sábado, 26 de julho de 2014

Papel político do empresariado

Existe, sim, "arma" mais poderosa que o voto

Enviado por Nairo Alméri - sáb, 26.7.2014 | às 17h17 - modificado 29.7.2014, às 21h09
À luz da idoneidade e da Justiça escandinavas, o Brasil seria uma enorme penitenciaria, justificada na plêiade (parece praga eterna) de políticos candidatos, com mandatos e/ou "aposentados" do voto (mas ainda influentes) que administra espólios pessoais (seus, de familiares, de amizades e agregados em múltiplos viéses). Para quem achar nisso exagero, que releia o noticiário dos principais jornais da semana que se encerra hoje, com manchetes para mais um (o quadragésimo) pacote pró-consumo, de R$ 45 bilhões. Outro casuísmo político do Governo Dilma, que não abandona a bússola da cegueira, para não enxergar a caminhada elementar dos países persistentes na superação das crises econômicas: economias que abraçam, no conluio dos agentes democráticos da sociedade, investimentos para respostas perenes. 
Esses remendos políticos do Governo do PT, que tornam o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) misto de cabo eleitoral (puxador de votos pró-releição da candidata do PT) e subprime (nossa hipoteca de alto risco no papel de esteio para políticas estruturais, as longo prazo e sustentam mudanças de resultados medidos), salgarão mais a conta fiscal de 2015, que chegará, irremediavelmente, para todas empresas e pessoas físicas. 
A conjuntura do setor produtivo do Brasil é, há seis (06) trimestres, aquarela real de economia cambaleante. Ela só crescerá acima de 1%, ao final deste exercício fiscal, por imposição divina do Palácio do Planalto, a da manipulação pelo IBGE nas contas externas e estatísticas de preços e inflação oficial, a medida pelo IPCA. Pouco se fala, mas o Brasil tem mais indicadores de inflação (DIEESE, FGV etc.) que a Argentina. A ferida aberta pela desaceleração econômica exibe, hoje, o osso em vários setores da transformação, com linhas de bens de capital fixo em franca obsolescência. Isso tem reflexos danosos ao patrimônio intelectual (empregados) das fábricas. O parque fabril, então, não consegue esboçar reações desejadas de retomada, de curto-médio prazo, para avistar-se o páreo de economias concorrentes. 
Mas o Governo Dilma, sempre, manteve-se fiel à sistemática política partidária, a da publicidade populista. E fica mais intensa agora, na estação do tudo pelos votos dos (ainda) empregados, e também dos desempregados. E o empresariado não entra nessa atmosfera, pela simples convicção (equivocada) de que seria abatido facilmente. Mas, principalmente, não quer correr riscos de ser taxado de eleitoreiro. Mas isso é do jogo democrático. E é exatamente isso que Governo (todos) faz, o tempo todo - do seu 1º de janeiro, de posse, ao 4º 31 de dezembro, de fechamento do mandato. Mas existem governos, como o atual, que só fazem isso. Mais nada!   
Mas ainda, como possível, o empresário sustenta diretrizes de compromissos sociais, ou seja, a sua parte nobre na relação capital-trabalho. Mas, no geral, se comporta como mero observador. Estático. Com algumas exceções, tem sido assim, nestes seis trimestres (18 meses) desastrados para a economia. O lado do capital, de forma expressiva, sustenta muitos elos com a política do Governo, como nos créditos BNDES e de outras agências do fomento. Isso o torna, pelo menos, no sentimento, refém do Planalto. Então, parece prefere ignorar o poder de força (transformador) que tem, permanentemente, em mãos: da sustentação do emprego.  
É falso achar que o voto, nas mãos do empresário, funciona como "arma" eficaz para mudanças. O fisiologismo, na mídia dos partidos e em horários gratuitos da Justiça Eleitoral (o Tribunal Superior Eleitoral, o TSE), hipnotiza e move bem mais. É uma canha, inflamando massas e que, no primeiro trago, agrada a 30% do eleitorado. O refrão ao discurso do "rico contra o pobre", então, é capaz de mover um milhão de muralhas de Jericó sobrepostas.  
As chances que o empresário tem para entrar no coletivo das mudanças são raras. Mesmo assim, prefere não arriscar. O último bonde, o dos jovens do junho de 2013, passou e a nação não pegou carona. Mesmo sozinha, com pouca maturidade, a garotada colocou na Avenida Paulista, o coração paulistano das transformações da América do Sul, catracas das mazelas enraizadas nos Três Poderes da República (Legislativo, Executivo e Judiciário). Sem a sustentação de alicerces da sociedade, foi presa fácil para a reação dos "movimentos sociais" vermelhos, despachados pelo Governo do PT. Os pelotões partidários de catedráticos em distúrbios urbanos agiram como imperadores. Foram vistos nas diversas plagas, quebrando, incendiando, assaltando etc. Entraram no cotidiano do povo ordeiro com passes livres das instituições públicas de segurança de todas as instâncias. 
Não se deve, claro, praticar ingenuidades. Nada indica que o país deixará, num muito breve, de ser uma Arca de Noé dos absurdos, aportada em paraíso de "república de bananas" (nada a ver com o antissocial exibido em estádios de futebol). Seja qual for o resultado das eleições majoritárias de outubro. Prova cabal disso é que o Brasil continua a desfraldar políticas internas e externas de vergonhosos contrastes. Entre elas, a recente trapalhada na diplomacia, além dos banquetes, de estender tapetes vermelhos à inconfundível política de Vladimir Putin, presidente da Rússia, a de restaurar doutrinas do stalinismo (vide os fatos na Ucrânia). Dilma Rousseff assegurou apoio fácil (farto e ilimitado) para seus caprichos, incluído o do expansionismo de influências no Sul da América do Sul.
É lícito ao empresariado agir politicamente para prevenir contra riscos e descaminhos do Brasil. Também fazer suas alianças. Essas são "armas" democráticas para toda sociedade, de forma indistinta. E podem ser usadas em todas as estações do ano, em qualquer ano.


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