Enviado por
Nairo Alméri – seg, 18.5.2015 | às 23h47
Na semana
passada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou pesquisa sobre
inovação no Brasil com dado revelador assustador: em 62% das empresas tidas
como inovadoras, os dirigentes apontaram como “baixo” (54%) o grau da inovação ou
“muito baixo” (8%). Pois bem. Nesta (18), em artigo (“Indústria inteligente, a
nova revolução”) para o “Valor Econômico”, o vice-presidente do ASSA, Frederico
Tagliani, alerta que as economias mais competitivas do planeta avançam para
2025 atrás da “Indústria 4.0” ou da “quarta Revolução Industrial”, com a
implantação de “Sistemas Inteligentes de Fabricação”. Em outras palavras é a
corrida pela “Internet das Coisas – IoT”, que, na metade da próxima década
movimentaria US$ 6 trilhões em soluções para as indústrias química, automotiva,
de energia, aeroespacial, infraestrutura, construção civil, transporte,
produtos de consumo etc.
Sempre atrasados
Governos dos Estados Unidos e Alemanha já praticam
políticas para a “Indústria 4.0”. O articulista pergunta: “E a América Latina?”.
E responde: “Mais uma vez é retardatária na revolução global”.
Brasil fora do foco
Olhando as
programações das conferências paralelas à feira da M&T Expo 2015 - 9ª Feira
e Congresso Internacionais de Equipamentos para Construção, de 9 a 11 de junho (evento
tratado no post “Atrás da Agrishow, a M&T Expo”, dia 16), em São Paulo,
chama atenção a total (absoluta) falta de alinhamento (nos títulos) dos itens
programados com as duas realidades citadas acima. Parece até que a indústria
brasileira avança, hoje, sobre 2025 com um rosário de vanguardas em “soluções
inovadoras”. É isso o que sugerem as palestras do 2º Summit Internacional de
Excelência Operacional & Lean Construction. O certame será do Institute for
Operational Excellence Brasil (IOpEx), em parceria com a Sobratema – Associação
Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração -, a organizadora da Expo
M&T.
Ainda no Terceiro Mundo
A programação
do 2º Summit Internacional está longe do radar para 2025. E corre o risco de
não oferecer mais que um desfile pela periferia da inovação do passado. As
temáticas oferecidas reeditam, na inovação tecnológica, um espelho da
geopolítica mundial da década de 1970: países desenvolvidos definindo o consumo
no Terceiro Mundo, ou em “países em desenvolvimento”. Pelo que diz Frederico
Tagliani, em avanços tecnológicos, de fato, o Terceiro Mundo de ontem, com
exceção para três ou quatro nações asiáticas, continua na mesma plataforma.
Mesma "corroça" de 1989
A indústria brasileira, hoje, no
máximo, come, hoje, migalhas do maravilhoso silício, que já inaugurou a porta
de saída da indústria das economias modernas, cedendo espaços à microeletrônica
orgânica impressa e o grafeno. Esta dupla, porém, estará aposentada, também,
até 2025. E, sem políticas para a tal “IoT” e outras fases, a indústria do
Brasil terá, ao certo, mais algumas décadas de “carroça” (Fernando Collor de
Mello, 1989, presidente eleito, ao comparar os carros montados no Brasil com os
do Japão) para trilhar.
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