quinta-feira, 3 de julho de 2014

Viaduto da Copa, da Fifa e do PT

Com todo repeito, um luto sem luto

Enviado por Nairo Alméri - sex, 03.07.2014 | às 23h42

A Copa do Mundo, em curso, foi anunciada para o Brasil em 2007. Foi esse o tempo que todas as obras projetadas tiveram (ou teriam, em país sério) para serem calculadas, detalhadas, projetadas, licitadas, iniciadas e concluídas. Isso seria o mais normal em país sério, sem politicagens, sem roubalheira, sem demagogias. E com todas as leis funcionando, para todos os cidadãos.
Num país sério, a Copa do Mundo não consumiria as verbas que nunca chegam para as creches públicas, educação, saúde, transporte, moradias dignas, projetos sociais sérios (aqueles que institucionalizam a dependência políticas das esmolas sociais, mas que geram oportunidades de empregos). A Colômbia, que, amanhã (4), enfrentará a seleção de Felipão, em 1982 abriu mão de sediar a Copa de 1986. Além da falta de estruturas e recursos, enfrentava graves problemas, incluindo a violência da guerrilha de esquerda. A violência dos bandidos no Brasil, hoje, causa mais mortes que a guerrilha na Colômbia!
O viaduto que desabou, ontem, em Belo Horizonte, seguia a ritmo de Copa. A ritmo da política que sangrou inúmeras urgências, incluindo as sociais, para criar no país uma falsa atmosfera de realizações. O país, que nada fizera, desde 2007, teve que se render aos cronogramas do governo paralelo Fifa instalado aqui. Vão querer culpar o operário, que tirou o escoramento do monstro de concreto antes da hora. Foi assim, em 1971, na tragédia da Gameleira: 69 mortos. Na pressa pela inauguração, retiram as escoras sem esperar pela "cura" completa da grossa laje.
Com todo o respeito aos mortos e seus parentes, a partir de agora, para todo acidente e ato de violência urbana (incluindo aí as chacinas dos bandidos), dentro de Belo Horizonte, com mais de dois óbitos a Prefeitura terá que decretar luto oficial de três dias e cancelar festividades públicas de seu calendário. Ou o critério do luto só valerá para as fatalidades no período da Copa, mas que tenham algum elo com a Fifa, caso do viaduto "obra da Copa"?!... 
Colocar o nome da empreiteira responsável pela obra, no fundo, é desviar o foco da responsabilidade pública, a principal, em três esferas: Prefeitura de Belo Horizonte, Governo de Minas Gerais e União (Palácio do Planalto). Mas os três órgãos vão, com sucesso, manobrar na mídia, e transferir a fatura para a empreiteira - que também é responsável, claro!
Mas não se pode culpar apenas a Prefeitura de Belo Horizonte, o  fiscal público (ou deveria ser). A obra é para atender a Fifa. As responsabilidades assumidas com a entidade, em 2007, são do Governo federal, inciadas pelo ex-presidente Lula e repassadas à sucessora Dilma Rousseff, do mesmo partido - PT.
Então, com todo o respeito, um luto sem luto. E que não será castigado pela Justiça. Não resultará em cadeia!


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