Enviado por Nairo Alméri – quin, 27.6.2013
| às 10h06
Admirada por um
passado de resistência contra a ditadura militar (1964-1985) e com uma galeria
de lideranças como os atuais políticos de ideologias opostas José Dirceu (fundador
do PT, ex-deputado e ex-ministro) e José Serra (fundador do PSDB, ex-deputado,
ex-senador, ex-ministro, ex-prefeito paulistano e ex-governador de São Paulo),
a União Nacional dos Estudantes (UNE) perdeu o DNA da liberdade de pensar
política – de pensar uma Nação. Aceitou, desde a abertura do primeiro Governo
do PT, iniciado por Luiz Inácio Lula da Silva, em 1/01/2003, uma
"bolsa" militância cega e de porteira fechada. Depois, assumiu um “PAC”
fisiológico do tudo pelo (e para o) movimento petista.
O comando hegemônico
da UNE é imposto pelos partidos da base aliada de governo criada por Luiz
Inácio Lula da Silva (2003), mantida por Dilma Rousseff. Ela pisa em princípios
básicos da democracia, massacra as ideologias opostas, seguindo mesmo rito da
base parlamentar do Planalto no Congresso Nacional. O pluralismo de ideias,
próprio de quem milita a academia, foi banido do seio da entidade. Há algum
tempo, seus cargos são alvo da cobiça (indireta) de profissionais, atraídos
pelos polpudos recursos que transbordam de seu caixa (receitas próprias e
orçamentos bancados pelo Tesouro Nacional), superior ao de muitas agremiações
políticas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Virou partido virtual.
Deixou de ser um núcleo de jovens que se organizam por ideais comuns à
coletividade.
Para esta
quinta-feira, a UNE programou ir às ruas. Deverá ser empurrada por uma maré de
bandeiras, bonés e camisetas vermelhas. Irá com fardamento de partidos, movimentos
ditos sociais e centrais sindicais de apoio ao Palácio do Planalto. Mas chegará
atrasada, pois os próprios partidos que ela serve, foram encurralados dentro do
Congresso Nacional pelo calor das ruas, levado por uma nova geração, a do
Movimento Passe Livre (MPL).
Nos últimos
tempos, a UNE abriu em suas veias um vertedouro para balcão de escambos e sufoca
os novos movimentos, que surgem independentes nas redes sociais. Os descaminhos
justificam o desprezo a sua bandeira nos protestos de junho. O novo pelotão de
caras mais que pintadas grita por propósitos que engasgam a diretoria da
entidade, pois pedem o fim da corrupção no Governo; devolução da verba pública na
farra bilionária para sediar a Copa 2014, que fez sangrias nos falidos serviços
de necessidades básicas da população; prisão dos condenados no “mensalão”;
reforma política urgente; corte nos salários pagos aos políticos e ministros;
etc.
A UNE não é
identificada com a essência desses protestos democráticos, onde nenhum partido
encontrou janela – todos foram repudiados, assim como as centrais sindicais. A
entidade virou um partido virtual, retroagiu e, por isso, atrapalharia as novas
vozes. Foi descartada.
Mas,
certamente, ela se valerá dos poderes que o Governo aluga. Como as matrizes dos
políticos são as mesmas, em todos os partidos, sobreviverá dentro dos “PACs” do
PT e do partido que vier depois. A UNE age tal qual o extinto PFL, que
negociava o próprio estatuto para continuar no poder. Hoje quem isso faz com maestria
(com raras exceções de nomes) é o PMDB do pós-Ulysses, Guimarães, Tancredo
Neves, Teotônio Brandão Vilela (o "menestrel das Alagoas"), Nelson Carneiro e outros nomes
da vanguarda pela reconstrução da democracia com moralidade pública. A UNE é uma enteada do PAC, que dá Nota Fiscal
com slogan do fisiologismo franciscano, o do “é dando que se recebe!”.
Ônibus da
UNE atrasou! Os passageiros das lutas democráticas já chegaram no front, e começam a vencer a batalha.
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