quarta-feira, 17 de abril de 2019

VALE “ABANDONA” TRAGÉDIA


O prefeito de Brumadinho fez a denúncia, ontem, em Audiência Pública na Câmara de Vereadores


Enviado por Nairo Alméri – qua, 17.4.2019 | às 16h06
BRUMADINHO (MG) – “A Vale está toda (assistência) indo embora”... “A @Vale já está abandonando todo mundo”. As duas falas foram parte da reação do prefeito Municipal de @Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos (PV), o “Nenen da @ASA”, após ouvir, por quase duas horas, queixas e críticas generalizadas de representantes de entidades comunitárias e parentes das vítimas da tragédia causada pelo rompimento de barragens de rejeito de minério da Mina Córrego do Feijão, da Vale S/A, em 25 de janeiro. O rompimento foi no arraial do Córrego do Feijão e causou mais de 220 mortos e acima de 60 desaparecidos.

VALE AUSENTE

O prefeito Nenen da ASA (é dono da Faculdade ASA) tem sido diariamente atacado, nestes 90 dias, acusado de ineficiência diante dos fatos e, até mesmo, de agir pelos interesses da mineradora. A reação dele foi durante a 1ª Audiência Pública de 2019 – Impactos do Rompimento da Barragem da Vale, da @Câmara Municipal. A Vale não designou representante para audiência, que foi uma solicitação popular e teve duração de quase três horas. Participaram promotores do Ministério Público de Minas Gerais e do Ministério Público do Trabalho (MPT), representantes de deputado e de mais de uma dezena de entidades comunitárias e movimentos.

NA CONTA DO MUNICÍPIO

“Quanto à assistência da Vale, gente, ela deu toda assistência, todo momento, para as pessoas, para as famílias. No início. Sabe o que está acontecendo hoje? (...) A Vale está toda indo embora”, afirmou o prefeito. A Prefeitura, afirmou, agora reassumiu todos os gastos. “Ela (a Prefeitura) é que está gastando o dinheiro dela com remédio, com assistência, com tudo mais é nosso (o dinheiro). Então, nós estamos sendo abandonados já. A Vale já está abandonando todo mundo”, frisou Nenen da ASA.

ESTRADA ARRISCADA

Protesto recorrente da população rural e dos distritos que concentram condomínios fechados horizontais é contra dificuldade de acesso à sede do município, o segundo maior da Região Metropolitana de Belo Horizonte em área. Para chegar até à ponte construída no local onde a lama de minério da Vale destruiu trecho da estrada (a poucos metros do Rio Paraopeba), as populações de Casa Branca (concentração dos condomínios), Córrego do Feijão e localidades de Cantagalo e José de Melo precisam transitar uma estrada de terra alternativa que apresenta atoleiros com as chuvas. Além disso, um trecho 2 quilômetros permite passagem para apenas um veículo de passeio. Mas nela transitam caminhões, carretas, máquinas pesadas e ônibus.

FIM DO ÔNIBUS DA VALE

Nestes dias, as queixas ganharam um reforço: a Vale iria suspender, a partir de hoje, a circulação dos ônibus contratados por ela para ligar várias localidades (algumas distantes até 25 km) com a sede. Os coletivos, até a construção da ponte, concluída há poucos dias, trafegavam por dentro da área industrial da Mina Córrego do Feijão, passando a poucos metros de onde ficava a barragem principal que se rompeu, a B1, e com vista de quase 100% da destruição, numa extensão de 10 km. O próprio prefeito deu a notícia na Audiência Pública. Disse ter sido indagado por populares se sabia da decisão da mineradora. “(Você sabia que os ônibus) que estavam rodando lá (no Córrego do Feijão), amanhã (hoje) é o último dia?”, contou. 

PAGANDO E COM RISCOS

Ou seja, retornaria o serviço à empresa concessionária, com menos horários e passagens pagas e transitando por estrada improvisada, precária (muitas curvas, estreita e subidas) e riscos de acidentes (há registros de colisões frontais e na traseira). O prefeito repetiu o protesto da população afetada, de que a Vale deveria esperar, ao menos, pela conclusão da estrada que substituirá a antiga.

QUER REUNIR MAIS

Até agora, a gente não ganhou nada da Vale”, resumiu o prefeito, para, em seguida, a nunciar que hoje instruiria os secretários de Brumadinho a marcarem reuniões a cada sete dias com representantes da Vale, para discutir os problemas do município a partir da tragédia e a participação financeira da empresa nas soluções. O prefeito sabe que a mineradora é quem determina quando, onde e com quem seus representantes se reúnem. Tanto que não compareceram à Audiência Pública, que teve 1.600 acessos durante a transmissão via web. O Edital da audiência pública foi divulgado dia 19 de março. 

