiões do país etc.), a Sobratema era fonte quase
imbatível – até em embates com o Planalto e Congresso Nacional.
Mudança
Mas, com os apagões dos PACs e cenário atual, a Sobratema dá
sinais de tentativas da busca de algum ensinamento e saída para um descolamento.
Parece buscar alforria contra ilusórios planos de forte apelo político-
eleitoreiro, que não se sustentaram e que, por tabela, se revelaram
fertilizantes para escândalos bilionários como os pinçados nas investigações da
Operação Lava Jato, pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, com
destaque os praticados contra os cofres de empresas do Grupo Petrobras. As
histórias que emergem da operação são bem conhecidas. Mas parece não terem um
fim, pois, a cada semana, exibem capítulos novos para personagens velhos –
alguns em cena desde a república dos pós-ditadura militar (período de 1º de
abril de 1964 a 15 de março de 1985). De tantas andanças como ‘dama de honra’
de políticos empresários e assessores em geral suspeitos, investigados e condenados,
o ‘japa’ da PF deve ter trocado de pares de botinas umas oito vezes, nos
últimos doze meses.
Tecnologia
Diferente do período dos ‘anos dourados’ dos PACs, a
Sobratema agora abandona as estatísticas oficiais. A entidade põe em pauta
“tecnologias e conceitos de equipamentos para compactação”. Esse o
tema do agendado para 6 de abril, em São Paulo. Num olhar para o comportamento
das novidades que chegaram da Ásia no período 2010-15, o “Estudo Sobratema do
Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção” as marcas do outro lado do
mundo impulsionando a comercialização média anual para 1,8 mil compactadores novos,
enquanto 2007 registrara 446 unidades - pouco mais de um quarto. É
por aí que se desenrolará o Sobratema Workshop 2016, cujo tema central,
informa nota assessoria de imprensa da entidade, será “Compactação –
Tecnologias e Conceitos”.
Sustentabilidade
O vice-presidente da Sobratema, Paulo Oscar Auler Neto, na
mesma nota, lança a seguinte leitura para o evento: “Nosso objetivo é prover
conhecimento técnico e mercadológico para engenheiros, profissionais, técnicos
e especialistas de construtoras e locadores e contribuir para a aplicação
assertiva dos equipamentos de acordo com as características de cada obra, a fim
de obter mais produtividade, qualidade, segurança e sustentabilidade”.
Sem crise!
Pelo anunciado do vice, a Sobratema não abrirá espaços para
as mazelas nacionais e suas consequências: recessão econômica (que derruba até
a tecnologia asiática), desemprego em massa, crise de governança e falta de
ética no trato com o dinheiro público (com peso para os tributos),
governabilidade política no limbo etc. É o Brasil de sempre: cada setor
econômico constrói sua bolha – seu casulo –, para não ver ao redor. Mas como
nada é definitivo e falta algum tempo, vale conferir!
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