Enviado por Nairo
Alméri – sex, 21.06.2013 | às 12h40
Durante a
ditadura militar (1964-1985), agentes da repressão (das Forças Armadas,
Policias Civil, Militar e Federal) agiam em duas frentes. Numa, infiltrados nos
movimentos contrários ao regime, que se
manifestavam e lutavam armados pela volta da democracia. Na outra, praticando “atentados
terroristas” contra instituições civis e militares, uma tática para jogar a culpa nos opositores.
Nos últimos anos daquele período, explodiam bancas de jornais, em clara ameaça
aos veículos da imprensa que apoiavam segmentos que pregavam a redemocratização
do país.
Mas, a casa
caiu (não cessaram as práticas de atentados de Estado) em 1º de maio de 1981,
no último governo militar, o do general João Baptista de Figueiredo. A esse
governante coube o papel de realizar a “distensão política”: decretar anistia, assegurar
o retorno de exilados políticos, formação de partidos de todas correntes de
pensamento, primeiras eleições livres, depois de 1965, para governadores e
senadores (em 1982) etc. Os militares saíram do poder porque estavam totalmente
desgastados por terem mergulhado o país em catástrofes social e econômica (o “milagre
brasileiro” afundará nos custos dos seus projetos), por denúncias de corrupção
etc. Eles não contavam mais com apoio integral de políticos e entidades civis
que os ajudaram a aplicar o golpe de Estado.
Na noite da sexta-feira
30 de abril de 1981, um capitão e um sargento do Exército, pertencentes ao antigo Serviço Nacional de Inteligência (SNI - espionagem das três forças militares) e
ao Centro de Inteligência do Exército (CIE), deixaram uma bomba (falou-se em
bombas) explodir dentro do Puma em que se encontravam. Estavam no
estacionamento do Riocentro, na Barra da Tijuca, no Rio. Eles representavam
áreas do Exército que não concordavam com a volta dos civis ao poder. O
sargento Guilherme Pereira do Rosário morreu dentro carro. O capitão Wilson
Dias Machado foi socorrido dentro Puma, sobreviveu, atingiu a patente de oficial
superior e foi professor no Colégio Militar.
Naquela
noite, no Riocentro, era realizado um grande show musical, pelo Dia do Trabalho.
Participavam consagrados compositores e intérpretes engajados na oposição
política como Chico Buarque, Gonzaguinha, Beth Carvalho, Djavan, Paulinho da
Viola, Gal Costa, Fagner, Ney Matogrosso, João Bosco, João Nogueira, MPB4,
Francis Hime, Alceu Valença e Ivan Lins. Tinha alguns milhares de pessoas
presentes. O atentado frustrado tinha o propósito de provocar muitas mortes,
pânico e prisões aleatórias de “culpados”. Atenderia ao fortalecimento de núcleos
radicais contrários à “distensão política”.
Hoje, os recursos
dos centros de espionagem e inteligência das forças de segurança sob responsabilidade
dos Estados e do Governo federal são infinitamente superiores (em profissionais,
equipamentos rastreadores etc.) aos dos tempos do regime de opressão, encerrado
em 1985. Então, é de se imaginar que a sociedade faça, neste momento, várias perguntas
à presidente Dilma, ministros de Estado e governadores. Do tipo:
- A quem
interessaria mais uma semana de baderna e vandalismos noturnos (a noite
facilita ações criminosas, dificulta ação rápida da Polícia e o registro mais
apurado pela mídia) indiscriminados?
- Apenas o Governo
do PT, que vinha com a presidente Dilma em queda livre de popularidade e descontrole
na política econômica, sairá perdendo com os episódios deste fim de outono?
- A oposição,
que, em tese, se favoreceria com o fim do movimento no instante em que as prefeituras
do Rio e São Paulo decidiram baixar as tarifas de ônibus, metrô e trens, como
fica com a continuidade da baderna?
- O porquê de
a Polícia Federal, cuja massa cinzenta (capacidade raciocínio e operação tática)
supera toda a inteligência das Forças Armadas juntas, não apontar publicamente,
até agora, onde operam os núcleos do vandalismo e de não ter, também, agido (ou revelado que agiu) para neutralizá-los?
- Repetir não
será exagero: a quem interessa esticar esse forró dos vândalos e quem são eles?
Enviado por Nairo Alméri – sex,
21.6.2013 – às 12h40 - última alteração, 22.6.2013 | às 11h22
Por
Nelson Tucci – 21.6.2013 – blog nelsontucci
Geeeeeeenteee... o que tem de sociologia de
botequim no Facebook é brincadeira! Leia Mais
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