Enviado por Nairo
Alméri – qua, 09.4.2014 | às 7h37 - modificado 10.4.2014, às 8h16
“Nós podemos, vamos dizer assim, tapear as obras de modo que
você melhore a operacionalidade sem terminá-las como um todo”. As palavras
saíram da boca do presidente estatal Empresa de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero), Gustavo Vale, tendo a sua direita o ministro da Secretaria de
Aviação Civil, Moreira Franco, o diretor-presidente da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), Marcelo Pacheco dos Guaranys, e o presidente da
concessionária BH Airport, Paulo Rangel. Ao fundo, um enorme painel, com a
frase “Programa de Investimento em Logística”. Situação: entrevista coletiva
após a assinatura do contrato de concessão para explosão pública dos serviços do
aeroporto de Confins, em Confins (MG). O sentido exato das palavras do
presidente da Infraero é: os gastos públicos, de quase R$ 0,5 bilhão, nunca
tiraram as obras do estágio do atraso e, então, para atender a uma suposta
pressão de passageiros, durante o período da Copa do Mundo, o Governo irá “tapear”.
Em todas as frentes as obras estão com cronograma abaixo de 50% e não chegarão
aos 60% durante os jogos das seleções de futebol.
Dilma faz campanha
Um dia antes, a presidente da República, Dilma Rousseff,
passou pelo mesmo local, em campanha eleitoral, e consagrou a “privatização” da
exploração daquele terminal. O palanque montado pela Infraero faz parte do
conjunto “vamos... tapear”.
Empreiteiro, não!
O presidente da Infraero disse uma verdade. O Governo usa sempre
do expediente “tapear” nos gastos públicos. Só não passam por isso o empreiteiro,
pois os contratos asseguram, antes mesmo de colocar o primeiro tijolo, um
reajuste futuro de até 25% nos valores dos contratos, por conta de atrasos e encarecimentos
de insumos e outras variáveis.
Cultura no Planalto
Mas a verdade dita por Gustavo Vale é incompatível com o
exercício da função pública. Na iniciativa privada, os acionistas da empresa o
demitiriam ao término da entrevista. No Japão, estariam na cadeia ele e seus
pares superiores. Mas, aqui, não acontecerá nada, nem com ele nem com Moreira
Franco. Isso porque o Governo Dilma não tem zelo pela coisa pública e perde outra
milésima chance de começar a praticá-lo. A preferência dos inquilinos do
Palácio do Planalto tem sido, em meio século, continuar a “tapear”.
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