AUDIÊNCIA FUGIU DO TEMA

A Audiência Pública não marcou posição significativa no cumprimento da pauta, ou seja, em defesa dos interesses das vítimas, apesar da advertência inicial do presidente d Câmara, vereador Antônio Sérgio Vieira (PV), de que não seria permitido desvirtuamento do tema, e que a gravação seria encaminhada e encaminhada ao Ministério Público. Teve muita propaganda de movimentos, referências exaltadas a procedimentos implantados etc. Muitas intervenções diziam respeito à gestão municipal em situação anterior a 25 de janeiro, como Plano Diretor, Lei Orçamentária etc. Houve até quem se apresentasse como pessoa “qualificada” para ser contratada a prestar serviço assistencial às vítimas e familiares da tragédia, desde que “com salário digno”.

CAPITALIZOU 

O próprio prefeito tirou partido do desvirtuamento da Audiência Pública. Comentou que estava respondendo “apesar disso não ser assunto de pauta aqui, hoje. O assunto de pauta é sobre as vítimas. Mas eu tenho que responder até para a população saber o que está acontecendo dentro da cidade”, ponderou.

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terça-feira, 16 de abril de 2019

HÁ 40 ANOS, NO “JB” E MINAS

"ITABIRA - A cidade assassinada pela extração do minério"

Enviado por Nairo Alméri - ter, 16.4.2019 | às 16h17


HÁ 40 ANOS, NO DIA DE HOJE - Em 16.4.1979, há 40 anos, publiquei minha primeira reportagem no "Jornal do Brasil", página inteira da Capa do Caderno B: "ITABIRA - A cidade assassinada pela extração do minério". Foi um frila, com fotos do Waldemar Sabino, o "Mazico", pela Sucursal de Belo Horizonte, enquanto aguardava a nomeação para uma vaga na assessoria de imprensa da Vale. A mineradora exibiu o cartão vermelho. O JB, um verde. Fiquei por Minas, com duas passagens pelo jornal - 1979 e 1981-92; TV Globo, Rádio Alvorada, Sebrae-MG, TV Band, Crea-MG, Fiemg (duas vezes), Hoje em Dia (16 anos), Veja etc. LER NO LINK


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Professor Aristóteles, N.1 do BDMG

Morre o funcionário Número 1 do BDMG

Enviado por Nairo Alméri - ter, 16.4.2019 | às 16h01

Uma notícia triste. Na manhã desta terça-feira (16.4.2019), aos 97 anos, em Belo Horizonte, faleceu o professor Aristóteles de Faria Filho – professor de ensino Médio, administrador de empresa e advogado. Natural de Patrocínio e educado por 20 padres holandeses, entre eles o Padre Eustáquio, foi o organizador e criador da estrutura do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, onde figura nos memoriais como funcionário Nº 1. Moramos em mesmo prédio, somos amigos há mais de 20 anos. A pedido, fiz anotações de lembranças da sua infância, da juventude, das frentes de trabalho implantando serviço de telecomunicação por rádio entre Belo Horizonte e Rio, da vida no BDMG (onde criou a biblioteca e dá nome a uma sala especial) e viagens por Minas e Brasil vistoriando projetos da carteira do banco. Com enorme vocação para o ensino, desde os 7 anos de idade, alfabetizava empregados da fazenda do pai. Como ginasiano, no colégio dos padres holandeses, dava aulas no Científico. Aos 91, alfabetizava uma diarista, e ensinava francês à enfermeira, que optará por esse idioma em prova de concurso público. Gostava de treinar traduções: do Espanhol para Inglês (ou sueco etc.), depois, o reverso até o Português. Pouco antes dos 90 anos, ia sozinho a um curso de idiomas aprender um dialeto da China. Era um ateu que entendia do Vaticano em detalhes. As longas e saborosas prosas com ele tinham o propósito da coleta de material para o livro que dedicou à esposa, Dona Amélia de Oliveira Faria, falecida em janeiro de 2013, pouco antes de completar 90 anos: “Memórias de Dona Amélia e Sua Irmã Deuzita”. Fui coautor no livro (outubro 2013 – de circulação restrita). Continuo (com conhecimento dos filhos) depositário de manuscritos (cujos garranchos só eu interpreto) das memórias do Professor Aristóteles. Deixa filhos netos e bisnetos. O sepultamento será daqui a pouco, às 17h, no Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte.

http://www.mercadocomum.com/site/artigo/detalhar/bdmg_50_anos/materias-publicadas

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