Brasil é
recordista nas aplicações de veneno pela agricultura
Enviado por
Nairo Alméri – sex, 17.4.2015 | às 23h09
Na semana passada, os laboratórios fabricantes de agrotóxicos
– venenos para matar ervas daninhas, insetos, fungos etc. – nas lavouras,
hortas e pomares foram parar no fio da navalha da opinião pública. O feito veio
da estrondosa denúncia (mais uma) do Instituto Nacional do Câncer (Inca – órgão
do Ministério da Saúde), de que há exageros nas aplicações e aumento nos riscos
de câncer para a população. O desleixo e a ação pífia das autoridades
sanitárias e da saúde públicas deram ao Brasil, em 2009, a triste liderança no
ranking dos países que mais aplicam agrotóxico: acima de 1 milhão de toneladas.
Em recursos financeiros, os gastos do Brasil com esses venenos variaram de US$
2 bilhões em 2001 US$ 2 bilhões, em 2001, para US$ 7 bilhões, em 2008.
O câncer
O Inca solicitou ao Governo federal que adote medidas
para redução nas aplicações de agrotóxicos, como medida por uma redução na
incidência de câncer. O Instituto alerta para outras doenças que a exposição ao
veneno causa (ao aplicador na lavoura) e, ao consumidor, pela presença de resíduos dos
princípios ativos desses produtos nos alimentos. A biomédica Marcia Scarpa, da
unidade técnica de exposição ocupacional e ambiental, identifica dois tipos de
intoxicação pelo agrotóxico: agudo, ligado a sintomas logo após o contato, e
crônico. O segundo é encontrado em indivíduo é exposto a pequenas quantidades
por longos períodos e, como consequência, surgem a redução do sistema
imunológico, desregulação endócrina e no sistema nervoso central – aparece o câncer.
Leia
documento do Inca: “Posicionamento_do_Instituto Nacional do Câncer José Alencar
Gomes da Silva acerca dos agrotoxicos”
OMS – glifosato
Do site Em Pratos Limpos - “Em março, a Agência
Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), da OMS, publicou
a Monografia da Iarc volume 112, na qual, após a avaliação da carcinogenicidade
de cinco ingredientes ativos de agrotóxicos por uma equipe de pesquisadores de
11 países, incluindo o Brasil, classificou o herbicida glifosato e os
inseticidas malationa e diazinona como prováveis agentes carcinogênicos para
humanos (Grupo 2A) e os inseticidas tetraclorvinfós e parationa como possíveis
agentes carcinogênicos para humanos (Grupo 2B). Destaca-se que a malationa, a
diazinona e o glifosato são amplamente usados no Brasil”. Ler tudo
Andef contesta
A entidade representante dos fabricantes dos
agrotóxicos, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), por meio de nota,
contestou o Inca: “1. Em primeiro lugar, é importante uma reflexão, de forma
responsável e sensata, entre aqueles realmente preocupados com a saúde das
pessoas. A começar pelo alerta dramático da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura, FAO: a cada dia, em todo o mundo, cerca de 12 mil
crianças com menos de cinco anos morrem de fome ou por problemas a esta
associados. Não se pode falar em saúde enquanto quase 1 bilhão de pessoas no
planeta enfrentam esse flagelo. Segundo a FAO, o Brasil não está fora do mapa
da miséria: somos cerca de 7 milhões de subnutridos. Apesar desses números,
esta tragédia parece não estar sensibilizando com a devida agudeza parte da
sociedade brasileira”. Leia
tudo
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